A nossa inaptidão gerencial de estatais é crônica. Este é um dos motivos que as privatizações têm ganhado adeptos em todo o Brasil. É certo que muitos países se livraram de empresas estatais ineficientes em todo o mundo, como na Inglaterra onde se privatizou quase tudo na década de 80 do século passada, sob a batuta da Primeira Ministra Margaret Thatcher. Por aqui esta onda se ensaia – vai e volta – e parece que ganha corpo na atual administração.
Este último acontecimento demonstra que não somos sequer capazes de fiscalizar as empresas estatais que foram vendidas para a iniciativa privada. É a falta de fiscalização que nos remete a repetidas tragédias: Mariana e Brumadinho. Enfim, o Brasil é uma tragédia anunciada!
Uma tonelada de minério de ferro é exportada a pouco mais U$ 70,00 e deixa por aqui um rastro de destruição ambiental e tragédia como última. O que dar para comprar com este valor? Quantas toneladas de minério de ferro tem-se que produzir para amealhar uns tostões e enxugar as lágrimas de insistentes tragédias?
Estufa-se o peito para dizer que somos o celeiro do mundo. A que custos? O meio ambiente se ressente pela aplicação indiscriminada de defensivos agrícolas nas lavouras. As florestas estão sendo extintas pelo descaso e pela fúria da produção exagerada de grãos (soja) para ser exportado a U$ 400,00 a tonelada. As Reservas Indígenas e Quilombolas entraram agora nesta macabra estatística. As estradas e ferrovias estão em precárias condições pelo peso da exportação de produtos primários.
Insistimos neste tema, já abordado em outro artigo: Até quando seremos vítimas da nossa incúria e da nossa incompetência? Até quando esta cruel cegueira nos impedirá de industrializar os nossos produtos primários? E quando teremos acesso as tecnologias de ponta para pôr um ponto final nesta nossa eterna vocação de subserviência?
Quantas são as nossas tragédias?
Renato Gomes Nery é advogado em Cuiabá
rgnery@terra.com.br