Sites e redes sociais dão conta de que o desembargador Marcos Machado, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, deverá homologar uma delação premiada do ex-mandachuva na Assembleia Legislativa por 20 anos, José Riva, que numa bandeja entragaria 38 deputados estaduais e ex-deputados estaduais, além de magistrados e os ex-governadores Dante de Oliveira (já falecido), Blairo Maggi e Silval Barbosa.
O noticiário se fecha sobre Riva e a classe política genericamente, mas não bota o dedo nas figuras poderosas relacionadas por Riva e que exercem cargos ou estão de olho em disputas eleitorais.
A lista de Riva tem mortos e personagens da arraia-miúda política, que em determinado momento viveram o esplendor do poder. Mas, também é recheada por figuras que deveriam ser afastadas de suas funções – em caso de homologação pelo desembargador, observado e amparado pelo direito ao foro privilegiado. Isso, sem prejuízo de ações partidárias internas, em nome da moralidade, exorcizando filiados delatados e que mesmo assim estão em cena à espera de disputa eleitoral, sobretudo na eleição suplementar ao Senado, marcada par 26 de abril.
Deixando de lados os mortos e a arraia-miúda, a lista de Riva aponta pagamento de mensalinho por ele aos seguintes figurões:
Guilherme Maluf, então deputado estadual e agora presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE):
Sérgio Ricardo, então deputado estadual e agora conselheiro afastado judicialmente do TCE desde 2017;
Alexandre Cesar, então deputado estadual e à época procurador do Estado, licenciado, função que ora exerce;
Dilmar Dal’Bosco (DEM), Carlos Avallone (PSDB), Nininho (PSD), Sebastião Rezende (PHS) e Romoaldo Júnior (MDB), deputados estaduais. Dilmar é pré-candidato ao Senado;
Emanuel Pinheiro (MDB), à época deputado estadual e agora prefeito de Cuiabá;
Walace Guimarães (PV) à época deputado estadual e agora pré-candidato a prefeito de Várzea Grande, município do qual foi prefeito;
Teté Bezerra (MDB), à época deputada estadual e agora pré-candidata ao Senado.
Dentre o que chamamos de arraia-miúda há nomes que figuravam entre os mais importantes nos meios políticos mato-grossenses, a exemplo do ex-governador e ex-presidente da Assembleia Legislativa, Silval Barbosa; Humberto Bosaipo, ex-presidente da Assembleia e agora conselheiro precocemente aposentado do TCE; Riva, o mandachuva que virou delator; Ezequiel Fonseca, que foi prefeito de Reserva do Cabaçal, presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), deputado estadual e deputado federal; Chico Galindo, que foi deputado estadual, vice e prefeito de Cuiabá; e Luciane Bezerra, que foi deputada estadual e prefeita de Juara.
Que em nome da boa aplicação da lei em sua amplitude Marcos Machado homologue a delação, e que o Tribunal de Justiça busque no universo de sua competência – e os tribunais superiores e o Supremo Tribunal Federal, também, se o caso chegar a eles – e nos labirintos da legislação o antídoto contra tais figuras delatadas e as afaste da vida pública, até que sentença com trânsito e julgado restabeleça (ou crie conduta de moralidade) nesta Terra de Rondon tão aviltada pela deteriorização da classe política, salvo uma ou outra exceção.
- Eduardo Gomes – Editor de blogdoeduardogomes
- FOTOS:
- 1, 2, 4 e 6 – Site público da Assembleia Legislativa
- 3 – Flicker de campanha Walace para prefeito
- 5 – www.ofactual.com.br
- 7 – Arquivo blogdoeduardogomes