A dona dos céus e a beleza na Terra

Eduardo Gomes

@andradeeduardogomes

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Ao manche de um bimotor, ao final da tarde, procedente da fazenda Taiamã, no Pantanal, a comandante Dagmar Parini aterrissava no Aeroporto José Salmen Hanze, onde a rua Fernando Corrêa da Costa é engolida pela BR-364/163. Com o marido e também piloto Giuseppe Parini, fazia compras no comércio, ia ao banco e aguardava para assistir um filme no Cine Teatro Ype, que nós chamávamos de Poeirinha.

Ao término da sessão, de táxi, o casal Parini ia para o aeroporto, onde o taxista iluminava a decolagem da comandante Dagmar, pois à época a pista não era pavimentada e muito menos homologada para voo noturno.

Às cegas e por conhecer a região, ela voava para Taiamã, onde funcionários aguardavam o momento de acenderem os faróis de camionetes e tratores para o pouso da patroa. Senhora absoluta nos ares. Perfeita ao manche. Muitos foram os voos na escuridão da noite, mas sem nenhum acidente ou incidente.

Reconhecendo o pioneirismo da comandante Dagmar na aviação brasileira, uma vez que em 1971 a mesma foi uma das primeiras mulheres brevetadas no país, o então vereador Orestes Miraglia propôs e a Câmara Municipal deu seu nome ao saguão de espera do Aeroporto Maestro Marinho Franco, que desde então passou a se chamar Dagmar Parini.

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Rondonópolis tem seus encantos e um quê de fraternidade. Mais de duas décadas depois do brevê da comandante Dagmar, seus netos Andreas e Sophia, treinaram judô no tatame do sensei Manao Ninomiya com os meus filhos Agenor e Luiz Eduardo. O pai de Sophia e Andreas é Alexander Estermann, casado com Francesca, filha do casal Parini. As crianças nos aproximaram.

Giuseppe era gerente da fazenda Taiamã, no Pantanal, e de propriedade do herdeiro da montadora Lancia, o engenheiro automotivo e entusiasta com corridas de automóveis, Giovanni Lancia ou simplesmente Gianni.

Simplesmente Jacqueline Sassard

O magnata italiano que respondia pela Lancia, uma das marcas mais nobres de carros de competição e esportivos, Gianni foi casado com a linda atriz francesa Jacqueline Sassard e a fazenda Taiamã era um dos seus negócios no Brasil.

Jacqueline foi um espetáculo à parte aos olhos rondonopolitanos. A Diva sabia o caminho certo ao Armazém Patureba, onde as grandes fazendas do Pantanal, no entorno da cidade, se abasteciam fiado, na caderneta. Enquanto o capataz separava as compras ela ia com sua camionete Toyota Bandeirante até o Bar do David, e num ambiente exclusivamente masculino ocupava uma mesa e pedia um Martini com pastel de “palmitô”.

Jacqueline Sassard era o rosto mais bonito e o perfume mais excitante nas ruas pouco movimentadas da cidade. Rondonópolis rendia-se à sua beleza.

Patureba é o apelido do mineiro de Patos de Minas, Jairo Antônio da Cruz, e seu armazém funcionava na avenida Presidente Kennedy. O Bar do David mantinha as portas abertas na nobre esquina da avenida Amazonas com a rua 13 de Maio e seu proprietário era o comerciante David Soares da Silva, nascido em Alto Garças e de saudosa memória.

Infografia:

Marco Antônio Raimundo

Fotos: 1 –

Álbum de Família

2 – AFP