31 – AGRO – Luta contra aftosa é antecipada com reportagem

A vacinação
Maior rebanho bovino nacional e grande exportador de carne. Assim é Mato Grosso. Para alcançar essas posições sua pecuária teve que vencer a febre aftosa. A luta contra essa doença foi antecipada graças ao noticiário em 1994 sobre a existência de um foco de aftosa em Rondonópolis ao lado da Exposul, a principal exposição mato-grossense e vitrine do agronegócio estadual

 

Até meados da década de 1990 a pecuária mato-grossense enfrentou o problema da aftosa, que sempre era abordada em rodas de prosa, mas quase nunca focalizada pela mídia. Em 1994, um foco da doença foi notificado numa propriedade em Rondonópolis,  próxima à Exposul (maior exposição agropecuária de Mato Grosso)) que seria realizada dentro de poucos dias. à época eu respondia pela sucursal do jornal Diário de Cuiabá naquela cidade. Tomando conhecimento do fato procurei o Sindicato Rural – promotor da Exposul – que não quis se manifestar. Enviei matéria que ganhou manchete, notas e um charge. Foi um Deus nos acuda.

Livre da aftosa

A Expsoul ficou na mira dos olhos da pecuária nacional. Se a aftosa ronda a grande feira agropecuária mato-grossense, como estaria a situação nas invernadas? Esse questionamento ditava o tom da conversa entre pecuaristas e outros elos da grande cadeia do agro.

Diante do material do jornal a Delegacia do Ministério da Agricultura em Mato Grosso pediu o cancelamento da Exposul. O Instituto de Defesa Agropecuária  (Indea) é vinculado à Secretaria de Agricultura (nomenclatura da época). O secretário daquela Pasta, Aréssio Paquer queria se lançar candidato a deputado federal (e o fez)  e para não perder apoio determinou ao veterinário Paulo Bilego, presidente do Indea, que a Exposul fosse realizada, mas sob cuidados sanitários especiais.

Dentre as medidas adotadas para a Exposul, o reforço da vacinação dos animais, proibição dos leilões a campo e da tradicional cavalgada que percorre ruas da cidade na abertura da feira etc.

Houve muita pressão por parte de sindicalistas rurais para que o jornal se retratasse. Alguns criaram animosidade comigo. a linha editorial foi mantida, e ela, sem dúvida, antecipou a deflagração da luta pela erradicação da febre aftosa.

Livre da aftosa a carne mato-grossense ganhou o mundo e virou item importante da pauta de exportação mato-grossense.

DATA – Mato Grosso tem razão de sobra pra comemorar o dia 16 de janeiro. Foi nessa data, em 1996, o último foco de febre aftosa em suas invernadas, o que marcou o começo do tempo de plena sanidade animal bovina longe do fantasma daquela doença que tem forte apelo econõmico.

Transcorridos 23 anos sem notificação de foco de aftosa, Mato Grosso ocupa lugar de destaque na pecuária mundial. Suas plantas frigoríficas abateram 5,4 milhões de cabeças bovinas em 2018 e exportaram 301 mil 538 toneladas  de carne de toda natureza, que corresponderam a 18,4% da exportação nacional o que conferiu a economia pecuária mato-grossense a condição de segunda maior exportadora do Brasil

Um rebanho com mais de 30 milhões de cabeças de mamando a caducando pasta em invernadas e recebe trato em confinamentos nos 141 municípios. Em Mato Grosso a pecuária bovina é a segunda maior atividade da cadeia do agro perdendo somente para a soja.

Desde o último foco – clínico e sem comprovação laboratorial – que foi notificado no município de Terra Nova do Norte, Mato Grosso superou o tempo em que o pecuarista derramava querosene no cangote do animal imaginando que aquilo o livraria da aftosa e do temível gabarro. A pecuária avançou em conceitos. Encolheu o tempo de abate. Melhorou o aproveitamento de carcaça. Aumentou a média da produção de leite. Expandiu a agroindústria do setor com o surgimento de curtumes, e laticínios. Diversificou a produção de lácteos. Modernizou a frota transportadora. Aprimorou genética. Consolidou a comercialização por meio de leiloeiras que operam presencial e virtualmente. Recuperou áreas degradadas. Enfim, deu nova roupagem a atividade mais capilarizada no Brasil.

O grande responsável pela conquista da sanidade animal é o pecuarista, que cumpre seu dever aplicando as doses recomendadas.O Ministério da Agricultura e o Indea exercem importante papel na condução da política sanitária animal. Mas, à frente da luta contra a aftosa se destacaram lideranças ruralistas, veterinários, políticos e empresários dos elos da cadeia pecuária. Dentre eles, Zeca D’ÁVila, Wilmar Peres de Farias, Pedro Paulo Andrade, Alzira Catunda, Ênio Arruda, Décio Cutinho, Leonir Ruggeri,  Zelito Dorileo, Manequinho Albernaz, Luiz Carlos Meister, Luiz de Freitas, Luiz Elias Abdala, Dankmar Gunther, Kleiber Leite Pereira, José Lino Cabeção, José Almir da Silva, Paulo Garcia Nanô, Otaciano Alves, Adolpho Tadeu, José de Souza, Jorge Eduardo Raposo, Afrânio Santana, Miguel Chama, Fernando Tulha, Laércio Fassoni,  Antônio Carlos Carvalho, José Teixeira (Zé da Guará), Manoel Paulino, Ademar de Matos Silva (Ademar Brucelose), Luiz Felippe, Jorge Pires, Duílio Mayolino Filho, Maurício Tonhá, Mário Bagini, Paulo Bilego, Mário Cezar Barbosa, José Ribeiro, Vasco Mil Homens Arantes Filho, Arésio Paquer, Érico PIana, Heitor Davi, Édson Andrade e outros.

Eduardo Gomes – blogdoeduardogomes

FOTOS:

1 – Governo de Mato Grosso

2 – Arquivo Estância Bahia Leilões em Água Boa

 

 

manchete