Luzia Nunes Brandão (SD) é a nova prefeita de Ribeirão Cascalheira. No domingo, 7, Luzia venceu a eleição suplementar com 2.274 votos numa chapa que se completava com o vice Antônio de Morais Pinto Júnior. O segundo colocado foi Wiser Barbosa Moura (MDB), que cravou 1988 encabeçando uma chapa com o vice Altamiro Schneider, o Nego Xinai (PSB). É a segunda prefeita do município.
Luzia presidia a Câmara (eleita em 2016 com 249 votos) e ocupou o cargo de prefeita com a cassação do prefeito Reynaldo Fonrsca Diniz (PR) e de seu vice Gleison Oliveira, também republicano, por crimes de abuso de poder político e de poder político na campanha eleitoral de 2016. À época Reinaldo era prefeito e a Secretaria de Saúde do município realizou 460 exames oftalmológicos em eleitores e seus parentes, em troca de votos. Por esse crime prefeito e vice foram cassados e o secretário de Saúde, José Barros Lima sofreu condenação.
A eleição suplementar realizada dois anos e três meses após a posse de Reynaldo e Gleison é decorrente da morosidade da Justiça Eleitral, uma vez que os crimes foram praticados antes do pleito de 2016. O entra e sai de prefeito ao longo do mesmo mandato é extremamente nocivo à administração, além do custo financeiro da eleição, que em Ribeirão Cascalheira é coordenada pela Zona Eleitoral de Canarana.
REYNALDO – O ex-prefeito Reynaldo era vice-prefeito e chegou ao cargo em 2013, com a morte da prefeita Patrícia Fernandes. Em 2016 venceu o pleito e se manteve na prefeitura ao vencer Wiser, que acaba de ser derrotado por Luzia – Reynaldo recebeu 2.635 votos e Wiser 2.358.
Prefeitos morrem
Ribeirão Cascalheira é um município novo. Foi criado em 3 de maio de 1988 pelo governador Carlos Bezerra ao sancionar uma lei de autoria das bancadas do PSD e PMDB. Sua trajetória institucional é marcada por mortes de prefeitos.
A prefeita Patrícia Fernandes de Oliveira, a Patrícia Vilela (PMDB) morreu em 28 de março de 2013, na colisão de uma camionete da prefeitura, na qual viajava de sua cidade para Goiânia. No acidente, na G0-060, município de Arenópolis, também morreu seu marido, Maurílio Vilela e uma ocupante do carro com o qual seu veículo colidiu.
Patrícia foi eleita em 2012, com 2.519 votos (50,64%), numa chapa com o vicê Reynaldo Fonseca Diniz (PSB), que assumiu a prefeitura. O segundo colocado na vitação foi Adário Carneiro Filho (PSD), que recebeu 2.455 votos (49,36%).
Em 2016 Reynaldo foi eleito prefeito com 2.635 votos (52.77%), pelo PR
Adário Carneiro Filho, ex-prefeito, foi assassinado a tiros quando estacionava sua camionete ao lado do Fórum daquela cidade.
O crime aconteceu na manhã da sexta-feira, 11 de setembro de 2015 e continua impune
Adario chegou à prefeitura em eleição suplementar disputada em 2010; recebeu 60,21% dos votos e venceu Antonio de Morais Pinto Júnior, do PP. Antônio acaba de ser eleito vice-prefeito de Luzia.
O assassinato de Adario permanece como grande desafio à polícia. Esse crime está na relação daqueles que não foram descobertos pelas investigações.
Elizeu dos Santos Neto, ex-prefeito de Ribeirão Cascalheira, morreu na segunda-feira, 30 de abril do ano passado. Seu corpo foi sepultado no Cemitério Ribeirão Bonito, naquela cidade.
O ex-prefeito Elizeu morreu em um hospital nessa capital, vítima de falência múltipla de órgãos decorrente de uma cirurgia bariátrica a que se submeteu. Antes de ser hospitalizado em Cuiabá recebeu atendimento no Hospital Regional Paulo Alemão, em Água Boa.
Prefeito em dois mandatos pelo antigo PMDB em 1988 e 1996, Elizeu também foi vice-prefeito do município.
O MUNICÍPIO – Ribeirão Cascalheira, no Vale do Araguaia, tem 10.081 habitantes.
O município enfrenta graves problemas agrários por falta de regularização fundiária. A cidade é divida ao meio pela rodovia BR-158, que é pavimentada até Barra do Garças – o polo da região – distante 400 quilômetros.
O assassinato de um sacerdote tornou Ribeirão Cascalheira conhecida nacionalmente. Em 11 de outubro de 1976, dom Pedro Casaldáliga, então bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia (hoje bispo emérito), acompanhado pelo padre João Bosco Penido Burnier, se encontrava na vila que mais tarde seria a cidade de Ribeirão Cascalheira, onde ficou sabendo que policiais estariam torturando uma senhora parente de um homem acusado de crime, para que denunciasse onde o mesmo se encontrava. Burnier tomou as dores da vítima e foi à delegacia. Diante do que viu, o sacerdote mandou que soltassem a mulher e ameaçou denunciar os torturadores aos seus superiores.
A reação de um dos policiais à ameaça de Burnier foi brutal. Disparou ferindo-o mortalmente. O sacerdote foi removido de avião para Goiânia, mas não resistiu e morreu no dia seguinte.
Redação
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