Gestão temerária na Desenvolve MT pode levar governadores pra trás das grades

Caixa Preta que esconde uma vergonhosa gestão temerária e se arrasta do governo de Silval Barbosa (2010/14) a Mauro Mendes passando por Pedro Taques (2015/18). Assim é a agência de fomento Desenvolve Mato Grosso (Desenvolve MT), que no período estaria acumulando recorrentes prejuízos, não cumprindo sua finalidade e, pior, sem que seus acionistas minoritários tenham conhecimento do que se passa. Essa situação poderá levar pra trás das grades Silval, Taques, Mauro, o presidente da agência, o presidente de seu Conselho Administrativo e seu responsável contábil . Quem faz a denúncia e alerta sobre prisões é Éder Moraes, fundador, primeiro presidente e acionista da MT Fomento, que em dezembro de 2016 foi rebatizada Desenvolve MT por Taques.

Éder observa que nesta semana o governador enviou um projeto de reforma administrativa à Assembleia Legislativa, que dentre outras proposta pede a extinção da Desenvolve MT. O principal argumento para a extinção é a falta de lucratividade da agência. A decisão de Mauro foi intempestiva, avalia Éder, observando que antes de qualquer tomada de posicionamento (de Mauro) o governo teria que se reunir com a diretoria em sua abrangência, o Conselho Administrativo, os acionistas minoritários e o responsável contábil da Desenvolve MT, para uma detalhada prestação de contas e para ouvi-los. Por se tratar de uma agência de fomento e mesmo não sendo instituição bancária, seu regramento é feito pelo Banco Central, Comissão de Valores Mobiliários e o Conselho de Atividades Financeiras (Coaf). “Há dinheiro federal dentro da agência;há dinheiro público lá; e isso pode complicar para os ex e o governador. Ela está à beira do abismo. É preciso uma CPI; é preciso fóruns de discussões. Ela está mergulhando num abismo sem saida”, avalia. Para ele, somente a exposição das entranhas da agência, com a abertura de seus balanços e cruzamentos de toda sua mecânica operacional será possível saber o que acontece.

A falta de lucratividade alegada por Mauro é questionada por Éder, Quando presidiu a agência – revela – “criei o MT Fomento Card”, que garante lucro mensal de R$ 700 mil à agência. “Que buraco negro é esse do prejuízo alegado?“, questiona.  Mais: em tom crítico, denuncia, “os balanços da Desenvolve MT estão maquiados e ao longo do governo Taques ela ficou ao largo de qualquer boa gestão, portanto teve gestão temerária. Esse é o entendimento de Éder, que fundou e presidiu a MT Fomento”, resume.

A proposta de extinção da Desenvolve MT ganha ainda mais gravidade, porque tal fato poderá acobertar o desvio de atividade para a qual ela foi criada, ou seja, fomentar o pequeno, já que teria passado a exercer atividade de risco (financeiro) que nada tem a ver com sua função social. Segundo Éder, a agência teria acumulado prejuízos seguidamente há mais de cinco anos, sendo que nenhuma instituição financeira acumula prejuízos financeiros anuais da forma que a Desenvolve MT acumulou e, “isso se deve exclusivamente à falta de experiência”, ironiza.

O acúmulo de prejuízo, nunca revelado pelos sucessivos governos – avalia Éder – pode originar das mais diversas causas, mas principalmente pela falta de gestão e de profissionalismo na administração da Desenvolve MT. Acionistas da agência de fomento podem recorrer à Justiça cobrando prestação de contas e questionando a decisão isolada de Mauro em mandar baixar suas portas.

“Se você perguntar a 50 mil pessoas se elas sabem onde atua a Desenvolve MT ninguém saberá responder”, ironiza Éder. Segundo ele, quando de sua criação, com o antigo nome de MT Fomento, a agência era versátil. Tanto fomentava a atividade do sapateiro, costureira, taxista, mecânico quanto o prestadores de serviço ao Estado, o que contribuía para o desenvolvimento.

Resumindo, Éder disse que a gestão da Desenvolve MT é tão temerária, que até mesmo a sede da agência deixou o centro de Cuiabá,onde funcionava em prédio do governo – na antiga Residência Oficial dos Governadores – a custo zero, por um aluguel salgado, num prédio de luxo na Avenida Historiador Rubens de Mendonça, que “até espanta as pessoas mais humildes”.

BARRANCO – Éder revelou que o deputado estadual Valdir Barranco (PT) apresentou requerimentos à diretoria da Desenvolve MT, para que ela se explique. Barranco também estaria planejando promover fóruns sobre a agência e ouvi-la, para se saber o que realmente ali acontece. A Assembleia encontra-se no período que mistura recesso e funcionamento parcial. O site tentou ouvir o parlamentar na tarde desta sexta-feira, o que não foi possível, porque nos finais de semanas os deputados costumam tomar Doril e desligam os celulares.

MT FOMENTO – A Desenvolve MT é a nova roupagem da MT Fomento, agência criada em 2003 e que entrou em operação no ano seguinte. A criação daquela agência foi incluída no processo de liquidação do Banco do Estado de Mato Grosso (Bemat), em fevereiro de 1998. O então governador Blairo Magi convidou o ex-bancário Éder Moraes para presidi-la. 

ÉDER  – O mato-grossense Éder Moraes Dias permaneceu na MT Fomento até fevereiro de 2008, quando, nomeado por Blairo, assumiu a Secretaria de Fazenda de Mato Grosso em substituição a Waldir Teis, que recebeu o mimo de ser nomeado conselheiro do Tribunal de Contas do Estado – Teis está afastado daquele órgão auxiliar de contas juntamente com outros quatro conselheiros, desde setembro de 2017, sob acusação de recebimento de propina do ex-governador Silval Barbosa.

Figura influente nos meios políticos, Éder integrou o primeiro escalão de governo de Silval Barbosa. Foi chefe da Casa Civil e titular da Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo (Secopa). No futebol foi cartola do Mixto Esporte Clube.

Em 2012, quando o agora governador Mauro Mendes foi candidato a prefeito de Cuiabá e não se elegeu, Éder foi o mandachuva de sua campanha.

Réu em ações por improbidade administrativa, Éder acumula penas em primeira instância que somam 104 anos de prisão, por crimes de peculato, lavagem de dinheiro  e corrupção passiva. Ele nega tais práticas e recorre em liberdade cumprindo medidas cautelares. Pelas ações que o condenaram Éder esteve preso em Cuiabá e Brasília.

Da Redação

FOTOS:

! – Gabinete de Comunicação do Governo de Mato Grosso em arquivo

2 – Secretaria de Comunicação do Governo de Mato Grosso em arquivo