Banana, rota e emenda de Fávaro

Eduardo Gomes
@andradeeduardogomes
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A sabedoria popular nos ensina que não se fala em corda na casa do enforcado, mas nem sempre é assim. Carlos Fávaro (PSD), ministro da Agricultura e senador licenciado, quebra esta máxima e seu assunto do momento é uma ROTA, quando ele jamais deveria citar esta palavrinha com quatro letras. Tem gente que não se emenda. Opa, EMENDA também deveria constar do dicionário das palavras não pronunciadas por Fávaro. Vejamos.

Fávaro lança nesta sexta-feira, 13 (seria mera coincidência com o número do partido do patrão Lula?) na comunidade do Facão, ao lado da minha Cáceres, o projeto Rota da Banana, para fomentar o cultivo, comércio e consumo em 24 municípios da região cacerense, desta fruta que é a cara do Brasil.

Fruta que pode impulsionar a agricultura familiar, a banana merece mesmo receber incentivo federal. Porém, a escolha do nome do programa não foi a melhor, pois a população bicentenária cacerense está escaldada com a mentirada do governo Lula sobre rota naquela região.

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O fato:

Na sexta-feira, 21 de junho de 2024, em Cáceres, Fávaro e seus colegas de ministério Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e Waldez Góes (Integração e do Desenvolvimento Regional), apresentaram a Rota Quadrante Rondon, uma das cinco Rotas de Integração Sul-Americana. A proposta do governo federal é que o Brasil possa aumentar o comércio com países vizinhos por meio de rotas mais curtas e logisticamente menos custosas, diante da força das exportações e importações do país com a Ásia. O projeto, para ser executado até 2027, mas com o grosso das obras executado até o final de 2025, previa desembolso de 4,5 bilhões para a citada rota, que com seu nome reverencia a memória do herói Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon. Segundo Fávaro, à época, a rota contemplaria o Oeste de Mato Grosso, Rondônia e Acre, criando infraestrutura nessas áreas e as interligando aos porto do Peru no Pacífico, e no caso de Cáceres, via Bolívia pela carretera que cruza Santa Cruz de la Sierra, Cochabamba e La Paz.

Fávaro falou na pavimentação da BR-174, na revitalização da BR-070/364; na modernização do aeroporto de Cáceres, na dragagem, sinalização e obras portuárias no rio Paraguai etc.

As palavras de Fávaro volatizaram-se. Ele, porém, não falou sozinho. Sua voz ecoou junto a outras, da cúpula do governo Lula, no caso Simone Tebet e Waldez Góes. Portanto, por prudência e até para que não  soe como deboche perante os cacerenses, o ministro mato-grossense não poderia falar novamente sobre ROTA sem antes cumprir os compromissos sobre a primeira rota.

A palavra rota não assusta Fávaro, mas seria pedir demais que ele falasse sobre emenda.

Recordemos: a imprensa nacional noticiou (a daqui, nem tanto), que em 2023 Fávaro destinou uma emenda de 26 milhões para a Prefeitura de Jangada, município com 7.447 habitantes e administrado por Rogério Meira (PSD). Suas Excelências nunca foram à imprensa falar sobre a montanha de dinheiro que se bem aplicada transformaria Jangada, ora pequena comunidade rasgada ao meio pela BR-163/364 e apelidada Capital do Pastel, numa importante cidade, que poderia ter o epíteto internacionalizado para Pastellhauptstadt, em bom alemão, ou em Capitale du pastel, num francês parisiense.

Barulho sobre rota e silêncio sobre emenda. A ligação bioceânica Atlântico-Pacífico é uma banana para Cáceres. A emenda para Jangada é um pacto ao estilo omertà. Isso pouco importa. O que conta é a banana lançada por Fávaro e bem antes cantada em prosa e verso pelo mestre Braguinha:

Yes, nos temos bananas /

Bananas pra dá e vender /

Banana menina tem vitamina /

Banana engorda e faz crescer /

Vai para a França o café, pois é /

Para o Japão o algodão, pois não /

Pro mundo inteiro, homem ou mulher /

Bananas pra quem quiser…

 

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