Vereador Thiago, de Canarana, permanece preso e filiado ao PL

Eduardo Gomes

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Com prisão preventiva decretada no domingo (1º) e preso na véspera, sob a acusação de pedofilia e outros crimes sexuais, o médico clínico geral e vereador em Canarana, Thiago Bitencourt Ianhes Barbosa (PL), 39 anos,  permanece filiado ao seu partido, mas sob investigação policial, pelo Conselho Regional de Medicina (CRM) e pela Câmara Municipal.

Thiago foi preso no sábado, em Canarana, por uma equipe da Polícia Civil que tinha à frente do delegado Flávio Leonardo do Santos, durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão em sua casa e em seu consultório. Os policiais ao encontrarem material com imagens de crianças em situação de exploração sexual e objetos de sex shop, a exemplo de pênis, plug anal e outros lhe deram voz de prisão; o armazenamento de material pornográfico com crianças e menores é crime. No dia seguinte, na audiência de custódia, o juiz em Canarana, Carlos Augusto Ferrari, transformou  o flagrante em prisão preventiva e ele foi recolhido a uma sala na Penitenciária Major Zuzi, em Água Boa, distante 90 km.

Nesta terça-feira (3), o delegado Flávio Leonardo disse a jornalistas que o vereador teria sido denunciado por mais menores que teriam sofrido abuso sexual.

Em Cuiabá, o vereador Rafael Ranalli (PL) apresentou moção de repúdio a Thiago. Também na capital, o prefeito  liberal Abílio Brunini não economizou críticas ao vereador, mas deixou claro que o partido nada tem a ver com o episódio.

Em Brasília, a ex-primeira-dama e presidente nacional do PL Mulher, Michelle Bolsonaro, repudiou o ato e disse que seu partido não “tolera” esse tipo de crime; Michelle, porém, ponderou que o vereador terá que ser julgado pelo PL, e que se comprovado, sua expulsão será imediata.

No âmbito do PL, quem primeiro agiu foi o presidente regional, Ananias Filho, que anunciou o afastamento de Thiago, enquanto durar a investigação; Ananias é irmão do padastro de Thiago. Posteriormente, em nota conjunta, Ananias e as presidentes Gislaine Yamashida, do PL Mulher de Mato Grosso, e Cláudia Gervazoni, do PL de Canarana, cobraram apuração, lamentaram a situação e disseram que condenam todo e qualquer tipo de crime.

Apesar de alguns títulos sensacionalistas em sites, dando conta da expulsão de Thiago, tal medida não foi tomada até o fechamento desta matéria.

Sem alardes, o CRM investiga a conduta de Thiago. Caso se confirmem as denúncias, ele perderá o direito de exercer a medicina.

Em Canarana, a Câmara Municipal instalou uma Comissão Processante que tem 90 dias para passar o escândalo a limpo, e que em caso de constatação resultará na perda do mandato. A comissão é presidida por André da Madeireira (União), Rafael Govari (União) é o relator e o Investigador Gerson (Republicanos) a integra.

A Prefeitura de Canarana divulgou uma nota pautada em termos prudentes afirmando que aguarda o transcorrer dos acontecimentos. Thiago é médico concursado da rede pública municipal.

A defesa de Thiago não se manifestou. A Ordem dos Advogados do Brasil permanece silenciosa.

O principal líder do PL em Mato Grosso, o senador Wellington Fagundes, não se manifestou. Wellington é amigo da família de Thiago. Os demais da bancada federal liberal permanecem calados. São eles os deputados José Medeiros, Rodrigo da Zaeli, Coronel Fernanda e Nelson Barbudo.

ASSEMBLEIA – Nessa quarta (4) acontece a primeira sessão na Assembleia Legislativa após o escândalo de Thiago. A expectativa é sobre qual será a postura dos deputados Gilberto Cattani e Elizeu Nascimento, ambos do PL

 

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MEMÓRIA – Uma garota então com 14 anos, filha do à época presidente da Câmara de Canarana e vereador reeleito Francisco Cavalcante, o Chico Redeiro (PSD), o denunciou ao Conselho Tutelar, por estupros recorrentes. Conselheiros acionaram o Ministério Público, que em 14 de junho de 2016 representou contra o político pedindo sua prisão, o que foi concedido.

Chico Redeiro foi preso no dia 15 daquele mês, em sua casa, no bairro Nova Canaã. Após ser ouvido pela Polícia Civil, o vereador negou a acusação e foi encaminhado ao Núcleo da Polícia Militar, onde permaneceu preso enquanto sua defesa tentava sua soltura. No dia 7 de julho daquele ano, o político obteve um habeas corpus no Tribunal de Justiça e ganhou liberdade.

Em 2016, também pelo PSD, Chico Redeiro tentou mais uma eleição, mas foi derrotado amargando suplência. No ano passado, filiado ao MDB, Chico Redeiro pediu registro de candidatura para vereador, mas o mesmo foi indeferido. Em 2004, antes da primeira eleição, Chico Redeiro foi suplente de vereador pelo PL.

CANARANA – Marco inicial do processo de colonização executado pelo pastor luterano e político Norberto Schwante, Canarana, no Vale do Araguaia, foi o primeiro município por ele criado em Mato Grosso (Água Boa, Querência, Terra Nova do Norte e Nova Guarita são os demais). A cidade é sede de comarca, tem 28 mil habitantes, carrega o título de Capital do Gergelim e responde por 90% dessa cultura no Brasil.

A cidade tem dois acessos pavimentados para Cuiabá: por Água Boa e Barra do Garças (840 km) e por Paranatinga (650 km).

Foto: Reprodução

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