Porta na cara da população cacerense

Eduardo Gomes

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Praça Barão do Rio Branco

Pensem numa cidade tão identificada com seu rio Paraguai e a pesca, que a maneira de seu povo agradar a alguém é chamando-o de Meu peixe! Esse lugar é a bicentenária Cáceres, um paraíso no Pantanal, ao lado da Bolívia, o lugar é banhado pelo rio Paraguai e berço de 91.626 cacerenses natos e adotivos, e onde se promove o maior festival de pesca fluvial embarcada do mundo. Somem a isso cenários de rara beleza natural, a sede da Universidade do Estado (Unemat), a abençoada localização geográfica que a faz o porto mais ao Norte da Hidrovia do Mercosul e ponto equidistante do Corredor Bioceânico Atlântico-Pacífico. Porém, não pensem que o governo estadual contribua para o desenvolvimento daquele município vizinho dos hermanos; ao contrário, pois ao invés de promover uma política de integração sul-americana e facilitar o comércio regional, como estimula o Ministério da Fazenda, o governador Mauro Mendes (União) trava a instalação de um Free Shop cacerense, que fomentaria a economia, geraria emprego e renda, e promoveria Cáceres. O governante ao invés de botar o jamegão no documento criando a zona de livre comércio rotulada Free Shop, limita-se a bater uma imaginária porta na cara de sua população, que tentou sensibilizá-lo  nesse sentido, mas que sempre ouviu não.

Free Shop é uma zona especial de comércio isenta de impostos, com vendas limitadas que tanto funciona em aeroportos e portos  internacionais, quanto em cidades de municípios de fronteira, como é o caso de Cáceres, que é vizinha da boliviana San Matias, o que levou o Ministério do Desenvolvimento Regional, em 2019 a considerá-las cidades gêmeas.  Ainda  naquele ano a Assembleia Legislativa aprovou uma lei isentando do recolhimento do ICMS os free shops que se instalarem em Mato Grosso.

Mauro Mendes chegou a assumir que até 15 de março deste ano Cáceres teria seu Free Shop em funcionamento, mas seu compromisso não prosperou. Recentemente um grupo de empresários e políticos daquela cidade tentou ser recebido em audiência pelo governante, para debater o assunto, mas ele não abriu a porta de seu gabinete para tanto.

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Município do tamanho de Sergipe, habitado por 91.626 cacerenses natos ou não. Com a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) Engenheiro Adilson dos Reis instalada. À margem da Hidrovia do Mercosul, uma das mais navegáveis da América do Sul (no Brasil, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Argentina). Com acessos rodoviários pavimentados para Cuiabá, São Paulo, Brasília, Porto Velho e Rio Branco (AC). Ponto equidistante do Corredor Bioceânico Atlântico-Pacífico na rota Santos, Rondonópolis, Cuiabá, Cáceres, Santa Cruz de la Sierra e La Paz. Sede da Universidade do Estado (Unemat). Com 1.289.441 cabeças bovinas de mamando a caducando – maior rebanho mato-grossense. Com 12,5 mil km² de área alagável no Pantanal, o que corresponde a 9% da planície pantaneira. Mantendo intenso comércio formiguinha com San Matias.  Com a realização anual do Festival Internacional de Pesca Esportiva (FIPe), citado no Guinness Book como a maior competição mundial de pesca embarcada em água doce (no rio Paraguai). Com deslumbrantes roteiros turísticos pantaneiros. Com um acervo interessante da história mato-grossense. Com um casario colonial na área central com suas ruas estreitas. Com todos esses predicados, Cáceres sonha com um Free Shop para aquecer a economia, distribuir renda, gerar empregos e atrair o turismo de compras. Porém, sem força representativa nas esferas do poder político,  a população cacerense vê o sonho virar pesadelo.

O tema do Free Shop é considerado sensível para o nível da liberdade de Imprensa em Mato Grosso, onde a censura econômica é escancarada e a pressão política não fica para trás. Pena o cenário imposto para o mais charmoso dos municípios mato-grossenses e o nono mais populoso entre eles.