André Bringsken é o Mato-grossense de 2024
Por
Eduardo on 31 de dezembro de 2024
Eduardo Gomes
@andradeeduardogomes
eduardogomes.ega@gmail.com
Na prática há uma grande diferença entre a promoção jornalística de autoridades que derramam dinheiro na mídia e quem planeja ou faz. O Mato-grossense de 2024 não leva em conta a exposição ‘positiva editorialmente’ de políticos pelo grupo de sites especializados no endeusamento dos poderosos. O escolhido é do meio político, mas não por sua filiação partidária, pensamento ideológico nem por sua reeleição para prefeito do município onde nasceu, mas por sua visão de verdadeiro estadista – a mesma que tanta falta a dezenas de parlamentares e prefeitos. O Mato-grossense de 2024 é André Bringsken.
Antes de abordar a razão para sua escolha é preciso apresentá-lo, pois a maioria em Mato Grosso nunca ouviu falar sobre ele e sequer tem noção do projeto por ele defendido e que lhe confere o título de Mato-grossense de 2024.
Jacob André Bringsken é um médico cirurgião geral, anestesiologista, ginecologista e obstetra, que apesar do biotipo e do sobrenome, é vila-belense. É filho do casal holandês Janey e Gustavo Adolf Bringsken, ele pastor evangélico e uma das figuras lendárias da fronteira de Mato Grosso com a Bolívia, tendo por base Vila Bela. O Hospital Evangélico onde André Bringsken atua na medicina foi idealizado e construído por seu pai.
Político, André Bringsken é prefeito de Vila Bela pelo MDB. Exerceu os cargos de prefeito, vice-prefeito e deputado estadual.
Currículo à parte. Qual a razão para a escolha de André Bringsken?
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Inaugurada em 19 de março de 1752, construída a partir de uma planta urbanística elaborada em Lisboa, Vila Bela da Santíssima Trindade, à margem do Guaporé, na fronteira com a Bolívia, foi o mecanismo encontrado pelos portugueses para assegurar o território da colônia brasileira no centro da América do Sul. Primeira capital mato-grossense, Vila Bela permaneceu longo tempo isolada, mas sempre sonhou com a integração, começando pela sonhada navegação pela Hidrovia Guaporé-Mamoré-Madeira-Amazonas. Nas últimas décadas houve o aumento da produção agrícola mato-grossense e o escoamento de boa parte das safras para o exterior. Este mosaico econômico levou André Bringsken a lutar pela pavimentação de um trecho de 198 km da rodovia pavimentada que liga sua cidade ao porto chileno de Arica e a outros naquele país e no vizinho Peru, por um trajeto cruzando a vizinha Bolívia, numa extensão de 1.600 km.
A ligação defendida por André Bringsken deveria receber investimentos do Subcomitê de Integração e Desenvolvimento do Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), que responde pelo projeto da consolidação de cinco rotas de integração sul-americanas, sendo uma, a Rota Quadrante Rondon, prevista para abranger o Acre, Rondônia e a porção Noroeste de Mato Grosso visando a interligação com a Bolívia e o Peru, mas não foi incluída a ele.
A Rota Quadrante Rondon foi apresentada em Cáceres, no dia 21 de junho, pela ministra Simone Tebet (MPO) e seus colegas Waldez Góes (Integração e do Desenvolvimento Regional) e Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária). Prevendo investimentos bilionários em melhoria de aeroportos, portos e rodovias, o projeto parece que nasceu já volatilizado e não reserva um centavo de real sequer para a ligação rodoviária de Vila Bela com Arica.
Independentemente da Rota Quadrante Rondon ou não, Vila Bela quer uma saída para Arica. Esta meta é uma obsessão de André Bringsken e sua execução constiste na pavimentação de 78 km da MT-199 em Vila Bela e de 120 km do lado boliviano, até a cidade de San Ignacio de Velasco. O restante do trajeto é pavimentado e as instalações portuárias em Arica operam há muito tempo. Por este ideal o prefeito abriu duas frentes de luta: uma em Mato Grosso e outra na Bolívia.
A frente em Mato Grosso está subdividida. O governador Mauro Mendes (União) assegurou a André Bringsken que assinará a ordem de serviço para pavimentar 40 km a partir de Vila Bela. O trecho restante, de 38 km tem uma barreira: um proprietário rural lindeiro quer receber indenização para a rodovia cruzar sua área e negociações estão em curso pelo sinal verde.
André Bringsken fica com um pé em Vila Bela e outro na Bolívia, pela pavimentação. O governador de Santa Cruz, Departamento que faz fronteira com Mato Grosso, Luís Fernando Camacho Vaca, admite que seu governo não tem recursos para a obra de 120 km, mas assegurou que a dará em concessão por 25 anos ao grupo empresarial que a pavimentar. Mais: Vaca tem a chancela de aprovação do presidente Luís Arce, que recebeu André Bringsken para debater a questão, e aprovou o plano do prefeito brasileiro.
HISTÓRICO – O acesso de Mato Grosso a Arica e aos demais portos chilenos foi um dos temas mais debatidos nos meios empresariais em Cuiabá na segunda metade dos anos 1990. Caravanas mato-grossenses visitavam o litoral do Pacífico, e chilenos traziam delegações para mesas redondas em Cuiabá. Porém, em 2002 Blairo Maggi elegeu-se governador e jogou um balde de água fria nas conversações.
Com a posse de Blairo no governo, a imprensa cuiabana passou a divulgar que a rota para o Pacífico era inviável por conta da Cordilheira dos Andes, que além de ser uma rodovia perigosa causaria desgastes nos caminhões. Articulistas considerados renomados queimavam pestana produzindo textos para desqualificar o que é chamado de Corredor Bioceânico Atlântico-Pacífico. Em 21 de fevereiro de 2005 o site da Secretaria de Estado de Fazenda postou o título Portos do Pacífico não suportam a demanda de exportação brasileira.
Coincidentemente ou não o grupo empresarial de Blairo acabava de criar um pool de transporte de commodities do Chapadão do Parecis para o porto do rio Madeira, em Porto Velho, onde as mesmas são embarcadas em comboios da Hermasa (do mesmo grupo) para Itacoatiara, no Amazonas; e também no período o então governante iniciou uma parceria para armazenagem de grãos em Cubatão (SP) ao lado de Santos.
Mato Grosso ainda não se atentou para o significado do corredor Vila Bela-Arica. A cuiabania setorizada, a falta de conhecimento da classe política e a resistência de Blairo Maggi podem até não jogar a pá de cal no corredor, mas certamente o empurrarão com a barriga.
A pavimentação na Bolívia não seria jogar dinheiro pelo ralo como aconteceu com o porto de Mariel, em Cuba. A cobrança do pedágio na rodovia que terá tráfego intenso de pesadões, e de veículos leves, sobretudo do turismo, poderá despertar interesses de grupos brasileiros, a exemplo do que acontece em relação a um grupo chinês, de olho na concessão. Além disso, existe flexibilidade que permite uma espécie de extraterritorialidade mato-grossense na Bolívia, desde que a classe política saia da zona de conforto e se interesse em saber a importância da rota para a economia, sobretudo na fronteira, na faixa de fronteira e adjacências, para um bloco de municípios formado por Vila Bela, Pontes e Lacerda, Cáceres, São José dos Quatro Marcos, Mirassol D’Oeste, Araputanga, Lambari D’Oeste, Salto do Céu, Curvelândia, Reserva do Cabaçal, Jauru, Vale de São Domingos, Porto Esperidião, Indiavaí, Figueirópolis D’Oeste, Rio Branco, Glória D’Oeste, Nova Lacerda, Conquista D’Oeste, Porto Estrela, Barra do Bugres, Nova Olímpia e Tangará da Serra, que são municípios produtores de soja, milho, algodão, açúcar, minérios, carne bovina, frangos congelados, lácteos, ração animal, DDG e outros produtos da pauta de exportação.
Carga no sentido porto, não faltará. No trajeto inverso, há retorno de uma infinidade de containers com ferramentas e eletroeletrônicos, além de produtos chilenos e bolivianos, incluindo minério, tanto para Mato Grosso quanto para outras regiões.
O frete cheio nos dois sentidos, para cargas pesadas e de intensa movimentação é difícil. O terminal ferroviário da Rumo Logística em Rondonópolis, que escoa commodities para o porto de Santos, recebe diariamente mais de 1.200 bitrens, muitos dos quais oriundos de Sinop, distante 750 km e não há retorno para todos, mas nem por isso o modal rodoferroviário sofre interrupção.
O milho mato-grossense interessa ao Chile. Os aviários no deserto do Atacama tratam as aves com ração de peixe, cujo sabor incorpora-se ao do frango. A região é a mais árida do mundo num raio de centenas de quilômetros, o que inviabiliza sua produção agrícola e abre mercado para o cereal produzido em Mato Grosso.
A rota Vila Bela-Arica será mais uma alternativa para a ZPE de Cáceres, instalada e alfandegada, escoar produtos mundo afora, como acredita Adilson Reis, o presidente da AZPEC – administradora da ZPE – que acontecerá em breve. A distância de Cáceres a Vila Bela é de 300 km por rodovia pavimentada.
PEQUIM É ALI – O mercado internacional para as commidites de Vila Bela e região é garantido e o maior cliente é Pequim, a capital dos mandarins. A China investe pesado no Pacífico sul-americano, e exemplo dessa política é a recente inauguração do porto peruano de Chancay, perto de Lima. André Bringsken busca investidores chineses para a concessão boliviana, e em 2025, quando assumir novamente o cargo de prefeito, para o qual foi reeleito, deixará parte da administração ao vice-prefeito Elias da Ricardo Franco PSB), para ganhar mobilidade em busca do sonho da saída para Arica.
MATO GROSSO – A classe política mato-grossense perde tempo com futilidades, com as luzes do poder, quando deveria agir em tempo integral defendendo os interesses estaduais. A luta por Arica não é somente de André Bringsken nem pode ser. Mauro Mendes, o vice-governador Otaviano Pivetta (Republicanos), a bancada federal, Assembleia Legislativa, a insossa AMM e os prefeitos da fronteira e da faixa de fronteira juntamente com os vereadores da região, precisam sair da zona de conforto. A luta é pela criação de um corredor Noroeste para o Pacífico, para que todas as regiões do Estado cercado pela América do Sul por todos os lados sejam contempladas com rotas internacionais.
A visão e a luta do prefeito de Vila Bela merecem o reconhecimento mato-grossense. Por isso, escolhi André Bringsken o Mato-grossense de 2024.
Justíssimo
Coronel Walter de Fátima – Cuiabá
Uma grande escolha! Pessoa como poucas!
Engenheira de Produção Bianca Talita – Rondonópolis
Ele é demais! Convivo com ele desde sempre! Ele encanta e é um apaixonado por vila bela
Meu amigo e meu irmão!!
Não tenho palavras pra agradecer tamanha deferência a mim dispensada!! Que Deus te abençoe muito!!
André Bringsken – prefeito de Vila Bela da Santíssima Trindade