Senadora por Mato Grosso ou pelo presidente Jair Bolsonaro? Nem é preciso fazer esse questionamento a candidata Rúbia Fernanda Diniz Siqueira, a Coronel Fernanda (Patriota), uma vez que ela assim resume sua tentativa de chegar ao Senado: “Missão dada é missão cumprida” – claro que dada por Bolsonaro; e que deu à sua chapa o nome de “Meu Partido é o Brasil, Nossa Missão é Mato Grosso”.
A Coronel Fernanda não é a única candidatura a serviço de Bolsonaro. O presidente predomina entre os 11 candidatos, mas ela e o deputado federal José Medeiros (Podemos), que também quer ser senador, são mais Bolsonaro do que o próprio capitão do Exército Jair Messias.
No regime militar havia sublegenda para cargos majoritários. Isso, durante o bipartidarismo da Arena e MDB. Em 1978 Mato Grosso elegeu dois senadores por esse sistema. Hoje, não. Quem vota em Medeiros apunhala a Coronel Fernanda, e que é eleitor dela, degola Medeiros. Consciente ou inconscientemente ambos empurram Bolsonaro para o abismo no Senado, pois a divisão de seus votos contribuirá para a possibilidade de eleição de um senador da esquerda – O Procurador Mauro (PSOL) agradece.
Senado não é lugar onde se chega de paraquedas, à exceção dos senadores biônicos em 1978, como foi o caso de Gastão Müller (Arena) e agora do derrotado nas urnas em 2018, Carlos Fávaro (PSD) que conseguiu a proeza de uma decisão monocrática do então presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, que lhe deu um mandato manga curta, sem votos, até a posse de quem vencer a eleição suplementar de novembro.
A história do Senado em seu capítulo sobre Mato Grosso botará na mesma vala os biônicos Gastão Müller e Carlos Fávaro; e na vala da individualismo, a Coronel Fernanda e Medeiros.
À exceção dos biônicos, Senado é a porta que se abre a quem tem serviço prestado ao Estado, ao qual deve representar com base no princípio federativo – três cadeiras por unidade federativa. A Coronel Fernanda não tem serviço prestado a Mato Grosso e publicamente nunca o defendeu. Cubro eventos políticos, econômicos, classistas etc. há mais de quatro décadas. Nunca a vi numa reunião para debater a ferrovia Rumo para Cuiabá ou a Ferrogrão; num evento para discutir saída para o fim da balbúrdia agrária rural pela deficiência do mosaico fundiário; num seminário sobre direitos dos povos indígenas ou pela melhoria da segurança na fronteira; em manifestação por melhoria da malha rodoviária, pavimentação da BR-158 ou pela retomada da obra do novo Hospital Universitário Júlio Müller, da Universidade Federal de Mato Grosso, em Cuiabá; em nenhum outro ato que possa identificá-la enquanto figura pública compromissada com o Estado onde reside. Essa condição desconfortável dela é a mesma dos candidatos seus concorrentes Euclides Ribeiro (Avante), Feliciano Azuaga (Novo), Reinaldo Morais (PSC), Elizeu Nascimento (DC) e Procurador Mauro. Quanto a Elizeu é preciso ressaltar que ele foi vereador por Cuiabá e exerce mandato de deputado estadual, mas nem na Assembleia conseguiu entender a dimensão das demandas mato-grossenses, permanecendo mais discutindo assuntos periféricos e concedendo honrarias.
Em suma: aperte o número da Coronel Fernanda e vote em Bolsonaro.
O tempo de televisão da Coronel Fernanda é curto: 23 segundos, mas ela não se prende a isso e percorre Mato Grosso. Na quinta-feira, 15 deste outubro, o bimotor Seneca PT-WIP, que a transportava fez pouso de barriga em Primavera do Leste, quando decolava do aeroporto daquela cidade para Barra do Garças, mas felizmente ninguém na aeronave se feriu.
Uma virtude não se pode negar à candidata. Ela sabe bem aplicar seu salário. Declarou que tem patrimônio de R$ 1.661.295,08. Uma crítica injusta ela sofre: a acusam de ser eterna oficial de gabinetes sem que jamais comandasse efetivos. Realmente isso procede, mas a PM, por mais que negue, permanece masculinizada e poucas mulheres no oficialato saem dos quartéis.
A CHAPA – A Coronel Fernanda encabeça uma chapa partidária. O primeiro suplente é o Professor Victório Galli Filho, e o segundo, o tenente da PM Luciano Esteves Corrêa.
Galli foi suplente de deputado federal em 2006 e 2010 pelo MDB do cacique Carlos Bezerra. Em 2014, filiado ao PSC abençoado por pastores da Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Cuiabá e outras cidades, se elegeu deputado federal. Tentou a sorte, novamente, em 2018, pelo PSL do Capitão, mas deu com os burros n’água: recebeu 52.947 votos e amarga suplência de Nelson Barbudo – Barbudo com B de Bolsonaro.
A escolha de Galli é vista como natural, pelo que ele representa no universo do Mito em Mato Grosso e até mesmo no plano internacional, onde declarou guerra ao Mickey Mouse, com tamanha intempestividade que o ratinho americano até desmaia quando algum gaiato conterrâneo grita para provocá-lo: Mister Gaaaalli!
Luciano se filiou para ser candidato. Até então presidia a Associação dos Sargentos, Subtenentes, Oficiais Administrativos e Especialistas Ativos e Inativos da PM e do Corpo de Bombeiros Militar. Sua entidade é a que reúne o maior número de policiais militares e bombeiros militares, mas é mais rachada politicamente do que coligação logo após sua derrota. A cada eleição aumenta-se o número de candidatos policiais. Nessa não é diferente tanto para o Senado, quando para suplências e cargos municipais. Com Luciano, a Coronel Fernanda sonhava em reunir a farda em torno de seu nome, mas isso não foi possível, a começar pelo candidato Elizeu Nascimento, que é sargento da PM.
Não há nada desabonador que possa levar o eleitor a não votar na Coronel Fernanda. Mas há razão política para o não e o sim. O não, por parte de quem não aceita Bolsonaro, O sim pelos que insistem com o Mito; porém, quem fizer a segunda opção deve levar em conta que Medeiros também vai receber votos dos bolsonaristas. Em síntese: votar na Coronel Fernanda e em Medeiros pode significar eleitoralmente matá-los abraçados. Novamente digo, que o Procurador Mauro agradece.
Este é o sétimo capítulo da Série SENADO TEM QUE TER PASSADO, foi apresentada no capítulo inaugural e na sequência focalizou os candidatos Procurador Mauro, Nilson Leitão (PSDB), Carlos Fávaro (PSD), Pedro Taques (SD) e José Medeiros (Podemos). A postagem prossegue em dias alternados.
Eduardo Gomes – blogdoeduardogomes
FOTOS:
1 e 2 – Assessoria de campanha
3 – Internet
Os candidatos que usam o nome de Bolsonaro na campanha estão derretendo. Vide Russomano. Ninguém suporta a ideia de ter representantes com as mesmas ideias tosca e nocivas do presidente.
Sandra Fagundes
Muito bom, Brigadeiro. Disse tudo. O curioso é como tem candidato que acha que o simples fato de mencionar Boçalnaro já seria garantia de voto.
Antônio de Souza
Os candidatos de Bolsonaro estão perdendo nas principais capital do país
Pedro de Souza Alves
Esta autoritária não vai ter votos para se eleger em nada. Boçalnaro nao transfere votos. Pois não tem. Teve votos de protestos. Tá faltando o bandido Barbudo.
Gildevan Procópio Lopes