Abílio é filho político da morosidade do Ministério Público Federal (MPF). Isso mesmo! Vereador sem desempenho parlamentar satisfatório e com visíveis sinais de destempero emocional, Abílio Jacques Brunini Moumer, 36 anos, cuiabano, arquiteto, se elegeu para a Câmara de Cuiabá em 2016, pelo PSC, com 2.623 votos – assim começava sua carreira política que prossegue com sua candidatura a prefeito da cidade onde nasceu.
Nulidade parlamentar na Câmara de Cuiabá é regra geral. Cara, custando em numeros redondos R$ 60 milhões anualmente ao contribuinte, aquele legislativo municipal se caracterizou ao longo das últimas décadas por seu atrelamento ao prefeito, independentemente de quem exercesse o cargo; pelo empreguismo; e pela conivência submissa ao prefeito quando se trata de escândalo, uma vez que sempre tratou de abafá-los. Nesse ambiente Abílio chegou ao plenário no começo de 2017 e segundo avaliação de analistas, um nulo a mais entre seus pares, até que em agosto daquele ano a Globo exibiu vídeos onde deputados estaduais recebiam maços de dinheiro de Sílvio Corrêa, que foi chefe de gabinete do governador Silval Barbosa (2010/14). Dentre os que embolsaram a dinheirama, o então deputado Emanuel Pinheiro (MDB), que em 2016 se elegeu prefeito da capital.
A exibição dos vídeos foi prova documental da entrega das pacoteiras aos deputados. Uma delação premiada de Silval secundada por Sílvio, ao MPF em Cuiabá, com homologação pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, sustentou que se tratava de pagamento de mensalinho a deputados para que os mesmos fizessem vistas grossas ao sistema de corrupção – admitido por Silval enquanto réu confesso – na execução das obras para a Copa do Mundo de 2014 e do programa rodoviário MT Integrado. Porém, à época o MPF não conseguiu denunciar os contemplados com a dinheirama e somente o fez recentemente, sendo a denúncia aceita em setembro deste ano de 2020 pelo juiz Jeferson Schneider, da 5ª Vara da Justiça Federal em Cuiabá.
A natimorta CPI do Paletó investigou ou fez que investigasse um episódio anterior ao mandato do prefeito Emanuel Pinheiro. Ela também nasceu da morosidade do MPF. Abílio soube tirar proveito do erro do prefeito quando deputado e da lentidão do MPF.
Excetuando-se a participação de Abílio na CPI do Paletó, não lhe resta nada na vida pública que possa ser apresentado como currículo ou prestação de serviço.
Administrar Cuiabá é uma missão complexa. Nas poucas vezes que vi Abílio, observei bem seu destempero. Num debate na Câmara ele falava tão rápido que parecia narrador de corrida de cavalos. Numa das muitas inaugurações do Hospital e Pronto Socorro Municipal de Cuiabá o vi panfletário, incendiário, na contramão do decoro parlamentar, gritando ao pé do palanque, saindo correndo, perseguido por supostos seguranças de Emanuel Pinheiro ou da prefeitura ou ainda na construtora que trabalhava na obra do hospital – não ficou bem claro pra quem eles prestavam serviço – e rolando no chão com os mesmos. Lamentável!
Abílio ganhou o mandato pelo PSC com apoio de jovens evangélicos – ele também seria evangélico – mas trocou de partido. Foi para o Podemos, que reza pela cartilha do deputado federal e candidato ao Senado, José Medeiros, que em Mato Grosso defende a bandeira do presidente Jair Bolsonaro. Em sua declaração de renda, míseros R$ 92.500. Seu vice é o também vereador Felipe Tanahashi Alves, 32 anos, empresário, cuiabano, que adota o nome parlamentar de Felipe Welaton.
Felipe Welaton se elegeu vereador com 3.054 votos, pelo Partido Verde, mas migrou para o Cidadania. Nem com lupa se encontra uma lei relevante de autoria do candidato a vice e muito menos de seu cabeça de chapa, Abílio.
EMPREGUISMO – Adversários acusam Abílio de empreguismo. Sustentam que sua mãe e uma irmã seriam fantasmas na Assembleia Legislativa; ele rebate. Para entrar em detalhes sobre a cultura do oportunismo em cargos públicos em Cuiabá seria preciso um livro e que o mesmo abordasse o tema com profundidade, com base em levantamento reatroativo, o que poderia levar o eleitor a menosprezar a classe política – com uma exceção aqui, ali e acolá, por seu oportunismo crônico e suprapartidário.
PS – Este PERFIL é um dos capítulo da série que blogdoeduardogomes posta sobre os candidatos ao Senado e a prefeito de Cuiabá. Anteriormente foram focalizados os concorrentes a senador Procurador Mauro (PSOL), Nilson Leitão (PSDB), Carlos Fávaro (PSD), José Medeiros (Podemos) e Pedro Taques (SD); e os postulantes a prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) e Roberto França (Patriota).
As postagens sempre acontecem às terças, quintas e aos sábados.
Eduardo Gomes – blogdoeduardogomes
FOTO: Facebook de Abílio