MT – Pinga-fogo

O Nortão visto de cima

 

A infraestrutura aeroportuária da região concentra-se em Alta Floresta, Sinop, Sorriso, Matupá, Lucas do Rio Verde e Nova Mutum, que são os municípios com pistas pavimentadas. Nos demais, nem sempre a aviação passa pelo crivo das autoridades.

Alta Floresta tem a maior pista pavimentada de Mato Grosso e a quarta do Centro-Oeste; a pista do Aeroporto Piloto Oswaldo Marques Dias tem 2.500 metros de extensão por 30 metros de largura.

A pista do Aeroporto Municipal de Sinop Presidente João Figueiredo tem 1.630 metros por 30 de largura.

A pista do Aeroporto Regional Orlando Villas-Bôas, em Matupá, mede 1.950 metros por 30 metros de largura.

Em Sorriso, o Aeroporto Regional Adolino Bedin tem 1.600 metros por 30 metros.

A pista do Aeroporto Brigadeiro Eduardo Gomes de Nova Mutum tem 1.600 metros por 30 metros.

Em Lucas do Rio Verde a pista do Aeroporto Bom Futuro tem 1.600 metros por 30 metros.

Na região operam voos noturnos os aeroportos de Alta Floresta, Sinop e Sorriso. Todos têm pousos e decolagens diários de jatos médios e turboélices de companhias aéreas com rotas regionais para Cuiabá e conexões.

FOTO: André Romeu – Site público do Governo de Mato Grosso

 

Presença quase simbólica dos Bombeiros

 

Somente sete dos 35 municípios do Nortão contam com unidades do Corpo de Bombeiros Militar.

A corporação tem um batalhão em Sinop, um Grupo de Aviação Bombeiros Militar em Sorriso; companhias em Nova Mutum, Alta Floresta, Sorriso, Colíder e Lucas do Rio Verde; e um Núcleo em Guarantã do Norte.

A vastidão territorial é complicador para alguma missões dos bombeiros.

De Alta Floresta a a algumas áreas no município de Nova Bandeirantes a distância supera 300 quilômetros. juara, município com 34.974 habitantes e área de 22.622,350 km² – equivalente a Israel, não tem unidade do Corpo de Bombeiros Militar.

FOTO: Mayke Toscano – Site público do Governo de Mato Grosso

 

Entre o céu e a terra

 

Ipanema em ação
Nhaaaaaam! Esse é o som característico dos aviões agrícolas nos rasantes sobre rodovias que cruzam lavouras onde aplicam agroquímicos. O barulho do motor sobre o teto dos carros assusta motoristas. Solitário em sua cabine, o piloto não dá bola ao trânsito rodoviário e prossegue em sua excitante profissão de voar rente ao solo sabendo que qualquer falha mecânica ou erro humano pode ser fatal.

Mato Grosso domina esse tipo de aviação no Brasil. Com dados relativos a 2019, o Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB), subordinado à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) aponta a existência de 2.384 aviões  e helicópteros agrícolas no país.

Considerando-se baixas e a incorporação de novas aeronaves no setor, estima-se que a frota nacional gire em torno de 2.400 aeronaves predominantemente nacionais, com o Ipanema respondendo por 56,7% dos aviões e o americana Air Tractor com seus turboélices ocupando 16,53% desse mercado.

A frota brasileira é a segunda do mundo, perdendo para os Estados Unidos, com 3.600 aeronaves. Mato Grosso tem o maior número de aviões agrícolas do país, 464 seguido pelo Rio Grande do Sul com 427 e São Paulo com 312 , segundo a Superintendência de Aeronavegabilidade do RAB. Estimativa com base em cruzamento de dados de empresas do setor, pilotos, mecânicos e produtores rurais aponta que entre 180 e 185 pertencem a companhias aeroagrícolas, cooperativas e fazendas no Nortão.

FOTO: Embraer

 

 

Tapurah Capital da Suinocultura

Tapurah

A vila que mais tarde seria a cidade de Tapurah começou em 20 de novembro de 1970 

 

Bonita, limpa, organizada, com a construção civil em alta e imponentes lojas e casas surgindo a todo o instante. Assim é Tapurah, cidade distante 95 quilômetros da margem esquerda da BR-163 em seu sentido sul-norte.

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0,714 . O município tem 4.489,391 km² e 14.046  habitantes. A rendda per capita é de R% 59,929,30. Tapurah se orgulha do título de maior produtor de carne suína mato-grossense. Anualmente suas granjas respondem por mais de 65 mil toneladas de carne, o que representa 70% do setor em Mato Grosso. Os abates são feitos na gigante BRF Brasil Foods, em Lucas do Rio Verde.

A água tratada chega a todos os domicílios, a cidade tem rede coleta de esgoto para 20% de sua demanda, mas a mesma não foi ativada. Sua ligação com a BR-163 em Lucas do Rio Verde, distante 90 quilômetros, é pavimentada.

A produção de carne suína resulta no aproveitamento dos dejetos, que geram 4 megawatts de energia. O município, que é sede de comarca de primeira entrância, cultiva 165 mil hectares de soja e tem intensa movimentação de grãos para a produção de ração para as granjas.

Tapurah é um dos divisores das bacias do Juruena e do Teles Pires, ambos amazônicos. Sua colonização começou em 1969, com a venda de áreas pela Colonizadora Tapurah dos sócios Filinto Corrêa da Costa, Benedito Mário Tenuta e Sérgio Leão Monteiro, que compraram uma área denominada Cuiabá Norte, em Diamantino, de 40 mil hectares ou um pouco mais, porque não havia exatidão cartorial à época. Porém, os primeiros moradores chegaram ao lugar somente em 1970 e em 20 de novembro daquele ano a vila que mais tarde seria a cidade começou a se formar, com a abertura das primeiras ruas à margem da estrada que liga Cuiabá a Porto dos Gaúchos.
No começo da década de 2000 Tapurah enfrentou um sério problema com uma erosão que engoliu uma grande área ao lado do perímetro urbano.

Na região predomina o cerrado, que nos primórdios foi explorado por madeireiros e depois virou o paraíso do agronegócio. Em 30 de novembro de 1981 a vila virou distrito de Diamantino por uma lei do deputado Oscar Ribeiro sancionada pelo governador Frederico Campos. A emancipação aconteceu em 4 de julho de 1988 por uma lei do deputado Hermes de Abreu,  com a sanção do governador Carlos Bezerra.

O NOME – A denominação Tapurah foi escolhida Corrêa da Costa em homenagem ao cacique Irantxe José Tapurá. O “h” no final da palavra foi um modismo americanizado encontrado pelo colonizador, que segundo versão corrente, teria se inspirado no teclado de telex – um moderno meio de comunicação à época –, que não tem assentos gráficos.

Nas transmissões de telex, a última vogal da palavra, quando tem assento agudo, é acrescida da letra “h”. Exemplo: José se transforma em Joseh. Tapurá em Tapurah… José Tapurá era amigo de Corrêa da Costa, morava e liderava os índios Irantxe na margem esquerda do rio Cravari e tentou convencer seu povo a ceder uma área para o amigo branco. A rejeição foi total e resultou na sua destituição do cargo de cacique e numa espécie de exílio reserva Escondido, dos rikbaktsas, na margem esquerda do rio Juruena.

FOTOS:

1 e 4 – Site público do Governo de Mato Grosso

2 – Prefeitura de Tapurah

3 – blogdoeduardogomes

Legado de Schwantes

 

Nova Guarita
Nova Guarita é uma das marcas deixadas em Mato Grosso pelo pastor luterano, político,  jornalista e colonizador Norberto Schwantes. Sua colonização resolveu um grave problema social no Rio Grande do Sul, onde centenas de famílias de agricultores que plantavam nos municípios de Tenente Portela, Guarita e Miraguaí foram expulsos pelos índios caingangues.

Sem área para o cultivo, os agricultores foram atendidos por uma parceria do governo federal com os estados de Mato Grosso e Rio Grande do Sul, que foi executada por Schwantes.

Schwantes implantou um programa de colonização onde mais tarde surgiria o município de Nova Guarita. Os primeiros parceleiros chegaram à gleba em 1978. O nome é homenagem à cidade de Guarita, no Rio Grande do Sul, e de onde provinham muitos dos pioneiros.

O amanhã de Nova Guarita

Adotando o sistema de agrovilas, que se expandiu pela Amazônia, Schwantes assentou os parceleiros pioneiros. Para assegurar serviços básicos aos colonos afastados de Terra Nova do Norte – outra cidade por ele fundada na região – o colonizador criou e vila de Guarita, em 22 de outubro de 1978. A terra foi vendida a preço quase simbólico e com facilidade de pagamento.
Quem adquiriu lote rural padrão de 200 hectares, ainda recebeu uma chácara nas imediações da área urbana. Da área vendida aos colonos eles somente poderiam explorar 50% e o restante seria parte de uma reserva legal condominial, que nunca se efetivou plenamente na prática.

O agricultor Mário Nerves, o Nenão, chegou à gleba na primeira leva com 90 colonos, no final de 1978. Ele integrava o grupo expulso pelos índios. Em 1999 o entrevistei para um material sobre os 500 anos do Brasil em 2000. A família Nerves se adaptou ao lugar. Nenão me disse que ele e sua mulher dona Marilda Nerves têm filhos e netos nascidos em Nova Guarita.

Planejada para a agricultura familiar Guarita foi desfigurada socialmente com o Ciclo do Ouro no Nortão. Em 1990, com o fim do garimpo, a gleba reencontrou-se com a agricultura. O município foi palco de conflitos fundiários, mas conseguiu superá-los.

A Rodovia MT-206

Distante das principais rodovias, Nova Guarita é pacata, com ruas pavimentadas, água nas residências, mas sem tratamento de esgoto. Sua área é de 1.114,126 quilômetros quadrados e tem 4.464 habitantes com 4,43 indivíduos por quilômetro quadrado, o IDH é 0,688 e a renda per capita R$ 20.002,49 O município não exporta nem importa. Sua economia é calcada na pecuária bovina; o leite é fonte de renda para famílias de pequenos criadores, que o destina à plataforma de uma cooperativa na vizinha Terra Nova do Norte. A extração de madeira aconteceu enquanto havia matéria-prima para os madeireiros.

O município é banhado pelo rio Peixoto de Azevedo da Bacia do Teles Pires e pertence à comarca de Terra Nova do Norte. A cidade dista 50 quilômetros da BR-163 e sua ligação é feita pela MT-206 Rodovia Diego Felipe Dal Bosco, pavimentada.

Nova Guarita emancipou-se de Colíder, Terra Nova do Norte e Peixoto de Azevedo por uma lei do deputado Lincoln Saggin sancionada em 19 de dezembro de 1991 pelo governador Jayme Campos.

ALÔ – Com o avanço das comunicações a cidade está integrada ao mundo pela internet, mas no passado não muito distante as novidades do lugar eram tornadas públicas pelo serviço de alto-falantes batizado pela irreverência popular por “Pau da fofoca” – alusão à colocação dos mesmos nos altos de alguns postes.

Eduardo Gomes – blogdoeduardogomes

FOTOS: Felipe Barros

 

Cidade fundada por Gervásio Azevedo

 

Nova Monte Verde
Gervásio Azevedo, o colonizador, estampou sorriso quando os tratores concluíram a abertura da Avenida Mato Grosso, a primeira do lugar. O calendário marcava 19 de agosto de 1984. Aquela data tornou-se o marco da fundação de Nova Monte Verde, mas um ano antes Gervásio já fazia das tripas coração para vender lotes rurais naquela área, por meio de sua Imobiliária Monte Verde, que recebeu esse nome em alusão a uma elevação na região.

Enquanto agricultores e pecuaristas pioneiros derrubavam a mata, a área urbana era ocupada. Em 18 de maio de 1987, portanto menos de três anos após a abertura da Avenida Mato Grosso a vila que nasceu com o nome de Monte Verde foi elevada a distrito de Alta Floresta por uma lei do deputado João Teixeira  sancionada pelo governador Carlos Bezerra.

O acesso ao lugar era difícil. No verão amazônico a MT-208 desaparecia num corredor de poeira nos 160 quilômetros entre Monte Verde e Alta Floresta. No inverno na região a estrada virava um atoleiro sem fim; quando os rios transbordavam o trânsito era interrompido. A malária tinha contornos de hiperendemia. No entorno, em Apiacás e Paranaíta, o garimpo do ouro gerava violência e esvaziava o campo. Nada disso esmorecia os moradores do distrito de Gervásio.

Em 20 de dezembro de 1991, com 3.954 habitantes, Monte Verde teve o nome alterado para Nova Monte Verde. Naquela data o distrito virou município por força de uma lei do deputado João Teixeira e sancionada pelo governador Jayme Campos. A superfície para sua criação incluiu áreas de Alta Floresta, Apiacás e Juara.

Quando em 13 de abril de 2004 o governador Blairo Maggi sancionou uma lei de autoria do Tribunal de Justiça criando a comarca de primeira entrância de Nova Monte Verde sua população era de 8.254 habitantes.

O município tem tradição no cultivo do café conilon, mas a base de sua sustentação econômica é a pecuária. Um laticínio recebe em sua plataforma o leite da pecuária regional.

Não há captação nem distribuição de água às residências. Os moradores lançam mão de cacimbas e em alguns casos de poços semi-artesianos. Coleta e tratamento de esgoto são coisas estranhas por lá. O lixo é deixado num lixão a céu aberto. O município tem o distrito de São José do Apuí e a vila de Alto Paraíso. Nova Monte Verde é um dos divisores das amazônicas bacias do Juruena e Teles Pires, que formam o rio Tapajós.

A área do município é de 5.150,562 km² e sua população é de 9.277 habitantes com densidade demográfica é de 1,54 habitante por quilômetro quadrado.

FOTO: blogdoeduardogomes

Capital Mato-grossense da Castanha-do-brasil

 

Mato Grosso tem um município que nasceu da extração da madeira: Itaúba, cujo nome homenageia uma espécie nobre da flora amazonense e que recebeu o título de Capital Mato-grossense da Castanha-do-brasil

A cidade tem topografia levemente ondulada, boa parte das ruas é pavimentada, a água chega a todos os domicílios, mas não há coleta e tratamento de esgoto; a BR-163 cruza o perímetro urbano, onde há barracas de vendas de castanha-do-Brasil à margem da rodovia. O município é banhado pelo rio Teles Pires.

BR-163 na zona urbana

O município tem suas origens ligadas à extração de madeira no eixo da BR-163. Em 1972, logo após a abertura dessa rodovia, os irmãos Adelino, Ildo e Ivo Bedin compraram uma área de mata de 20 mil hectares nas imediações do lugar onde mais tarde seria a cidade de Itaúba. Os Bedin atuavam no ramo madeireiro em Ouro Verde, distrito de Abelardo Luz (SC) e se transferiram para Mato Grosso em função da madeira aqui existente ao passo que em Santa Catarina a mesma já faltava àquela época.

À margem da BR-163, distante 20 quilômetros da cidade, a vila de Castanheira pertence à Itaúba. O município é sede de comarca . Sua área é de 4.529,581 km² com 3.704 residentes, IDH 0,690 e renda per capita R$ 46.579,69. Sua base econômica é o agronegócio.

Anualmente, em 12 de outubro, Dia da Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, a igreja católica realiza uma procissão que percorre 5 quilômetros entre a cidade e uma capela de Nossa Senhora Aparecida à margem da BR-163 rumo norte.

Fórum de Itaúba

MEMÓRIA – Em 1973, os Bedin instalaram a Indústria de Madeiras Renato (Imarel), à margem esquerda da BR-163 no sentido sul-norte, numa área recém-adquirida por eles e, um ano depois, a indústria entrou em operação. A palavra Renato no registro da Junta Comercial é alusão ao rio Renato – afluente do Teles Pires – que banha as imediações de Itaúba e ali mesmo deságua. Posteriormente a empresa sofreu alterações contratuais até se transformar no Grupo Bedin.

Com os Bedin vieram para Mato Grosso vários funcionários que trabalhavam com eles em Santa Catarina. Em torno da serraria o Grupo construiu casas esse pessoal e ao lado delas surgiram estabelecimentos comerciais. Assim nasceu uma vila que sequer nome tinha e pertencia ao município de Chapada dos Guimarães. Em 1979, Colíder se emancipou e a futura Itaúba para se tornar seu distrito precisou ganhar um nome. De maneira quase consensual seus primeiros moradores optaram pela denominação atual.

O distrito de Itaúba foi criado em 18 de dezembro de 1977 pelo governador Garcia Neto. A emancipação aconteceu em 13 de maio de 1986 data em que o governador Júlio Campos sancionou uma lei das bancadas do PDS e PMDB  desmembrando Itaúba de Colíder, Diamantino e Sinop.

Castanheira à margem da BR-163

CAPITAL – Uma lei do deputado José Riva sancionada em 23 de junho de 2009 pelo governador Blairo Maggi concedeu a Itaúba o título de Capital Mato-grossense da Castanha-do-brasil.

O acostamento da BR-163 no sentido norte-sul se transformou numa permanente feira diurna de venda de castanha-do-brasil, óleo de copaíba e raizes ditas medicinais. Esse mercado informal garante trabalho para dezenas de moradores.

Esse mercado é alimentado por castanheiros que colhem ouriços de castanha na região e pagam renda aos proprietários rurais da área onde trabalham.

FOTOS: blogdoeduardogomes

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