PRF de olho nas rodovias

Rondonópolis tem uma delegacia da Polícia Rodoviária Federal (PRF) instalada na BR-163/364 na área suburbana no sentido de Cuiabá.

Dois postos da PRF no polo de Rondonópolis completam a estrutura regional da corporação. Um, na BR-163 em Mineirinho, município de Itiquira, próximo à divisa com Mato Grosso do Sul. Outro, na BR-364 município de Alto Garças, no sentido de Goiás via Alto Araguaia.

A malha rodoviária federal fiscalizada pela PRF no polo de Rondonópolis é pavimentada no trajeto de 170 quilômetros da BR-163, de Rio Correntes, divisa com Mato Grosso do Sul, a Juscimeira; de Rondonópolis a Alto Araguaia o trajeto é de 206 quilômetros, via Pedra Preta e Alto Garças, não tem duplicação.

Rondonópolis é ponto de fusão e bifurcação da 364 e 163. O trecho coincidente dessas rodovias tem o maior fluxo rodoviário mato-grossense, com passagem diária nos dois sentidos, de 15 mil veículos, com 70% representados por tranportadores.

 

Prisão do ministro Goldman

 

Em 1994, Alberto Goldman era ministro dos Transportes indicado pelo seu partido, o PMDB, e esteve em Rondonópolis vistoriando o recapeamento da BR-364 no trecho compreendido entre as serras da Petrovina e São Vicente.

O ministro foi recebido pelo governador Jayme Campos (PFL) e por Carlos Bezerra (PMDB), prefeito da cidade e virtual candidato ao Senado.

Lances provincianos entre assessores de Jayme e Bezerra preocupavam a equipe do ministro, antes mesmo de seu desembarque no Aeroporto José Salmen Hanze, ao lado da BR-364.

Goldman desembarca e se vê enrodilhado por quatro braços: dois de Bezerra e, os demais, de Jayme. Um puxa pra lá, outro arrasta pra cá. O ministro, sem entender, vira marionete nas mãos dos anfitriões.
Bezerra arrasta o companheiro para um grupo de peemedebistas. Jayme se impacienta, agarra o visitante e o coloca diante dos holofotes da mídia oficial. Depois de muito beija-mão, de prosa política e da coletiva, Goldman finalmente se imagina livre para percorrer um trecho da obra.

O que parecia ser o começo da liberdade para Goldman se revelou em mais um suplício. Empurrado pelo Cerimonial do Palácio Paiaguás, o ministro aproximava-se do Veraneio Chevrolet que era o veículo oficial do governador. Antes de entrar no carro, o grupo de Bezerra impediu a passagem do companheiro. No meio do empurra-empurra, a voz de Paulo Bezerra, irmão do prefeito anfitrião, determina:

– Por aqui, companheiro ministro. O senhor vai no carro do futuro senador Bezerra.

Agarrado por uns, puxado por outros, Goldman impacienta-se e faz valer sua autoridade. Grita que o deixem. Todos recuam. Vê uma viatura da Polícia Rodoviária Federal (PRF) próxima ao Veraneio e chama seu motorista.

– Qual seu nome e sua função? – pergunta ao policial rodoviário federal.

– Sou Santos, Pedro Santos, inspetor e chefe da PRF em Rondonópolis – responde com humildade o policial.

– Você já prendeu ministro alguma vez? – questiona Goldman.

– Nossa Senhora, Deus me livre, Excelência – responde o inspetor Santos em voz baixa e arrumando os óculos.

– Pois então, está na hora de prender. Bote-me no seu camburão e vamos sair daqui, já – determina o ministro.

Goldman dispensa a carona de Jayme e Bezerra. Entra na viatura, senta-se ao lado do inspetor, bate a porta e imagina-se livre dos dois chatos.

Engana-se o ministro. Chato não se dá por vencido. Jayme e Bezerra sentaram-se no banco traseiro da viatura antes mesmo que Goldman se acomodasse ao lado do inspetor Santos.

Extraído do livro Dois dedos de prosa em silêncio – pra rir, refletir e arguir – publicado pelo jornalista Eduardo Gomes de Andrade, em 2015 com ilustração de Generino