Mato Grosso perde a guerra contra coronavírus e governo faz silêncio

Barra do Garças (acima) tem 27 mortos
Nas oito cidades mato-grossenses com unidades de terapia intensiva (UTI) públicas, não há leitos disponível. Na rede hospitalar particular, também não. A fila de espera por leito é grande e desesperadora. Profissionais denunciam que faltam medicamentos e equipamentos de proteção individual. O número de mortos subiu para 857 e o de infectados para 22.078. Em meio a essa crise humanitária o governador democrata Mauro Mendes permanece de braços cruzados e calado. Nesta segunda-feira, 6 de julho, o site público do Governo de Mato Grosso posta em manchete que a primeira-dama do Brasil, Michele Bolsonaro, convidou a primeira-dama mato-grossense, Virgínia Mendes, pra reforçar a campanha de combate à violência contra a mulher. O site também destaca uma lei que torna obrigatório o uso de máscara facial. Sobre capilarização e aumento do número de leitos de UTI, nada. Sobre hospitais de campanha, silêncio. Sobre desabastecimento da farmácia para atender pacientes contaminados, necas de pitibiribas. A Imprensa Amiga reproduz a versão oficial do site público e compartilha o silêncio do chefe Mauro Mendes.

Mato Grosso judicializa o vírus. Em Pontes e Lacerda o prefeito Alcindo Barcelos (Republicanos) conseguiu derrubar o lockdown decretado na fronteira – região daquele município – pelo juiz Rodrigo Bahia Accioly Lins, da Justiça Federal em Cáceres. Uma liminar concedida pelo desembargador e presidente do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, Ítalo Fioravanti Sabo Mendes autorizou a reabertura do comércio na cidade.

Em Cuiabá o juiz da 2ª Vara Criminal e corregedor dos presídios da capital, Geraldo Fidélis Neto, determinou que as secretarias de Saúde do Estado e do Município realizem testagem nos policiais penais e nos 2.300 presos na Penitenciária Central do Estado, e que forneçam aos servidores, equipamentos de proteção individual assegurando regularidade na sua reposição.

Em Rondonópolis, a secretária municipal de Saúde, Izalba Albuquerque, está afastada do cargo pelo Tribunal de Justiça,enquanto o Ministério Público e a Polícia Civil apuram suposta compra superfaturada de insumos para enfrentar o coronavírus, Também há suspeita de superfaturamento em outras compras para a mesma destinação, pela administração do prefeito Zé Carlos do Pátio (SD).

UTI – Mato Grosso tem 242 UTIs públicas para coronavírus. O governo estadual anuncia que são 244, mas não é correta essa informação, pois entre os leitos contabilizados há dois no Pronto Socorro Municipal de Várzea Grande, que não têm estrutura de UTIs.

No boletim epidemiológico o governo estadual relaciona 17 leitos de UTIs que estariam vagos, mas na prática isso não acontece. Pelo boletim há dois leitos no Hospital Regional de Rondonópolis; três no Hospital Metropolitano em Várzea Grande e igual número na Santa Casa de Cuiabá; e um leito no Pronto Socorro Municipal de Cuiabá, Hospital Municipal de Barra do Garças, Hospital Municipal de Juína, Hospital São Benedito em Cuiabá, cada; e cinco no Hospital Universitário Jùlio Müller, em Cuiabá. Não há leitos em Cáceres, Sorriso e Sinop – nas demais cidades sequer há UTI pública.

A doença matou em 88 dos 141 municípios e contamina em 138. Não foram afetados os municípios de Carlinda, Glória D’Oeste e Torixoréu. Dos 22.078 infectados, 8.974 se recuperaram, 11.534 estão em isolamento domiciliar, 329 em enfermarias e 225 em UTIs (essa relação não considera as duas UTIs que o governo estadual teima que existem no Pronto Socorro Municipal de Várzea Grande). Nas últimas 24 horas morreram 36 e foram notificados 1.010 novos casos.

MORTES – Em Cuiabá, o município mais atingido, a doença matou 262 seguido por Várzea Grande (160), Rondonópolis (72), Sinop (29), Barra do Garças (27), Pontes e Lacerda (22), Cáceres (18), Sorriso e Primavera do Leste (17 cada), Lucas do Rio Verde (16), Nova Mutum (14), Tangará da Serra (11), Confresa (nove) e outros 75 municípios com números menores.  Além deles morreram 16 residentes fora de Mato Grosso.

CASOS – O epicentro é Cuiabá com 5.191 casos seguido por Várzea Grande (1.678), Rondonópolis (1.523), Sorriso (1.021), Lucas do Rio Verde (965), Tangará da Serra (855), Primavera do Leste (827), Sinop (586), Nova Mutum (546), Pontes e Lacerda (488) e outros 128 municípios com números menores. Também contraíram a doença em Mato Grosso, 120 residentes em outros estados. 

Redação blogdoeduardogomes

FOTO: Ednilson Arneiro – Prefeitura de Barra do Garças

manchete