De braços cruzados. Assim está o governador democrata Mauro Mendes diante da ameaça representada pelo novo coronavírus. Num decreto baixadono dia 16, o governante não foi além da superficialidade se limitando a bater o pé contra a realização de eventos e promovendo pequenas alterações sobre o expediente do funcionalismo. Em Cuiabá, o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) rezou pela cartilha de Mauro Mendes e, também de braços cruzados, avançou em círculos. A Assembleia Legislativa, que não se reúne às segundas e sextas-feiras, manteve seu silêncio sepulcral tão comum no começo e no fim de semana. Enquanto isso, a Secretaria de Estado de Saúde notificou, nesta segunda-feira, outros seis casos suspeitos de coronavírus em Mato Grosso. No total, são monitorados 15 casos suspeitos de cidadãos residentes de sete municípios. Na captial o Hospital Santa Rosa revelou que um paciente que testou positivo em um primeiro exame é um homem de 48 anos que recentemente esteve na Itália.
Mauro Mendes não descruza os braços e espera pelo aporte de seis milhõess, novecentos e sessenta e oito mil e novecentos e trinta e dois reais que o governo federal enviará ao Estado para enfrentar o coronavírus. Esse montante corresponde a dois reais por habitante – critério per capita adotado com todos os estados e o Distrito Federal.
Nenhum plano foi elaborado caso seja necessário a instalação de hospitais de campanha em municípios mais afastados de Cuiabá, e em outros – independentemente de sua localização geográfica – que não tenham unidades hospitalares. Tais hospitais podem ser montados com o serviço médico da Polícia Militar e em parceria com o Exército, que tem unidades em Cuiabá, Rondonópolis, Cáceres e em Aragarças (GO), cidade que forma conurbação com Pontal do Araguaia e Barra do Garças.
Mauro Mendes também não planejou o monitoramento das divisas e da fronteira com extensão de 983 quilômetros com a Bolívia, nos municípios de Poconé, Cáceres, Porto Esperidião, Vila Bela da Santíssima Trindade e Comodoro.
Mato Grosso não tem leitos nem insumos hospitalares suficientes para atender a população em caso de epidemia do coronavírus. Faltam unidades de terapia intensiva e aparelhos para respiração mecânica. Não há sequer estrutura para realização de testes e o pessoal capacitado nessa especialização é bastante reduzido.
Mato Grosso não tem recursos financeiros para o enfrentamento de uma situação grave. A alternativa seria a demissão em massa dos servidores comissionados nos três poderes em todas as suas esferas; a imediata suspensão dos gastos com mídia oficial, eventos culturais, seminários, simpósios, viagens etc. Além disso, seria preciso que o Sistema S, a Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), a União das Câmaras Municipais (UCMMAT) e outras entidades que sobrevivem nas tetas do dinheiro público fossem desativadas temporaraimente e toda sua receita transformada em recursos para enfrentamento do problema. Mais: que os legislativos nos municípios e Estadual cortassem substancialmente seus duodécimos, recebendo o estritamente necessário ao funcionamento, e que esse mar de dinheiro futilmente destinado a bancar a banda vergonhosa da democratia fosse drenado para o grande mutirão cívico ora proposto.
Situação de risco coletivo para a população tem que ser enfrentada com medidas radicais. Mato Grosso é um conjunto de 3.484.466 vidas humanas. Essas vidas não podem ficar à mercê da sorte, quando há recursos que podem ser destinados à sua proteção.
Não somente pelos braços cruzados de Mauro Mendes e Emanuel Pinheiro, mas também por isso, avalio que será praticamente impossível botar em prática essa política ora proposta. Hoje, participei da bancada que entrevistou o vereador mais votado por Cuiabá, Toninho de Souza (PSD), que é jornalista e apresentador de TV. Perguntei a ele o que a Câmara poderia fazer no campo financeiro para o combate ao coronavírus. Toninho disse que isso é problema do Estado. A entrevista foi para o programa Amplo, Geral e Irrestrito, apresentado ao vivo no Facebook pelo jornalista Enock Cavalcanti nos estúdios do site ofactual.com.br que é dirigido pelo publicitário Cláudio Cordeiro. Detalhe: o duodécimo anual da Câmara de Cuiabá é de R$ 59 milhões.
O coronavírus que avança sobre a humanidade em todos os continentes é um inimigo traiçoeiro e que nos leva a buscar meios até no imaginável para enfrentá-lo. Sem ele seria muito difícil propor demissões em massa de comissionados, suspensão de pagamento de mídia, redução de duodécimo e o esvaziamento temporário dos cofres de algumas entidades. Que cada um aja de acordo com sua consciência.
Eduardo Gomes de Andrade – Editor de blogdoeduardogomes
FOTOS:
! – Mayle Toscano – site público do Governo de Mato Grosso em 16 de março de 2020
2 – blogdoeduardogomes em 16 de março de 2020
Precisa de equipes de saúde vigilantes nos aeroportos e rodoviárias
Vereador Geralmino Neto – Barra do Garças – via grupo de WhatsApp Boamidia