UM NOME AO SENADO – Dilmar Dal’Bosco

Companheiro é companheiro… com Dilmar Dal’Bosco é assim, desde que o companheiro seja o governador. Quanto a isso seu histórico parlamentar se encarrega de mostrar: companheiro, votou até de olhos fechados a aprovação de todas as contas do governo Silval Barbosa; do governador Pedro Taques, foi líder na Assembleia Legislativa, e o mesmo faz com o governador Mauro Mendes. Com o  então.mandachuva da Assembleia, José Riva, também foi asssim. Só que a recíproca não tem sido verdadeira. Silval o delatou por suposto recebimento de propina,  e Riva está na bica pra homologar uma delação onde o companheiro Dilmar figura na condição de contemplado com dinheiro sujo.

Dilmar (DEM) é pré-candidato ao Senado na vaga aberta com a cassação da chapa da senadora Selma Arruda (PODE), por 6 a 1, pelo Tribunal Superior Eleitoral, em 10 de dezembro do ano passado, pelos crimes de caixa 2 e campanha extemporânea. A Justiça Eleitoral marcou a data da eleição suplementar para 26 de abril. Em Brasília, uma decisão moncrática do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, em plantão, determina que Carlos Fávaro (PSD) assuma a vaga de Selma até a posse do novo ocupante. A decisão de Toffoli, em 31 de janeiro, ainda não foi decantada. Fávaro foi o terceiro colocado na votação ao Senado e os vencedores Selma e Jayme Campos (DEM).

Dlimar sempre ao lado dos governadores

No Democratas, o partido de Dilmar, há outro nome que também quer o Senado. É Júlio Campos, que já foi prefeito de Várzea Grande, deputado federal em três mandatos, governador e senador. Júlio foi personagem de um dos capítulos dessa série.

Dilmar Dal’Bosco é um catarinense que ainda criança trocou sua terra pelo Nortão, a exemplo de milhares de outros brasileiros. De infância humilde, vendeu picolés e engraxou sapatos em Sinop, a cidade onde reside e tem domicílio eleitoral. Adolescente estudou em Cuiabá e jogou, sem vínculo profissional, pelo Dom Bosco. Jovem conseguiu emprego em um banco, onde trabalhou de office boy a gerente, até voltar para Sinop, onde se tornou sócio do irmão Dilceu Dal’Bosco em uma empresa que atua no setor de energia elétrica.

Em Sinop, Dilmar sempre participou de campanhas eleitorais, tanto de seu irmão Dilceu, que foi deputado estadual, quanto de Nilson Leitão (PSDB), que foi vereador e duas vezes prefeito daquele município, deputado estadual e deputado federal.

Dilmar atuava nos bastidores, mas em 2010 Dilceu (DEM) era deputado estadual se lançou candidato a vice-governador na chapada encabeçada pelo tucano Wilson Santos, agora deputado estadual. Wilson e Dilceu foram derrtoados: receberam 245.527 votos. A eleição foi vencida por Silval Barbosa (PMDB) com o vice Chico Daltro (PP), em primeiro turno (759.805 votos). Em segundo lugar ficou a dobradinha Mauro Mendes/PSB e Otaviano Pivetta/PDT com 472.475 votos. Mauro agora é governador; Pivetta é vice-governador e pré-candidato ao Senado pelo PDT.

Dilceu perdeu, mas Dilmar se elegeu deputado estadual pelo Democratas com 22.284 votos. Com o resultado de Dilmar os irmãos Dal”Bosco continuaram ocupando uma cadeira na Assembleia.

Novos mandatos e fidelidade aos governadores

 

A cabeça podia até doer, mas Dilmar foi Taques acima de tudo

Em 2014 Dilmar se reelegeu com 38.920 votos. Sua votação aumentou muito. Afinal, ele fazia coro com a chamada Corrente Moralizadora de Taques, que defendia a eleição do senador Pedro Taques (PDT) ao governo. Naquela altura do campeonado, Dilmar havia jogado o amigo Silval – que tanto defendeu na Assembleia – pra escanteio.

No governo Taques, Dilmar foi um leão fiel ao governante. Nos momentos mais agudos do enfrentamento do Palácio Paiaguás com servidores em greve e com mobilização nas ruas, Dilmar era da linha de frente. Pisava o funcionaalismo pra defender Taques. Isso, segundo analistas, foi a principal razão pra sua votação despencar em 2018, quando baixou para 28.827 votos.

Agora, Dilmar é Mauro Mendes desde criancinha

Morto o rei, viva o rei! Dilmar saltou do colo político de Taques para o colinho de Mauro, seu correligionário. Lidera seu governo, defende Mauro contra as críticas do Fórum Sindical pelo calote da RGA, pelo escalonamento salarial e a quitação da folha fora do mês trabalhado. Com ele é assim: Companheiro é companheiro…

Mauro instalou um governo arrecadador, que a cada dia quer mais e mais tributos, alíquotas maiores, arrocho fiscal. Dilmar está com ele.

Mauro adota uma política de segurança pública voltada para o fechamento de delegacias de polícia e  centros de detenção provisórias (CDPs) – Dilmar está junto. Companheiro é companheiro….

 

Situação complicada com mensalinho

 

Riva (dir.) sustenta que pagou mensalinho a Dilmar e ao seu irmão Dilceu

Em 31 de março de 2017, num depoimento na 7ª Vara Criminal à então juíza Selma Rosane Arruda, numa das ações a que responde, espontaneamente o ex-presidente da Assembleia, Riva,  revelou que deputados e ex-deputados teriam recebido propina entregue por ele, em troca de apoio ao governador que estivesse no cargo.

À época Riva se comprometeu em revelar detalhes sobre o pagamento do mensalinho. Depois de demorada negociação com o Ministério Público, o ex-deputado apresentou a lista com detalhes, e aguarda por homologação pelo Tribunal de Justiça.

Na lista de Riva, Dilmar figura como recebedor de R$ 3,2 milhões. Seu irmão, Dilceu, também relacionado, teria embolsado R$ 4,16 milhões. Da mesma fazem parte os deputados estaduais Romoaldo Júnior (MDB), Nininho (PSD), Carlos Avallone (PSDB) e Sebastião Rezende (PSC) ; o presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Guilherme Maluf; o conselheiro afastado judicialmente do TCE, Sérgio Ricardo; o conselheiro aposentado precocemente pelo TCE, Humberto Bosaipo; o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB); o ex-deputado Luiz Marinho, que é irmão do presidente da Assembleia, Eduardo Botelho (DEM); o próprio Riva; Walace Guimarães (PV), pré-candidato a prefeito de Várzea Grande; e outras figuras do mundo político, porém apagadas, como é o caso de Silval, que teria sido contemplado enquanto deputado.

Em 2017 o ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, homologou uma delação premiada de Silval, que sustenta haver pago mensalinho a deputados estaduais. Um dos delatados por recebimento de mensalinho é Dilmar, que, claro, nega. O mimo seria para o deputado fazer vistas grossas às obras para a Copa do Mundo de 2014 e o programa rodoviário  MT Integrado.

Dilmar é réu numa ação por improbidade administrativa. O Ministério Público o acusou e pede o ressarcimento de R$ 266.136,26 corrigidos, pela proeza que foi a contratação da enfermeira Lucineth Cyles Evangelista para cargo comissionado na Assembleia, quando a mesma em boa parte do período de sua contratação trabalhava e cumpria carga horária em Sinop, distante 500 quilômetros de Cuiabá. Essa ação, como tantas outras em que deputados são réus, hiberna.

 

Sempre pelo poder

 

Dilceu e Renata tentaram, mas não deu

Deputado  estadual em terceiro mandato Dilmar quer deixar a Assembleia pelo Senado. Seu irmão Dilceu, que por duas vezes foi deputado estadual, deixou de tentar mais uma reeleição para ser vice-governador, mas foi derrotado.

Em 2012, sem mandato, Dilceu disputou a Prefeitura de Sinop pelo DEM formando chapada com a tucana Renata Leitão, que é mulher de Nilson Leitão. Dilceu recebeu 22.275 votos sendo batido por Juarez Costa (MDB) com a vice Rosana Martinelli (PSB), com 35.017 votos. Juarez é deputado federal. Rosana é prefeita.

Mais um irmão Dal’Bosco, Ladimir, o Billy, também é político. Billy se elegeu vereador por Sinop em 2016, com 1.292 votos, pelo PR (agora PL), partido dirigido pelo senador Wellington Fagundes.

Dilmar presidiu o Democratas em Mato Grosso., mas em março de 2018 os irmãos Jayme e Júlio Campos, indicaram o então deputado federal Fábio Garcia para o cargo de Dilmar, que não gostoum e com a devida cautela demonstrou descontentamento, mas os Campos o mantiveram longe da direção partidária. Fábio Garcia agora é primeiro suplente de Jayme no Senado.

RESUMO – Com o nome das listas de mensaleiros de Silval e Riva, réu por suposta improbidade administrativa, com o perfil de deputado sempre atrelado ao governo independentemente de quem exerça o cargo, Dilmar Dal’Bosco sonha com o Senado.

PS – Esse é o décimo oitavo capítulo da série UM NOME AO SENADO.

Leiam os anteriores:

1 – UM NOME AO SENADO: Sirlei Theis

2 – UM NOME AO SENADO: Waldir Caldas

3 – UM NOME AO SENADO – Neri Geller

4 – UM NOME AO SENADO – Nilson Leitão

5 – UM NOME AO SENADO – José Medeiros

6 – UM NOME AO SENADO – Maria Lúcia

7 – UM NOME AO SENADO – Carlos Fávaro

8 – UM NOME AO SENADO – Gisela Simona

9 – UM NOME AO SENADO – Max Russi

10 – UM NOME AO SENADO – Adilton Sachetti

11 – UM NOME AO SENADO – Carlos Bezerra

12 – UM NOME DO SENADO – Procurador Mauro – PSOL

13 – UM NOME AO SENADO – Blairo Maggi

14 – UM NOME AO SENADO – Carlos Abicalil

15 – UM NOME AO SENADO – Dr. Leonardo

16 – UM NOME AO SENADO – Otaviano Pivetta

17 – UM NOME AO SENADO – (Alguém do Partido Verde?)

18 – UM NOME AO SENADO – Júlio Campos

Continuem acompanhando a série – única postagem que focaliza os virtuais candidatos ao Senado na eleição suplementar em abril.

Eduardo Gomes de Andrade – Editor de blogdoeduardogomes

FOTOS:

1 – Agência Senado

2 e 5 – Site público da Assembleia Legislativa

3 e 4 – Flickr de campannha do Democratas

6 – Assessoria de Dilceu Dal’Bosco – Divulgação

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