Imponente, o Morro de Mesa continua mostrando o melhor caminho para investimento em Mato Grosso: Poxoréu, com rebanho bovino superior a 260 mil cabeças de mamando a caducando é um dos principais polos da pecuária brasileira e uma região com potencial turístico sem igual, com localização geográfica privilegiada, numa área que ao longo de quase um século se extraía em quantidade o melhor diamante gemológico do mundo. De quebra, a cidade aos pés da bela elevação, com sua arquitetura colonial, suas ruas sinuosas e estreitas, tem um casario que é permanente convite à visitação e ao sonho de um dia ali morar desfrutando o convívio de uma população que conhece violência por ouvir dizer. Junte-se aos 16.300 poxoreanos. Sinta a alegria de viver Poxoréu, ainda que na condição de visitante na terra do garimpo em busca do amanhã.
Poxoréu é o município que melhor reflete a imagem econômica de Mato Grosso.
Tanto um quanto outro nasceram do garimpo.
Ambos, desde seus primórdios encontraram na pecuária seus sustentáculos.
Os dois abriram seu solo à agricultura mecanizada e agora correm em busca do turismo.
Casamento perfeito!
Ao lado dos principais mercados mato-grossenses consumidores de frutas, legumes, hortaliças, leite e carne, Poxoréu é centro abastecedor de Cuiabá, Várzea Grande, Rondonópolis, Primavera do Leste e Campo Verde. Sua ligação com essas cidades é feita por rodovias pavimentadas. Mais: o abate de seu rebanho bovino é feito por frigoríficos com plantas instaladas num raio inferior a 250 quilômetros em Rondonópolis, Paranatinga, Cuiabá e Várzea Grande. Ainda sobre logística: a distância média de suas lavouras do terminal ferroviário da Rumo ALL em Rondonópolis – o maior da América Latina – é de 130 quilômetros.
O garimpo passou, ou como se diz no jargão garimpeiro, blefou.
Restou a forte pecuária e a ela se junta a agricultura. As duas atividades se fundem no agronegócio, que em breve ganhará importante parceiro: o turismo ecológico de contemplação e desfrute.
Desde os primórdios o município gravitou sob o brilho do diamante, que na verdade era sua moeda circulante. Em meados dos anos 1990 o garimpo entrou em declínio pela política econômica do governo federal, exaustão para extração manual e pressão ambiental. Muitos garimpeiros deixaram a cidade, outros foram assentados pela reforma agrária e boa parte não arredou pé.
Se perguntarem em Poxoréu pelo antigo garimpeiro José Eleutério de Lima, ninguém saberá responder. Porém, se alguém quiser saber sobre Paraibinha, a população mais antiga dirá que se trata de um velho senhor do garimpo, que dedicou a juventude em busca da pedra grande que nunca pegou. Paraibinha reconhece que o tempo do garimpo passou e entende a dificuldade que Poxoréu teve para encontrar saídas econômicas com o fim da atividade garimpeira. “Garimpeiro nasce, vive e morre garimpeiro”, observa Paraibinha.
Prefeito Nelson Paim: avançar com serenidade, segurança e observando as regras da administração
O boom do garimpo terminou em 1994, mas garimpeiros continuaram tentando a sorte, mesmo na adversidade e sob forte pressão ambiental. Enquanto isso, Poxoréu amargava estagnação e convivia com a relutância dos garimpeiros inativos em trocarem de profissão. Assim, o município perdeu atrativo empresarial e houve êxodo, principalmente da juventude, para grandes cidades. Paralelamente a isso a prefeitura acumulava obras inacabadas.
Ao assumir a prefeitura em janeiro de 2017 o prefeito Nelson Paim (PDT) se deparou com o caos: 18 importantes obras estavam incompletas e abandonadas e o município inadimplente na esfera oficial e em atraso com fornecedores. Aquela situação não poderia continuar. Era preciso avançar, mas com serenidade, segurança e observando as regras da administração pública. Daquele bloco de obras, quase todas foram concluídas, outras estarão prontas ainda neste ano, e em 2020 as demais serão entregues à população.
Poxoréu não é caso único de município mato-grossense que enfrentou adversidades com o fim do garimpo. Peixoto de Azevedo, Alto Paraguai, Nortelândia, Terra Nova do Norte, Paranaíta, Apiacás, Alta Floresta, Arenápolis, Nova Marilândia e outros também experimentaram o mesmo problema. A solução tanto naquele quanto nos outros municípios passa obrigatoriamente pela prefeitura e a capacidade administrativa do prefeito. Paim está virando a página do ontem e sua cidade começa a respirar ares do amanhã. Para tanto, conta com apoio da Câmara Municipal e de uma equipe afinada. Mais: transcorridos 25 anos do baque do garimpo a resistência dos antigos garimpeiros é bem menor e na natural sucessão das gerações os novos poxoreanos se integram perfeitamente bem à proposta de desenvolvimento de sua terra.
Administrar orçamento curto é o mesmo que enxugar gelo. A receita mensal média da prefeitura é de R$ 3,4 milhões incluindo os repasses constitucionais e emendas parlamentares – a participação dos tributos municipais é mínima. Desse montante o município destina 30% para a Saúde e 28% para a Educação. Os 42% restantes respondem pelos salários, duodécimo da Câmara, conservação de 2.400 quilômetros de estradas, pelo desembolso para manter em operação um percurso diário de 3.800 quilômetros do transporte escolar, limpeza urbana, conservação e manutenção de ruas e as demais despesas de custeio e investimento.
Enxugando gelo Paim administra um município com 6.874 km² – maior que o Distrito Federal – e que se encontra numa esquina do tempo para superar o ontem do garimpo e mergulhar no agronegócio e turismo. Situação semelhante à dele enfrentou o presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), Neurilan Fraga, nos oito anos em que foi prefeito de Nortelândia. Neurilan observa que existe muito em comum entre as duas cidades, mas que cada uma tem suas atipicidades. “(Em Nortelândia) a criação de uma cooperativa foi uma das principais iniciativas para fomentar a atividade empreendedora e oferecer novas oportunidades de trabalho para a população”.
TURISMO – Uma parceria da prefeitura com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT) faz inventário de todos os pontos turísticos.
Com esses dados será elaborado um Plano de Turismo do município, que neste ano passou a integrar a Rota Estadual do Turismo.
A natureza foi generosa com Poxoréu. Seu cerrado multicolorido e com centenas de espécies de aves e animais é banhado por rios e córregos, que na acidentada topografia formam cachoeiras e saltos com águas cristalinas. Mirantes, morros, cavernas e furnas estão à espera dos turistas e em algumas áreas foram encontradas pegadas que podem ser de dinossauros. Um discreto levantamento paleontológico definirá se os gigantes que desapareceram da superfície da Terra há 65 milhões de anos perambularam ao pé do Morro de Mesa. Se confirmada a presença deles, o município terá um componente raro a oferecer em suas rotas turísticas.
Dinossauros e cachoeiras à parte. O melhor endereço pra se ouvir a boa moda de viola é Poxoréu, que anualmente promove o Encontro Nacional de Violeiros, que chegou à 17ª edição. Grandes músicos, cantores e grupos de catira marcam encontro com os fãs nesse evento, que projeta a cidade nos meios musicais.
Entre uma edição e outra Poxoréu lapida novas gerações de violeiros em sua escola de música sempre de portas abertas às crianças e adolescentes do município.
CULTURA – Poxoréu é importante polo cultural mato-grossense e berço de escritores e jornalistas. Um de seus orgulhos é o Instituto Histórico e Geográfico (IHG Poxoréu) presidido pelo professor Gaudêncio Amorim e composto pela intelectualidade do município. Seu acervo é recheado por preciosidades históricas e tem um arquivo fotográfico em preto e branco com o cotidiano de famílias pioneiras e tradicionais.
PARA SEMPRE – Poxoréu é um ímã. Quem a definiu assim foi o médico e ex-prefeito Antônio dos Santos Muniz. Exemplo dessa paixão deu o religioso italiano Attílio Giordani, que trabalhava na Missão Salesiana em Poxoréu e que gostava tanto do lugar, que ao morrer, em 1972, seu coração foi mantido naquela cidade, mesmo com seu corpo tendo sido trasladado para sepultamento na Itália.
Attílio Giordani, 59 anos, sofreu infarto quando participava de uma reunião de salesianos, em Campo Grande (agora Mato Grosso do Sul). Apaixonado por Poxoréu, onde vivia com a mulher e os três filhos do casal, mesmo depois de sua morte, simbolicamente ele continua naquela cidade.
A família de Attílio, atendendo um pedido seu, entregou o coração à igreja, para que ele fosse enterrado sob uma das colunas do altar da Matriz São João Batista.
O coração de Attílio, colocado dentro de um vidro lacrado e com formol, foi encontrado em novembro de 2015 durante uma reforma na matriz São João Batista. A igreja o mudou de lugar, mas o manteve em sua nave: ele foi enterrado à direita de sua entrada e sobre o lugar assentou-se uma placa de bronze com os dados do religioso. Attílio é considerado venerável pela igreja. Esse título é o primeiro passo para a canonização dos santos do catolicismo.
Attílio integrava o núcleo de italianos da Missão Salesiana em Poxoréu, sob a liderança do padre Pedro (padre Pietro Melessi, na grafia original em seu país). Sacerdotes e religiosos daquela congregação construíram escolas e igrejas no município. Padre Pedro dirigiu o Hospital e Maternidade São João Batista, que é administrado pelos salesianos.
Padre Pedro morreu em Campo Grande (MS), aos 91 anos, em 8 de abril de 2016.
Um só povo na cidade e distritos
Poxoréu e seus distritos Alto Coité, Aparecida do Leste, Paraíso do Leste e Jarudore formam uma comunidade, mesmo com a distância que os separa. Nesse grupo, os 4.706 hectares de Jarudore são questionados pela Funai e o Ministério Público Federal para se transformar numa terra indígena dos Bororo. A ação se arrasta desde 2006 e seu último capítulo foi em 24 de setembro deste ano. Naquela data uma decisão do vice-presidente e presidente em exercício do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília, desembargador federal Kassio Nunes Marques, acatou a fundamentação da Prefeitura de Poxoréu questionando uma liminar da Justiça Federal em Rondonópolis, que determinava a retirada dos moradores de parte do distrito.
A ação tramita e o líder da resistência pacífica em Jarudore, Carlos Antônio do Carmo, o Mineiro, confia num desfecho justo e favorável. Essa crença é comum aos 1.650 habitantes do lugar, que ali moram e trabalham mansa e pacificamente. De igual modo pensa a professora Ana Rosa Gomes, que é diretora da Escola Estadual Franklin Cassiano fundada em 1947. Ana Rosa foi aluna da escola, que tem 300 matriculados e ao longo de 72 anos de funcionamento ininterrupto recebeu 20 mil alunos.
Cíntia do Carmo Silva, de 17 anos, aluna da Franklin Cassiano, traduz bem o sentimento de Jarudore sobre o pedido de desintrusão. “Estudei toda a minha vida aqui. Não estamos preparados para isso”, resumiu.
Um dos pioneiros, Ilto Francisco dos Santos, de 79 anos, chegou a Jarudore em 1947. Natural de Guiratinga, o morador demonstra otimismo com a decisão judicial que se aguarda, mas mesmo assim demonstra angústia com a possibilidade de ter que sair, caso a desintrusão seja confirmada. “Cheguei aqui ainda criança, casei, tive três filhos, meus pais faleceram aqui e não tenho ideia para onde ir”, frisou. A preocupação também é comum ao agricultor Natalício José da Silva, de 74 anos, que há sete décadas mora em Jarudore. “É de doer essa ameaça de termos que sair daqui. Cheguei aqui com quatro anos, cresci aqui, trabalhei na lavoura, tive quatro filhos e dois deles ainda vivem aqui”, afirmou.
Redação blogdoeduardogomes
FOTOS: Assessoria e Arquivo blogdoeduardogomes
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Gildázio Freitas – via Facebook