Grito do Ipiranga por Jarudore

O Grito do Ipiranga

Um grito. Bastou apenas um grito para o Brasil quebrar os grilhões portugueses e seguir a trajetória da soberania plena, reconhecida por seu povo e internacionalmente. Independência ou morte! Assim bradou o Príncipe Regente Dom Pedro I à margem do riacho Ipiranga, em São Paulo, numa data que tem que ser mantida na memória cívica coletiva nacional: 7 de setembro de 1822. Todo país livre, que respeita seus cidadãos, não os submete a diáspora interna e lhes assegura o direito de viverem em seu ambiente social, ainda que haja turbulência para removê-los. Acredito que seja exatamente isso o que pensa o presidente Jair Bolsonaro em relação ao distrito de Jarudore, município de Poxoréu, que em sentença de primeira instância da Justiça Federal em Rondonópolis está no limbo da legalidade à espera do cumprimento da primeira de duas desintrusões – numa espécie de fatiamento – para transforma-lo em terra dos índios bororos.

Bandeira, símbolo nacional

Dom Pedro proferiu a frase que a Princesa Maria Leopoldina de Áustria (Carolina Josefa Leopoldina Francisca Fernanda de Habsburgo-Lorena),  o Patriarca José Bonifácio de Andrada e Silva, e os demais integrantes do movimento pela Independência também profeririam. Bolsonaro, numa questão infinitamente menor, mas que fere a nacionalidade, também gritará, mas não o fará aos moldes do Príncipe. O presidente não governa somente para uns nem para ideologia – preside todos os brasileiros. Nesse contexto, na esfera administrativa, seu governo discutirá a questão com transparência e amplitude, por meio de uma Câmara de Conciliação, que terá à frente o ministro André Mendonça, que é o chefe da  Advocacia Geral da União (AGU), e que será composta por representantes do Ministério da Justiça, Funai, Ministério Púbico Federal, Prefeitura e Câmara de Poxoréu, Governo e Assembleia Legislativa de Mato Grosso,  bancada federal mato-grossense, representantes dos moradores na área e lideranças daquela etnia indígena. Isso, sem cruzar o limite da independência dos Poderes, mas apresentando em recurso ao Judiciário a síntese apurada pela citada Câmara.

Diálogo em alto nível. Sem ranço entre as partes, afinal tanto índios quanto moradores em Jarudore têm o mesmo DNA da nacionalidade brasileira. No apagar das luzes de agosto, Bolsonaro recebeu em Brasília uma delegação mato-grossense integrada pelo governador Mauro Mendes; senadores, deputados federais e deputados estaduais. Sereno, o presidente deixou claro que defende a harmonia, e que em nome do entendimento o governo poderá adquirir uma área para eventual compensação territorial aos bororos – e de preferência que ela se situe ao lado de uma de suas reservas.

Ao contrário do que aconteceu em 2012 com a desintrusão da gleba Suiá-Missú – conhecida na região como fazenda do Papa – no Vale do Araguaia, quando o presidente Lula da Silva vibrou com a retirada de uma população com aproximadamente 5.500 brasileiros que viviam na vila Estrela do Araguaia e sua zona rural, para a criação da reserva Marãiwatsédé, dos xavantes, Bolsonaro fez valer sua condição de líder da Nação. Deu ordem para a Funai integrar a Câmara – coisa impensável nos governos de José Sarney, Collor de Melo, Itamar Franco, FHC, Lula da Silva, Dilma e Temer.

Com o espírito da Semana da Pátria vemos que a Funai não é um Estado dentro de um Estado, mas sim, um dente da engrenagem da União.  Ao enquadrar aquele órgão indigenista vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, Bolsonaro devolve ao Brasil o trato transparente das questões indígenas, até então geridas sobre viés ideológico entre quadro paredes, e que em momento algum levavam em conta os verdadeiros interesses nacionais.

A luta dos moradores de Jarudore, liderados por Carlos Antônio do Carmo, o Mineiro. continua, mas agora por caminhos lógicos, sensatos e com visão nacionalista por parte de quem tem poder decisão, ao contrário do que acontecia no passado, quando a Funai atormentava a população jarudorense como se seu posicionamento fosse uma batida de martelo do Estado Brasileiro.

Participando e fora da Câmara, a AGU assume a bandeira pelo estabelecimento da segurança jurídica em Jarudore. Essa é uma conquista que merece comemoração.

Jarudore

Políticos também continuarão atuando na questão de Jarudore. Afinal, somos uma democracia, mas é preciso cautela com as versões e os discursos oportunistas de detentores de mandatos, muitos dos quais estiveram calados até ontem, e que agora se apresentam como se fossem salvadores da pátria.

Organizações não governamentais são cartas fora do baralho de Jarudore. Pela praticidade, objetividade e em nome da moralidade, Bolsonaro as quer bem distantes.

A ação judicial que pede a desintrusão de Jarudore se arrasta desde 2006. É um longo período. Seu desfecho está próximo. A população jarudorense confia no presidente Bolsonaro e pode, alegre, cantar para si, o Hino da Independência, que no sentido pátrio mais amplo possível nos ensina que somos livres:

Já podeis da Pátria filhos

Ver contente a Mãe gentil

Já raiou a liberdade

No Horizonte do Brasil

Que nesta Semana da Pátria todas as vozes de Jarudore tenham a força do Grito do Ipiranga.

E que os jarudorenses acreditem que os tempos agora são outros, porque o presidente vê o Brasil pelo olhar de seu povo e não permitirá jamais que famílias sejam jogadas no olho da rua, como aconteceu em Estrela do Araguaia.

Por mais fortes que sejam os interesses contrários a Jarudore, o presidente os sufocará. O Hino da Independência nos diz isso, como se seu autor, o jornalista Evaristo Ferreira da Veiga e Barros, enxergasse numa imaginária bola de cristal que um dia uma população ribeirinha ao rio Vermelho, fosse ameaçada de expulsão de suas casas e Bolsonaro, com sua mão poderosa, impedisse tamanha insensatez:

Os grilhões que nos forjava

Da perfídia astuto ardil

Houve Mão mais poderosa

Zombou deles o Brasil

Nessa Semana da Pátria ouçam a voz do vento. Ela ecoa o Grito do Ipiranga por Jarudore.

Eduardo Gomes de Andrade – blogdoeduardogomes

eduardogomes.ega@gmail.com

 

FOTOS:

Sobre imagem do quadro do artista Pedro Américo

Demais: Arquivo blogdoeduardogomes

 

 

 

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