Qual o desempenho dos parlamentares do PSL?

Democracia é o melhor regime e não duvido disso, mas ao mesmo tempo é endossante de absurdos políticos. Como assim? Ora, o ato de filiação promovido pelo PSL, que acontece neste sábado, 17, em Cuiabá, responde a esse questionamento. Como assim? Até recentemente partido orelha de freira*, essa sigla ganhou dimensão nacional com a eleição do presidente Jair Bolsonaro – que conquistaria o poder independentemente de sua ficha de filiado – mas seus parlamentares mato-grossenses – que o representam regionalmente – não apresentaram desempenho satisfatório nos quase sete meses de seus mandatos.

Qual argumento o parlamentar de Mato Grosso pode apresentar ao eleitor para se filiar ao PSL?

– Nenhum, diria. Explico: o PSL tem uma senadora, um deputado federal e dois deputados estaduais. O que cada um fez ao longo do mandato?

A senadora Selma Arruda, campeã de votos ao cargo, foi condenada à perda do mandato pelo Tribunal Regional Eleitoral por supostos crimes de caixa 2 e de abuso de poder econômico. Essa situação desconfortante praticamente anulou sua atuação parlamentar.

O deputado federal Nelson Barbudo – também campeão de votos ao cargo – com o devido respeito que merece seu mandato, não se situou ainda em plenário. Sua discurso agressivo de direita, que o elegeu na sombra de Bolsonaro, não se traduziu em atuação parlamentar produtiva Está mais para uma figura folclórica do que representante do povo mato-grossense.

Sobre Selma e Barbudo, os dois não conseguiram convencer Bolsonaro a liberar o FEX retido de Mato Grosso, não conseguiram avançar a pavimentação da BR-158 no Vale do Araguaia; na verdade nada conseguiram.

Os deputados estaduais Delegado Claudinei e Sílvio Fávero nada fizeram a não ser a defesa incondicional dos interesses do governador democrata Mauro Mendes. Claudinei dedicou boa parte do tempo a distribuir cidadanias e outros mimos protocolares a centenas de figuras Mato Grosso afora. Fávero, ganhou o noticiário por um lamentável episódio: foi mordido por um cão.

Com o desempenho de seus parlamentares o PSL não tem credencial política para buscar filiados. Mesmo assim muitos correrão para suas fileiras. Afinal, Mato Grosso é a essência do governismo. Quando Dante de Oliveira chegou ao governo estadual filiado ao PDT houve correria em busca daquela sigla; Dante migrou para o PSDB e levou multidão consigo. Blairo Maggi assumiu o Paiaguás quando era filiado ao PPS e os comensais do poder correram atrás daquele partido; Blairo trocou o PPS pelo PR e quase todos e mais um pouco pularam para seu barco. Filiado ao Democratas o governador Mauro Mendes está transformando sua sigla no destino do oportunismo.

Collor era filiado ao estranho PRN quando venceu a disputa presidencial – seu PRN diferia do PSL apenas na sigla, mas ambos são dois nanicos sem ideologia, sem razoabilidade política. Bolsonaro em 2018 tinha a força do velho MDB, que elegia poste – daí o desempenho de seus correligionários na Terra de Rondon.

Prefeito mato-grossense sente urticária quando está fora do partido que tem as rédeas do poder – vereador, também – e seguramente o PSL receberá dezenas de prefeitos, que  se somarão aos seus três filiados que respondem por prefeituras.

A festa de filiação do PSL terá muitos nomes e promessas de novos filiados em breve. A Imprensa divulgará com riqueza de detalhes. blogdoeduardogomes não entra nessa pirotecnia.

Mais importante do que relacionar os adesistas é cobrar aos parlamentares mato-grossenses. Quando começará a atuação deles na bancada federal e na Assembleia? Chega de lambeção com Bolsonaro, chega de entupir Mato Grosso com honrarias, chega de bajular Mauro Mendes. Selma, Barbudo, Claudinei e Fávero devem satisfação ao eleitorado que lhes deu o poder.

Portanto, caso seja convidado a se filiar ao PSL pergunte aos seus parlamentares o que eles fizeram e fazem por Mato Grosso. Se disserem que estão de braços cruzados fuja deles. Se afirmarem que fizeram ‘isso” e “aquilo“, continue distante porque a mentira não é boa resposta.

*Orelha de freira é uma expressão popular. O hábito, vestimenta religiosa, cobre as orelhas. Daí…

Eduardo Gomes de Andrade – blogdoeduardogomes

FOTO: Ilustrativa

 

 

 

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