Polícia Civil sucateada em Canarana

Um prédio em péssimas condições. Quase germinada a um Centro de Detenção Provisória (CDP) com 80 vagas e sempre com excesso de presos. Com efetivo reduzido. Essa é a situação da Delegacia de Polícia de Canarana, no Vale do Araguaia. Para agravar esse cenário, as fossas do CDP ficam ao seu lado. Essa a realidade naquela cidade que é sede de um município com 10.882 km² – praticamente o dobro da área do Distrito Federal. Em suma: a Polícia Civil está sucateada naquele município.

Essa situação se arrasta há alguns anos e preocupa autoridades locais, a exemplo do vereador Rafael Govari (PSC) que cobra providências ao governo. A Secretaria de Segurança Pública reconhece a situação, mas não tem solução imediata, pois no momento a política de Segurança aponta para o fechamento de delegacias e CDPs, em nome da redução do custeio e também para que o governo deixe de ultrapassar os limites impostos pela Lei de Responsabilidade Fiscal e encontre o equilíbrio fiscal – a isso o secretário de Segurança Alexandre Bustamente dá o nome de readequação.

O prédio da delegacia é antigo e seu telhado está seriamente comprometido. Em outubro, quando começar o período das chuvas, policiais e usuários dos serviços de Segurança terão que enfrentar o crônico problema das goteiras, que provocam mofo nas paredes e colocam em risco arquivos e mobiliário.

“Na verdade as instalações não oferecem condições de salubridade. Para agravar, quando chove, as fossas do presídio ao lado, transbordam, o que dificulta o acesso à delegacia”, observa Govari.

As instalações da delegacias são precárias. Por razão de segurança essa condição não será estampada em fotos.

O efetivo da Polícia Civil é composto por um delegado, três escrivães e oito investigadores para atendimento a uma população com 21.311 habitantes.  O número de investigadores ali lotados não é o que atua na ponta das investigações 24 horas. Um investigador atende o Cartório Central; quatro registram ocorrências e fazem a guarda patrimonial da delegacia; somente três trabalham nas investigações cumprindo escala.

O vereador Rafael Govari

Mesmo com o reduzido número de policiais civis, Govari destaca que a Polícia Civil atua satisfatoriamente, mas a sobrecarga funcional numa atividade estressante, mais dia menos dia, afetará o rendimento e, pior, poderá comprometer a saúde do policial.

Canarana é um município que exige trabalho complexo de segurança. Além da extensão territorial, de comunidades distantes da cidade,  de uma grande malha rodoviária, há intensa movimentação nas agências bancárias e a vida noturna é agitada pela juventude que em parte é universitária.

O delegado geral Mário Dermeval Aravechia de Resende tem conhecimento da realidade de sua instituição em Canarana, mas esbarra em dois obstáculos: falta de recursos orçamentários para melhorar a estrutura física da delegacia e aumentar o número investigadores lotados no município. Para amenizar parte do problema, autoridades locais terão que usurpar a função do Estado no melhor sentido da palavra, cedendo nova sede para a delegacia. Quanto ao aumento do efetivo não há luz no fim do túnel, porque o decreto de calamidade financeira em Mato Grosso baixado em janeiro pelo governador democrata Mauro Mendes, com validade até meados deste julho, foi prorrogado por mais quatro meses, ou seja: vigorará até meados de novembro. Esse decreto impede a realização de concurso público.

COMPARATIVO – Canarana proporcionalmente é a cidade do Médio Araguaia com menor efetivo da Polícia Civil. Água Boa, com 25.229 habitantes tem 20 investigadores; Nova Xavantina, com 21.231 residentes, tem 15; Querência, com 17.014, tem 8; Ribeirão Cascalheira, com 10.081, tem 6.

Redação blogdoeduardogomes

FOTOS: Rafael Govari

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Comentários (1)
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  • Inácio Roberto Luft

    Lamentável o abandono do patrimônio público, enquanto se bancam salários altíssimos em funções públicas.