O Brasil tem que ser passado a limpo. O país exige uma assepsia nos gastos e na gestão dos recursos públicos. Não basta apenas fechar o cerco sobre a classe política. Pra que a faxina produza os resultados que esperamos é preciso que ela sejam incluídos o Judiciário, Ministério Público, Forças Armadas, as universidades e escolas federais, e tudo mais que exista de institucional em todas as esferas. A necessidade dessa limpeza torna-se ainda mais cristalina na esfera mato-grossense face ao vergonhoso episódio do corte da energia da UFMT.
Isso mesmo! A querida, respeitada e admirada UFMT não está acima da lei nem do bem e do mal. Os recursos que a sustentam são públicos. Não se trata de caça às bruxas, mas da necessidade de transparência na movimentação orçamentária da Fundação Universidade Federal de Mato Grosso.
Milito na Imprensa há décadas e nunca cobri reunião da reitoria da UFMT com jornalistas para discutir orçamento ou detalhar sua aplicação em informal prestação de contas. A Universidade que tanto orgulha Mato Grosso é um poço silencioso sobre seu orçamento, que é superior ao da administração direta de Várzea Grande e Rondonópolis.
Instituição difusora do saber e geradora de ciência e tecnologia, a UFMT é um grande mistério quando o assunto são os recursos que movimenta. Seu orçamento em curso é de R$ 990.571.625. Desse montante, 99,6% são oriundos do Tesouro Nacional e 0,94% de receitas próprias. Dessa dinheirama, R$ 849.697.739 são destinados à folha salarial, R$ 121.799.277 para manutenção e R$ 9.798.881 para investimentos. Com o contingenciamento a partir de maio esse número mudará. Essa mudança tem que ser informada pela reitoria.
Trata-se de um orçamento salutar.
A reitora Myrian Serra não faz uma administração transparente, a exemplo do que aconteceu com muitos de seus antecessores. A Universidade, sempre pronta ao debate ideológico, é a mesma que faz silêncio sobre seu orçamento. É preciso que se apure, o mais rápido possível, o que se passa na UFMT, que chegou ao ponto de deixar acumular seis meses sem pagamento de energia elétrica, sendo quatro faturas de 2018 e duas do corrente ano.
O corte da energia, a julgar pela forma que setores da UFMT o tratam e a reitora o antecipou, foi recebido com bons olhos, porque o mesmo estaria associado ao contingenciamento de 30% do orçamento anunciado em 30 de abril pelo Ministério da Educação. O detalhe é que as faturas pendentes venceram antes do anúncio da redução orçamentária.
A inadimplência da UFMT com a distribuidora de energia Energisa resultou no corte do fornecimento na terça-feira, 9 deste julho. O ministro da Educação, Abraham Weintraub, tomou conhecimento da situação no dia 11. Um jogo de palavras apresenta duas versões para o restabelecimento da energia: Weintraub teria determinado envio de recursos para tanto ou Myrian Serra teria negociado com a Energisa? A verdade virá à tona em breve.
O episódio do corte da energia chamou a atenção sobre a UFMT deixando claro que sua gestão não prima pela competência, não se pauta pela transparência nem se deixa guiar pela ética. O governo federal, que irriga o cofre da Universidade, precisa decretar intervenção financeira na instituição e promover uma devassa em sua contabilidade, com bom recuo temporal, sem prejuízo do funcionamento dos cursos – razão de ser da instituição.
A reitora Myrian Serra e seus últimos antecessores sempre se pautaram por discurso de esquerda. Com a eleição do presidente Jair Bolsonaro esse mote ganhou mais intensidade. A direção da UFMT tenta satanizar Bolsonaro, e salvo melhor juízo, para lançar a opinião pública contra ele, não economiza em alertas sobre suposto sucateamento, incluindo o cadeado no zoológico no Campus Gabriel Novis Neves, em Cuiabá.
Uma intervenção nas finanças da UFMT mostraria o que realmente se passa naquela instituição. Também serviria para botar fim do discurso carregado de ódio contra Bolsonaro por parte do grupo ligado à reitoria e separaria o joio do trigo.
A nossa UFMT tem apenas 49 anos e está nos primeiros passos de sua caminhada. Que ela não sucumba por gestão temerária, que não seja palco de improbidade administrativa, e que sobre ela não vigore nenhuma decisão governamental que lhe subtraia os recursos necessários ao seu funcionamento.
Sem paixão ideológica. Sem retaliação ou revanchismo político. Apenas com a verdade e a lisura, que o governo federal passe a limpo a gestão financeira da UFMT, essa instituição que se agiganta pela dedicação e o compromisso de seus professores e servidores.
Que fique bem claro: a UFMT não foi criada para ser uma Universidade de esquerda, nem de direita, mas uma instituição coletiva. Que todos também saibam que a administração de seu orçamento exige transparência, decência e coerência. Não basta somente aplicá-lo sem improbidade: é preciso que a aplicação não tenha viés ideológico.
Finalizando, que a reitora Myrian Serra entenda a gravidade do momento e facilite a intervenção nas finanças pedindo que a mesma aconteça.
Não basta tirar a UFMT da escuridão pelo corte de energia. Antes de tudo é imprescindível assegurar que sobre ela paire a luz democrática do pluralismo ideológico sem o fantasma da arraigada corrupção.
Eduardo Gomes de Andrade – editor de blogdoeduardogomes
FOTOS:
1 – Arquivo blogdoeduardogomes
2 – Divulgação UFMT
Texto que deveria servir para reflexão, mas certamente, para alguns, será alvo de críticas por não coadunar com seu pensamento! Lógico. Quem tem coragem de escrever a verdade, sempre é mal visto, até pela falta de argumentos.