06 – AGRO – Política da vitimização do produtor rural

Tão ou maior que a produção agrícola em Mato Grosso é o chororô das entidades representativas puxadas pela Federação da Agricultura e Pecuária (Famato), a Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja) e a Associação dos Produtores de Algodão (Ampa). Não é fácil se chegar à informação precisa, clara e objetiva sobre produção produtividade agrícola e rentabilidade. Uma verdadeira máquina disseminadora de pessimismo e criadora de fantasiosas catástrofes financeiras se encarrega de massificar adversidades criadas atrás das orelhas e frustrações de safras que nunca se confirmaram a médio ou longo prazos, muito embora raramente ocorram oscilações de um para outro ano. Ora a máquina culpa o El Niño pelo caos. Ora joga nas costas de São Pedro. Ora, os responsáveis são os fungos, as doenças e assemelhados. O dólar jamais é absolvido; quando sobe não se diz que ele é a moeda que paga as commodities exportadas – fala-se apenas que os insumos são cotados por ele; quando despenca o discurso muda e a moeda americana se transforma no vilão muquirana. O frete é um marginal! Nunca tais entidades tiveram a decência de dizer: obrigado Mato Grosso por sua generosidade com nossos sindicalizados ou associados! Fazendo coro com elas, jornalistas e formadores de opinião se prestam ao ultrajante papel de avalizarem com seus textos, vozes e imagens a deslavada mentira que pinta a agricultura como atividade insegura e sem lucratividade, como se ela não fosse o que é: transformadora de pobres em suas regiões de origem em barões da soja na abençoada e ensolarada terra do Marechal Rondon.

Não confiem nos números da tragédia fabricada.

O texto acima é do capítulo IV (Pág. 44) do livro Nortão BR-163: 46 anos depois publicado em 2016 pelo jornalista Eduardo Gomes de Andrade sem apoio das leis de incentivos culturais.

CAPA: Édson Xavier