AMM faz videoconferência com bancada pra prorrogar mandatos de prefeitos

Numa videoconferência às 10 horas desta nesta terça-feira, 2, a Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM) e a bancada federal de Mato Grosso tendo à frente o senador republicano Wellington Fagundes promoverão um debate que na verdade será verdadeiro atentado à democracia.
Os participantes serão congressistas, prefeitos e o presidente da AMM, Neurilan Fraga (PL). O tema central: aborda a proposta de emenda à constituição (PEC) de autoria de Wellington que pede a prorrogação dos mandatos dos prefeitos e vereadores até 2022, sob a justificativa de existência da pandemia do coronavírus. Esse argumento se reforça na realização de eleições estaduais naquele ano. Secundam a PEC, o senador Jayme Campos (DEM) e os senadores Telmário Mota (PROS/RR), Rodrigo Pacheco (DEM/MG), Maria do Carmo Alves (DEM/SE), Marcelo Castro (MDB/PI), Nelsinho Trad (PSD/MS), Mailza Gomes (PP/AC), Zequinha Marinho (PSC/PA), Mecias de Jesus (REPUBLICANOS/RR), Acir Gurgacz (PDT/RO), Weverton (PDT/MA), Major Olimpio (PSL/SP), Elmano Férrer (PODEMOS/PI), Rose de Freitas (PODEMOS/ES), Plínio Valério (PSDB/AM), Confúcio Moura (MDB/RO), Ciro Nogueira (PP/PI), Izalci Lucas (PSDB/DF), Eduardo Gomes (MDB/TO), Sérgio Petecão (PSD/AC), Zenaide Maia (PROS/RN), Alvaro Dias (PODEMOS/PR), Luis Carlos Heinze (PP/RS), Irajá (PSD/TO), Omar Aziz (PSD/AM), Eliziane Gama (CIDADANIA/MA).
Não se pode negar a ocorrência da pandemia, que exige o máximo cuidado por parte da população, mas nem por isso se pode pensar em prorrogar mandatos. Caso se faça necessário, que se adie os pleitos municipais para dezembro, porém dentro dos mandatos em curso.

Eleição é ato que tem a participação de parcela da população, mas que exclui crianças, adolescentes e idosos acima dos 70 anos, cujo voto é facultativo. Prevalecendo o bom senso é possível ampliar em uma ou duas horas o período da votação, impedir a presença de não eleitores nas cabines eleitorais e eliminar totalmente a figura do cabo eleitoral contratado oficialmente sob outro argumento, mas com a clara finalidade de fazer a chamada boca de urna.
Convenção não exige presença de público e pode ser realizada de maneira discreta. Campanha em tempos de redes sociais naturalmente migra para a internet. Onde for possível os debates pelo rádio e televisão podem ser realizados desde que precedidos de cuidados. O fim dos comitês e das carreatas seria algo profilático e afastaria o abuso do poder econômico das eleições
A proposta de Wellington com a PEC ganha respaldo de prefeitos e vereadores, mas nem por isso deve ser sacramentada. Avalio que o senador assim se posiciona – secundado por seu liderado Neurilan Franga – por instinto de sobrevivência política. Wellington regionalmente preside o PL, que dentre os grandes municípios controla somente a prefeitura de Sinop, com a prefeita Rosana Martinelli. Rosana, por injunções locais apoiará o tucano Nilson Leitão na eleição suplementar ao Senado, o que consequentemente a aproximará do tucanato e a afastará do presidente de seu partido.
Wellington sabe que as eleições desde ano serão importantíssimas para seu projeto político em 2022, quando ou tentará a reeleição ou outro cargo. Sem base eleitoral municipal o senador corre o risco de ser rifado da vida pública. Daí, seu apelo pela prorrogação, o que numa visão mais ampla é um casuísmo que atenta contra o verdadeiro princípio democrático.
Não tentem criar cavalo de batalha para justificar adiamento das eleições. Observem que diariamente mais de 550 mil usuários do transporte coletivo em Cuiabá, Várzea Grande, Rondonópolis, Sinop e outras cidades mato-grossenses são transportados. Continuem observando e notem que funcionários dos supermercados, padarias, açougues, postos de combustíveis, segurança pública, saúde e de tantos outros setores trabalham todos os dias. Por que lançar o olhar dito complacente do Estado somente sobre o eleitor?
Eleição municipal é o verdadeiro pilar da democracia. A alternáncia do poder é a grande magia que faz pulsar o princípio da liberdade no município que é a base territorial do Brasil O pleito universaliza as cidades. Nele, o eleitor pode escolher o sucessor de um bom administrador reeleito igual a Francis Maris, em Cáceres; Adriano Pivetta, em Nova Mutum; Wemerson Prata, em Salto do Céu. Reeleger grandes prefeitos a exemplo Janailza Taveira, em São Félix do Araguaia; Silvinho Morais, em Ponte Branca; Ronivon Parreira. em Ribeirãozinho; Nelson Paim, em Poxoréu; Carlos Sirena, em Juara; João Cleiton, em Canabrava do Norte; Antonio Leite, em Tesouro; Euclides Paixão, em Mirassol D’Oeste, Dalva Peres, em Cocalinho; Abdo Mohammad, em Jaciara. Impedir a reeleição de figuras iguais a Emanuel Pinheiro, em Cuiabá; Zé Carlos do Pátio, em Rondonópolis; e Jeferson Cadeirante, em Comodoro.
Eleição é o chamado orgasmo cívico da população e nessa quadra da vida institucional não pode ser ferramenta de manobra como foi no período em que o general Golbery do Couto e Silva aumentava e encolhia mandatos de prefeitos e vereadores.
A pandemia passará. Se Deus quiser, passará! Mas, ainda que no final do ano ela continue vitimando é preciso que se realizem as eleições. Reajam contra esse golpismo. Não deixem que as forças políticas no poder em prefeituras e câmaras municipais manobrem por mais dois anos de mandato.
Tenhamos nosso encontro com as urnas em 2020 e que Wellington as encontre em 2022 como espelho da realidade política mato-grossense.
Eduardo Gomes – Redação blogdoeduardogomes
FOTOS:
1 – Agência de Notícias AMM – Divulgação
2 – Gabinete do senador Wellington Fagundes – Divulgação
Comentários estão fechados.