Agro e Nortão unem Leitão, Pivetta e Fávaro; as urnas os separam

Numa reunião com pouca participação e bem diferente dos períodos em que o PSDB governava Mato Grosso, os tucanos bateram o martelo na quinta-feira, 27, sobre a pré-candidatura de Nilson Leitão ao Senado na eleição suplementar marcada para 26 de abril Com essa opção Leitão e seus previsíveis adversários, o vice-governador Otaviano Pivetta (PDT), e o ex-vice-governador Carlos Fávaro (PSD) serão três dos representantes do agronegócio e do Nortão na disputa.

Tucano que é tucano nunca decide de imediato. O partido bateu o martelo, mas seu presidente regional e deputado estadual Carlos Avallone deixou uma brecha democrática para não frustrar o sonho do ex-senador e ex-governador Pedro Taques, que está em traje de gala ao pé do altar esperando a chegada da noiva chamada candidatura ao Senado.
Mesmo com o zelo democrátco de Avallone o tucanato aposta todas as fichas em Leitão. Taques ainda não se refez da surra eleitoral que levou em 2018, quando tentou se reeleger governador e ficou em terceiro lugar – foi o único governante mato-grossense que não conseguiu o segundo mandato consecutivo. Além disso, e do alto índice de rejeição que marcou o final de seu governo, Taques se elegeu senador em 2010 e renunciou ao cargo em dezembro de 2014, para assumir o Palácio Paiaguás e seu suplente José Medeiros (Podemos) o substituiu. Ficaria difícil explicar ao eleitor que o senador que renunciou ao mandato quer voltar ao cargo.
Aparentemente, entre as plumas azuis dos tucanos, Leitão é o xodó. Seu currículo político inclui mandato de vereador por Sinop, onde foi prefeito reeleito; suplência de deputado estadual, deputado federal, líder do PSDB na Câmara e a presidência da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), da qual agora é consultor altamente remunerado.

Em 2018 ao disputar o Senado numa chapa partidária com os suplentes Luiz Carlos Nigro, empresário em Cuiabá, e Rejane Garcia, vice-prefeita de Água Boa, Leitão concentrou o forte de sua campanha em Cuiabá e municípios da chamada Baixada Cuiabana. Isso, na avaliação do prefeito de Cáceres e seu correligionário Francis Maris, foi terrível estrategicamente. “Ele (Leitão) teria que trabalhar mais o eleitorado de sua região, o Nortão” – observa Francis.
O erro estratégico observado por Francis deixou Leitão no incômodo quinto lugar com 330.430 votos, na disputa vencida por Selma Arruda (à época PSL) e Jayme Campos (DEM).
Se em 2018 o azar foi o erro estratégico, agora, após a convenção tucana em 11 de março, o quê da questão será o fatiamento do eleitorado do Nortão, onde Leitão, Pivetta e Fávaro moram.

Leitão é pré-candidato pelo PSDB e reside em Sinop, que tem 95.582 eleitores, e onde em tese deverá ser o mais votado.
Pivetta tem domicílio em Lucas do Rio Verde, com 45.300 eleitores, mas sua principal base tem que ser estendida ao vizinho município de Nova Mutum (com 28.667 eleitores), uma vez que seu irmão e correligionário Adriano Pivetta é prefeito daquela cidade pela quarta vez; na soma a base de Pivetta chega a 73.967 votos.
Mesmo em tese devendo ser o mais votado em Sinop, Leitão não será rei nas urnas daquele município, onde a prefeita liberal Rosana Martinelli é ligada ao senador Wellington Fagundes, que é o padrinho do pré-candidato ao PL ao Senado, Neurilan Fraga.
Pivetta também não é cacique isolado em Lucas. Na eleição em 2016 foi derrotado em sua tentativa de reeleição. A liderança polítca local é dividida com Fávaro, que é correligionário e guru do prefeito Luiz Binotti.
ASSIM, Ó! – Em comum entre eles: são residentes no Nortão e representantes do agro. Tanto quanto Leitão, Pivetta também foi homologado pré-candidato pelo PDT. Fávaro ainda não se deu a esse luxo, mas no PSD ninguém discute com ele, que além de presidente é o cacique da sigla, que reúne o grupo político chamado Viúvas de Riva – ex-liderados de José Riva, que durante 20 anos chefiou a Assembleia Legislativa e deu ordens ao governo, até que caiu em desgraça política em 2015 – quando ficou sem mandato.
Pivetta é um dos maiores produtores de soja do mundo e grande exportador de carne suína.
Leitão nunca entrou numa lavoura, mas apreendeu a empunhar a bandeira dos produtores rurais tão bem, que hoje ninguém sabe onde ele termina e ela começa.
Fávaro é produtor rural, presidiu a Associação dos Produtores de Soja e Miho de Mato Grosso (Aprosoja), e em 2014, quando se elegeu vice-governador de Taques, pelo PP, seu nome foi apadrinhado por Eraí Maggi, que é um dos barões mundiais da soja.

Essa identidade entre Leitão, Pivetta e Fávaro tem força para juntos fundarem uma cooperativa ou partirem para a criação de uma trade. Nas urnas são divergentes.
RESUMO – O Nortão será bombardeado na guerra entre Pivetta, Leitão e Fávaro. Na reta final poderá faltar votos para eles, mas quando nada, a soma da votação dos três na região mostrará a força eleitoral da principal cadeia econômica mato-grossense – só que diluída, o que poderá mnatê-los tão longe do Senado como agora se encontram.
Eduardo Gomes de Andrade – Editor de blogdoeduardogomes
FOTOS:
1 – Ilustrativa
2 – Agência Câmara em arquivo
3- blogdoeduardogomes em 27 de fevereiro de 2020
4 e 5 – Site público do Governo de Mato Grosso – Divulgação
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