Boa Midia

A greve que não deu em nada

Não foi uma greve dos professores estaduais. Tratou-se de um movimento de protesto de dirigente sindicais, em sua essência, militantes do PT. Se vista por esse ângulo, a manifestação que ao longo de 75 dias paralisou boa parte das escolas da rede estadual, foi um sucesso. Sucesso, porque os líderes ganharam espaço na mídia, Cuiabá viu bandeiras vermelhas em passeata pelas ruas etc. Porém, se analisado no contexto da comunidade escolar, o protesto foi um ato de extrema irresponsabilidade, de absoluto descompromisso com a Educação, de total indiferença com os 390 mil matriculados nas 767 escolas nos 141 municípios no longo do período de braços cruzados.
A crítica não é ao professor, mas aos dirigentes do Sintep – sindicato da categoria -, uma vez que o professorado se faz representar por seus diretores.  Ao Sintep faltou responsabilidade funcional. Desde o primeiro dia do descumprimento da lei (boxe) da recomposição salarial e diante da indiferença do governador democrata Mauro Mendes, o caminho a ser seguido seria o óbvio: a Justiça.

Ao invés de chiliques, ataques verbais, paródias musicais ofensivas, bloqueio de estrada, passeatas, a assessoria Jurídica do Sintep deveria ter ingressado com ação competente exigindo o cumprimento da lei, mas o espírito petista embalou os dirigentes sindicais. O desfecho é o pior possível: ano letivo seriamente comprometido, um verdadeiro nó na escala do transporte escolar, descontrole no recebimento e aproveitamento da merenda escolar – alunos a um passo da Universidade prejudicados.

Barraca de grevistas na Assembleia Legislativa

HISTÓRICO – Em 11 de novembro de 2013 o governador Silval Barbosa sancionou uma lei complementar (510) de sua autoria, aprovada pela Assembleia Legislativa que cria um realinhamento para efeito de ganho real. A mesma estabelecia aumento de 5% em 2014; de 6% em 2015; de 7% em 2016; e de 7,69% entre os anos de 2017 e 2023. Sua aprovação foi duramente negociada com o Sintep, mas sua sanção pacificou o espírito grevista que tomava conta de dirigentes da categoria à época.

Em dezembro de 2014 o mandato de Silval terminou.  O governador Pedro Taques assumiu o Palácio Paiaguás com um discurso de Estado falido, roubado, assaltado. Aos trancos e barrancos o governador cumpriu a tal lei, mas enfiou os pés pelas mãos travando queda de braço com os servidores para não lhes pagar a recomposição geral anual (RGA). O funcionalismo foi para as ruas, ocupou a Assembleia, cercou o Paiaguás. Taques mastigoumastigou e bancou o camelô: no apagar das luzes de seu mandato parcelou a RGA de 2018, de 4,19%  em duas vezes: a primeira, de 2% em outubro, e a outra, de 2,19% em dezembro.

Candidato à reeleição em 2018 e enxotado pelas urnas no primeiro turno, Taques deu uma banana para a segunda parcela da RGA. Seu secretário de Fazenda era Rogério Gallo, o mesmo de Mauro Mendes, agora.

Mauro Mendes assumiu com um discurso tão ou mais tétrico do que aquele que se ouvia de seu guru Taques.Tanto assim, que em janeiro, mal esquentou a cadeira no seu gabinete, baixou um decreto de calamidade financeira por 180 dias – escancarou a porteira pra não pagar RGA, empurrar com a barriga dívidas com fornecedores etc.

De repente os 40 mil professores se viram nus no baile: sem RGA, sem receber o resíduo da RGA parcelada de 2018, com salário escalonado, com o 13º empurrado para o final do ano.

Mais: o professor quer a profissionalização do magistério, com a convocação de aprovados em concurso público e a eliminação dos professores contratados.

Mais ainda, mas sem muita convicção – pra rechear a pauta da greve – o professor quer reforma de centenas de escolas e alguns penduricalhos que nem mesmo ele sabe de cor quantos e quais são.

RESUMO – em 14 de agosto a greve chegou ao fim com o mesmo cenário de quando começou, em 27 de maio. Foram 74 dias de braços cruzados que terão amargo reflexo na Educação em Mato Grosso.

Redação blogdoeduardogomes

FOTOS:

1 – Ilustrativa da série

2 = blogdoeduardogomes em arquivo

 

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