Céu e inferno nos municípios mato-grossenses
Mato Grosso não tem política de vitalização e revitalização econômica de cidades para socorrer municípios em crise ou que enfrentam problemas com a exaustão mineral.
Daí. o contraste da renda per capita que entre a maior, em Campos de Júlio, com R$ 202.309,42, e a menor, em Alto Paraguai, com R$ 7.574,30, dá uma diferença de quase 27 vezes entre o primo rico e o primo pobre.

Campos de Júlio, cidade nova no Chapadão do Parecis, com 6.710 habitantes, é um dos polos nacionais do agronegócio. Daí a renda per capita de R$ 202.309,42 que lhe confere o oitavo lugar no ranking nacional. No outro extremo, Alto Paraguai, cidade antiga, também no Chapadão, com 11.238 habitantes, e que foi um dos maiores centros de extração do diamante gemológico do mundo; nesse município a renda per capita é de R$ 7.574,30, que se compara aos piores índices nacionais.
Enquanto municípios do agronegócio apresentam bons resultados no indicador social renda per capita, ex-praças garimpeiras a exemplo de Alto Paraguai, e alguns municípios antigos registram números desanimadores. Isso acontece sem que o governo estadual e a Assembleia Legislativa tentem encontrar um meio de fortalecerem os mais fracos. Todos, indistintamente, recebem o mesmo tratamento tributário.
Alto Paraguai e Diamantino são vizinhos e vivem situações opostas. No primeiro, com o fim do garimpo de diamante houve redução populacional, principalmente de jovens, que partiram em busca de trabalho. No outro, a diversificação econômica na cadeia do agronegócio garante boa qualidade de vida.
Se em Alto Paraguai houvesse uma legislação que desonerasse a cadeia tributária estadual da energia elétrica, telefonia fixa e outros itens, e o governo concedesse incentivos especiais temporários para empresas que ali se instalassem e também as já existentes, certamente o município cresceria e sua população ganharia em qualidade de vida, o que poderia atrair novos moradores.
Não há sequer preocupação em direcionar investidores para a pequenas localidades; para complicar, um verdadeiro canibalismo municipalista espalha brasas. Em recente debate na Assembleia Legislativa um palestrante citou que um grupo alemão está interessado em investir numa indústria de etanol no município de Sorriso, Presente ao evento, o deputado estadual tucano Wilson Santos usou duras palavras para dizer que brigaria para que o investimento ficasse em Cuiabá, porque (a capital) é centro de decisões políticas.

Mato Grosso se divide em bolsões de riqueza e pobreza atestados pela renda per capita. No primeiro, Santa Rita do Trivelato, com R$ 124.957,69; Nova Ubiratã, com R$ 115.474,99; Sapezal, com R$ 113.763,91; Alto Taquari, com R$ 104.237,70; Diamantino, com R$ 104.092,58; Itiquira, com R$ 91.162,75; Campo Novo do Parecis, com R$ 86.709,75; Querência, com R$ 75.163,71; e Nova Mutum, com R$ 71.101,06. Na outra ponta, São Pedro da Cipa, com R$ 8.116,08; São José do Povo, com R$ 9.747,34; Barão de Melgaço, com R$, 9.811,33; Luciara, com R$ 10.490,79; Arenápolis, com R$ 10.491,17; e Nossa Senhora do Livramento, com R$ 10.567,22.
PIB – A dinheirama que corre em Mato Grosso em meio ao contraste entre municípios resulta num Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 123,8 bilhões.
Por municípios, os 10 maiores PIB são: Cuiabá, R$ 22, 3 bilhões; Rondonópolis, R$ 9,4 bilhões; Várzea Grande, R$ 7,3 bilhões; Sorriso, R$ 5,6 bilhões; Sinop, R$ 5,1 bilhões; Lucas do Rio Verde, R$ 3,6 bilhões; Primavera do Leste, R$ 3,5 bilhões; Tangará da Serra, R$ 2,96 bilhões; Nova Mutum, R$ 9,92 bilhões; e Campo Novo do Parecis, R$ 2,8 bilhões.
O desnível entre os municípios resulta numa renda per capita estadual de R$ 37.462,74, bem abaixo do desempenho de Campos de Júlio e superior a Alto Paraguai.
Ao invés de tentar fortalecer os municípios com baixo desempenho Mato Grosso tenta lançar mais tributos sobre os mais ricos, que são polos agrícolas. A pressão do governador democrata Mauro Mendes é pela taxação do agronegócio desovado nacionalmente, uma vez que o mesmo não pode ser tributado para exportação. Não se sabe que tipo de tributos se pretende criar, ou se a meta é o aumento da alíquota do ICMS, ou até mesmo a criação de novos fundos compulsórios.
Enquanto se tenta encontrar meios para o aumento da tributação, o tempo passa e a situação dos municípios em crise se agrava.
Eduardo Gomes – blogdoeduardogomes
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