16 – AGRO – O mar branco em Mato Grosso

Da lavoura de toco o algodão virou commodity com o avanço da tecnologia no campo. Mato Grosso que sequer aparecia nas estatísticas entre os produtores nacionais assumiu a liderança da cotonicultura brasileira respondendo por cerca de 60% da pluma que abastece a demanda interna e chega aos quatro cantos do mundo.
A LAVOURA – Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), na safra em curso Mato Grosso cultiva 937,8 mil ha. A mesma fonte estima a produtividade em 277,8@/ha. A produção prevista é de 3,9 milhões/t em caroço e 1,6 mi/t em pluma de algodão.
O avanço da cotonicultura se deve a uma série de fatores: topografia, luminosidade, regularidade climática, o compartilhamento de área com a soja na rotação de cultura que permite duas safras anuais no mesmo espaço e a força do produtor rural. Porém, nesse universo, três homens foram importantes para o surgimento do mar branco que se espalha pelo Nortão, Chapadão do Parecis, Pedtrovina, Vale do Araguaia, faixa de fronteira, calha do rio das Mortes e no polo de Rondonópolis. São eles: Olacyr de Moraes, Clóves Vettorato e Adilton Sachetti.
OLACYR – Na década de 1990, na sua fazenda Itamarati, à margem da BR-364/MT-170 no município de Campo Novo do Parecis, Olacyr de Moraes realizou mais de 10 mil pesquisas e cruzamentos genéticos. As pesquisas resultaram na cultivar de algodão ITA-90, que revolucionou o conceito da cotonicultura no cerrado brasileiro e transformou Mato Grosso no maior produtor nacional de algodão.
VETTORATO – Cotonicultores mato-grossenses à beira da loucura. Baixa produtividade. Produção pequena. As lavouras sob ataque. Diretor da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT), Clóves Vettorato reuniu os pioneiros do algodão em escala empresarial. Dentre eles André Maggi, Inácio Mamana, os irmãos Sachetti, Orlando Polato, Gilberto Goellner e outros. Com eles criou um núcleo de algodão naFundação MT. Arrecadou fundos. Resolveu o problema.

Algodão havia. Faltava política para o setor. Vettorato criou o arcabouço do Programa de Incentivo à Lavoura do Algodão (Proalmat) e do Fundo de Apoio à Cultura do Algodão (Facual). Levou ambas as propostas ao governo. Pronto. Mato Grosso passou a responder por metade da pluma produzida no Brasil.
ADILTON – O produtor rural, arquiteto e político Adilton Sachetti presidiu o Sindicato Rural de Rondonópolis e a Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa) e foi um dos criadores do Núcleo do Algodão na Fundação MT. À frente da Ampa e também em nome da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) travou uma batalha na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra o subsídio que os Estados Unidos concediam aos cotonicultores americanos – o resultado foi o melhor possível para o Brasil e principalmente para Mato Grosso, que se tornou líder nacional na lavoura algodoeira respondendo por cerca de 60% da safra nacional – e venceu. Pela primeira vez os Estados Unidos perderam uma disputa na OMC
Redação blogdoeduardogomes
FOTOS: Valmir Faria – Campo Verde
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