Boa Midia

Três deputados mato-grossenses são vítimas de animais

Fávero, a terceira vítima
Fávero, a terceira vítima

Sílvio Fávero (PSL) é deputado estadual recém-empossado, mas já figura na relação dos parlamentares mato-grossenses vítimas de animais. Fávero se junta a Airton Português e Wellington Fagundes, que também baixaram enfermaria pela mesma razão.

No sábado, 9 deste março, Fávero foi atacado por um cão da raça Border Collie, quando assistia uma partida amadora de futebol, em Lucas do Rio Verde, sua cidade. O deputado estava sentando à beira do gramado quando um animal o atacou na cabeça causando-lhe ferimentos, e uma pata atingiu seu olho direito. O cão pertence a uma família amiga de Fávero.

Fávero foi internado no Hospital São Lucas, em sua cidade. No domingo recebeu alta. O parlamentar lamentou o fato.

Os ferimentos não prejudicaram a atividade parlamentar de Fávero, pois a Assembleia Legislativa encontrava-se num prolongado recesso branco de 12 dias em razão do carnaval. Somente nesta terça-feira, 12 os deputados voltam ao plenário.

Português sofreu queda durante cavalgada
Português sofreu queda durante cavalgada

ARAPUTANGA – Airton Rondina Luiz, o Português (PP) participava de uma cavalgada em Araputanga, no dia 9 de agosto de 2008. Com o foguetório seu cavalo empinou, saltou e o jogou no asfalto.

Português desacordou com a queda. Recebeu os primeiros socorros e foi removido para o Hospital Sírio–Libânes em São Paulo, no dia seguinte. Em 12 de agosto o deputado foi submetido a cirurgia para a retirada de um coágulo no cérebro. Durante muitos dias seu estado de saúde foi considerado “crítico“.

Enquanto se recuperava Português foi substituído pelo suplente e seu correligionário Antônio Azambuja. Em novembro reassumiu sua cadeira na Assembleia.

Português foi deputado e por duas vezes prefeito de Araputanga, município na faixa de fronteira com a Bolívia.

 

WELLINGTON – Quando deputado federal o senador Wellington Fagundes foi vítima de um animal. Esse episódio virou capítulo do livro Dois dedos de prosa em silêncio – pra rir, refletir e arguir, que publiquei em 2015, com ilustração de Generino e capa de Édson Xavier

 

Sobrevivente também obedece

 

“Manda quem pode: obedece quem tem juízo”. Esta frase resumiu o posicionamento do então deputado federal republicano Wellington Fagundes, no começo de 2010, quando seu sonho de disputar o Senado foi sufocado pela decisão do à época governador Blairo Maggi (PR) de deixar o Palácio Paiaguás e se lançar candidato a senador.

De certo modo Wellington é obediente da lógica política, mas ele prefere ser visto enquanto sobrevivente.

– Sobrevivente?

– Isso mesmo; é assim que o senador pelo PR, Wellington, eleito em 2014, se sente e não deixa de ter razão para tanto. Senão vejamos:

A pequena São José do Povo, que foi distrito de Rondonópolis, sempre foi bom pesqueiro de votos para Wellington. Na eleição de 2002 ele foi o mais votado para deputado federal naquela localidade, com 692 votos, seguido de longe por Augustinho de Freitas (PTB), e Teté Bezerra (PMDB), ambos com 249 votos; Teté é o nome político de Aparecida Maria Borges Bezerra.

Na sexta-feira, 19 de agosto de 2005, Wellington foi a São José do Povo em companhia do então deputado estadual Jota Barreto (PR), pra assistir um rodeio com montaria em touros e, claro, costurar seus interesses eleitorais. Barreto é casado com a professora Olinda, prima de Wellington.

O locutor da festa anunciou sua presença. Na arquibancada o público respondeu sem muito entusiasmo. Desapontado, mas escondendo do povo a decepção, Wellington olhou para Barreto dizendo em silêncio que o terreno estava minado. Em seguida o prefeito Florisberto Oliveira (PTB) o convidou e também a Barreto, para que fossem ao centro da arena, onde receberiam homenagens. O convite e a entrega das honrarias aos dois não despertaram os espectadores.

Enquanto Wellington e Barreto eram homenageados, um mestiço bravo investia contra as cercas do brete que o prendiam à espera do rodeio. Cada vez mais enfurecido o boi batia a cabeça e dava coices pra todos os lados.

Com a homenagem debaixo do braço Wellington caminhou para a cerca acompanhando Barreto. A arena que estava silenciosa de repente explodiu num grito a todos os pulmões: – Weeeeeeeeeeeeeelington! Weeeeeeeeeeeeeelington! Weeeeeeeeeeeeeelington! O coração de Wellington disparou de alegria. “O povo tá comigo”, pensou com seus botões. Não era bem isso. Na verdadea arquibancada gritou pra avisá-lo que o mestiço rompera a cerca e avançava feio em sua direção.

“Pluft, pluft, pluft”. O mestiço moeu Wellington, feriu Barreto levemente, arrombou a cerca, vazou entre a multidão e entrou na lateral da primeira casa de um grupo de 25, de um conjunto habitacional do governo, que estava em obra com recursos do Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab). O boi derrubou todas as paredes de uma fileira de moradias. O animal foi contido por um método que não falha e virou carne de panela.

Levado às pressas para o Hospital Sara Kubitscheck, em Brasília, Wellington foi atendido pelo médico Aloysio Campos da Paz Júnior e sua equipe; Paz Júnior diagnosticou entre outras coisas que Wellington sofreu fratura cominutiva na perna direita – quando o osso é quebrado em pedacinhos. Resultado: muitas dores, incontáveis medicamentos, alguns pinos, meses de cadeira de rodas, muletas e bengala.

Por isso, Wellington se sente mais sobrevivente que obediente. Detalhe, em 2006, na eleição seguinte ao ataque do boi, Wellington manteve o primeiro lugar entre os candidatos a deputado federal em São José do Povo, com 533 votos ao passo que o segundo colocado, Carlos Bezerra (PMDB) patinou com 363 votos. Vale observar que Bezerra foi o governador que sancionou a lei de emancipação daquele município.

Wellington está sempre na estrada correndo atrás de votos, independentemente da proximidade ou não de eleição. Agora, mais precavido e escaldado por sua condição de sobrevivente, foge dos rodeios, mas nem por isso tira São José do Povo de seu roteiro

PS – Extraído do livro “Dois dedos de prosa em silêncio – pra rir, refletir e arguir” escrito e publicado em 2015 pelo jornalista Eduardo Gomes de Andrade, sem apoio das leis de incentivos culturais, ilustrado por Generino Rocha e com capa de Édson Xavier.

 

Eduardo Gomes – blogdoeduardogomes

FOTOS:

1 e 2 – Secretaria de Comunicação da Assembleia Legislativa em arquivo

ARTE: Generino

 

 

Comentários estão fechados.

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Vamos supor que você está bem com isso, mas você pode optar por sair, se desejar. Aceitar Leia Mais

Política de privacidade e cookies