Boa Midia

Ciclo do jacarandá Bezerra no MDB

Eduardo Gomes
@andradeeduardogomes
eduardogomes.ega@gmail.com

 

Ninguém viveu tanto o MDB nem foi tanto emedebista quanto Carlos Gomes Bezerra, que desde os idos da ditadura militar de 1964 dirige e lidera o partido em Mato Grosso.

Ninguém nunca conduziu o MDB para grandes vitórias ou esteve em suas entranhas quanto às desastrosas derrotas nas urnas, quanto Bezerra.

Ninguém soube colocar o MDB com a sigla atual ou a antiga PMDB acima dos cargos eletivos que exerça, quanto Bezerra. Deputado estadual, duas vezes prefeito de Rondonópolis, deputado federal por cinco legislaturas, senador e governador, Bezerra sempre foi mencionado enquanto presidente do partido. A legenda sempre foi maior do que as funções públicas que exerceu.

 

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Ninguém viu tantas traições políticas e debandadas do MDB para outros partidos, quanto Bezerra.

Ninguém jamais viu Bezerra vingativo ou atingindo a honra de adversários. Cavalheiro, sempre respeitou as regras do jogo democrático, mas sem abrir mão de seu rótulo de Mão de Pilão, nas esferas partidária e política.

Ninguém deu tanta luz ao movimento estudantil cuiabano nos anos de chumbo da ditadura quanto Bezerra, que militava no velho PTB – não o arremedo de agora.  Bezerra nunca foi adesista. Sua ida para o MDB foi resultante da extinção dos partidos políticos da época, para o surgimento do bipartidarismo da governista Arena e o oposicionista MDB que era chamado pela sabedoria popular de Manda Brasa.

Em 4 de novembro de 1941, na velha e boa Chapada dos Guimarães ouviu-se o choro de uma criança que acabava de nascer. A mãe, dona Celina Fialho Bezerra, disse ao pai, que esperava fora do quarto onde o parto aconteceu – É homem! Seo Aarão Gomes Bezerra estufou o peito, seus olhos brilharam e ele soltou uma expressão de seu Nordeste: – Oxente, é macho!

Advogado, Bezerra buscou em Rondonópolis a comarca para iniciar sua carreira, que sempre foi literalmente engolida pela política. Em 1970 ele se candidatou a deputado estadual, no Mato Grosso então radicalmente ligado ao regime militar. A eleição não aconteceu, mas viria quatro anos depois, para o mesmo cargo. Sua carreira avançou por décadas, sempre guiada pelos ideais democráticos do grande partido de Ulysses Guimarães, que cultivou a tradição de fortalecer suas direções estaduais, como acontece em Mato Grosso.

O Bezerra é firme / O Bezerra é forte. Diz o jingle de campanha que o acompanhou pleito após pleito. Jacarandá não enverga, por mais que envelheça, e em sua sombra abriga a todos. Bezerra é jacarandá.

Não importa a composição do novo diretório regional do MDB. O que conta é Bezerra. Mato Grosso tem muito a agradecer e Rondonópolis mais ainda.

Bezerra veio de berço limpo, sem corrupção e que não envergonhou Mato Grosso. Sua trajetória não foi marcada por escândalos iguais aos ocorridos nas Assembleia sob o comando de Riva e Bosaipo, nem no governo como ocorreu com Silval Barbosa.

O amanhã do MDB não terá Bezerra com seu saber e habilidade política à sua frente. Tanto quanto Mato Grosso e o Brasil, é uma incerteza. Aguardemos por ele, com serenidade, como nos ensina o evangelista Mateus: “Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã trará as suas próprias preocupações. Basta a cada dia o seu próprio mal”.

Vivamos o apagar das luzes do ciclo de Bezerra à frente do MDB, na certeza bíblica que o mal do amanhã nos espera.

Que Bezerra curta sua merecida aposentadoria ao lado de sua inseparável Teté, familiares e rodeado por amigos.

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