Boa Midia

Roda-gigante, autódromo e… quem precisa de hospital, não é mesmo?

Antônio Carlos Candia Júnior*

CUIABÁ

Parabéns ao governo Mauro Mendes! Enfim, Mato Grosso está prestes a entrar no mapa mundial das prioridades invertidas. Enquanto países lutam para melhorar seus sistemas de saúde, o nosso estado avança rumo ao futuro… com a maior roda-gigante da América Latina e um autódromo com luz noturna! Porque, sejamos honestos: o que é um leito hospitalar diante de um looping de 60 metros de altura?

A Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá, com seus meros 200 anos atendendo os mais pobres, está ultrapassada. Em vez de gastar com médicos, leitos e remédios, que tal investir em LED, pista de corrida e fotos no Instagram? Afinal, um post na roda-gigante gera mais curtidas do que uma cirurgia salva-vidas, não é mesmo?

É uma genialidade orçamentária! Deixar um hospital histórico definhar, mesmo ele sendo essencial para a população mais vulnerável, é o tipo de visão moderna que nos leva longe – direto para o caos. Mas com estilo! De preferência com vista panorâmica lá do alto da roda-gigante.

A mensagem está clara: se você ficar doente, vá passear. Se estiver esperando vaga na UTI, quem sabe um pouco de adrenalina no autódromo não resolva? Quem precisa de hospital quando se tem entretenimento de ponta?

Mas cuidado: a ironia não salva vidas. E esse tipo de prioridade custa caro — em dinheiro público e em dignidade. Talvez esteja na hora de descer dessa roda-gigante de ilusões e lembrar que saúde não é luxo. É necessidade. E, acima de tudo, é um direito.

*Antônio Carlos Candia Júnior, empresário e publicitário
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