Em silêncio sobre emendas para a Seaf a Assembleia completa 190 anos
Eduardo Gomes
@andradeeduardogomes
eduardogomes.ega@gmail.com
O estranho silêncio da Assembleia Legislativa sobre o escândalo das emendas parlamentares para a SEAF, em 2024, destinadas à compra de kits para a agricultura familiar. A engrenagem deste caso aponta para o envolvimento de deputados e um servidor daquele Legislativo. Enquanto o caso permanece debaixo do tapete, três deputados estão em Portugal participando do Fórum de Lisboa. Este é o cenário nesta quinta-feira, 3 de julho, data em que a Assembleia completa 190 anos de criação.
Português de berço, o deputado estadual Dr. João (MDB) participa ao lado de dois colegas de parlamento, do Fórum de Lisboa, que é promovido pelo IDP, instituto dirigido pelo ministro mato-grossense do STF, Gilmar Mendes.
Na verdade, em nome da razoabilidade, nenhuma autoridade mato-grossense deveria participar do Fórum de Lisboa, viajando com as despesas pagas pelo erário público.
Em tom de deboche a imprensa nacional chama o evento de Gilmarpalooza e sua agenda não agrega nada a Mato Grosso.
O ideal seria que os mato-grossenses convidados ou interessados no Fórum de Lisboa participassem do mesmo por videoconferência. Não é justo nem humano autoridade ir para Lisboa às custas do Estado (Mauro Mendes, o governador, e Sérgio Ricardo, conselheiro do TCE, também estão na capital portuguesa) enquanto aqui dezenas de municípios não têm hospital e o único médico do lugar é o Dr. Ambulância.

Ir ao Fórum de Lisboa para falar sobre a força do agronegócio mato-grossense é ofender a inteligência coletiva. Além disso, a presença de Dr. João e de seus colegas Janaína Riva (MDB) e Eduardo Botelho (União) esvazia o plenário da Assembleia Legislativa, que deveria, neste momento, estar passando a limpo a grave denúncia extraída de um inquérito policial presidido pela delegada Juliana Rado, da Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (DECCOR), de que teria havido superfaturamento na execução de emendas parlamentares estaduais pela Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (SEAF). A apuração pela DECCOR por meio da Operação Suserano, é em atendimento a uma reclamação feita em setembro de 2024 pela Controladoria-Geral do Estado (CGE), por ordem do à época governador em exercício, Otaviano Pivetta.
O cenário é grave. Em 2024 a investigação apontou superfaturamento nas compras em até 80%. Em setembro de 2024, quando da operação, a Justiça bloqueou 28 milhões em ativos financeiros e bens dos investigados, recolheu seus passaporte e os proibiu de manter contato entre si. O governador Mauro Mendes demitiu Luluca Ribeiro, que era o secretário da SEAF e a cúpula de seu gabinete.

Neste momento o de Lisboa não é o melhor fórum para Mato Grosso. O verdadeiro fórum seria a Assembleia apurando e debatendo com transparência a denúncia de desvio de recursos de emendas parlamentares, que segundo reportagem do UOL, que teve acesso ao inquérito policial que apura o caso, teriam como autores os deputados Eduardo Botelho; Juca do Guaraná (MDB); Cláudio Ferreira (PL); Doutor João; Gilberto Cattani (PL); Fabio Tardin (PSB); Júlio Campos (União); Faissal Calil (PL); Ondanir Bortolini (PSD); Dr. Eugênio (PSB); Wilson Santos (PSD); Thiago Silva (MDB); Dilmar Dal Bosco (União) e Carlos Avallone (PSDB). Dos citados pelo UOL, Wilson Santos, Carlos Avallone e Dr. Eugênio negam envolvimento; Cláudio Ferreira se elegeu prefeito de Rondonópolis em 2024, e também nega.
