A Terra de Rondon é conhecida nacionalmente por seus superlativos econômicos na cadeia e na esteira do agronegócio. São números exatos, inquestionáveis que lhe conferem uma auréola geográfica californiana, como se suas raízes não estivessem fincadas às margens do Poguba que passa ficando rumo ao Pantanal. Porém, sua maior grandeza, sem detrimento da econômica, é a cultural, representada por escritores, comunicadores e contadores de causos. Não é fácil para um mero repórter periférico que se atreve a escrever modestos livros, falar sobre a Feira Literária de Rondonópolis (Flir) na cidade que se desmancha em identidade comigo, por ser berço de meus filhos Agenor e Luiz Eduardo, e por nosso convívio cúmplice há 55 anos.
A Flir necessita de todas as citações possíveis, e até mesmo por parte dos menos importantes – minha convicção sobre isso leva ao texto de agora, pois entendo que a elite cultural que compõe a Academia Rondonopolitana de Letras (ARL), promotora do evento, defende a inclusão, pela essência de seus Imortais, e como parte do princípio literário de que todos, tudo e todo momento fazem parte do contexto a ser registrado nos anais da história sob pena de se perderem na curva do tempo volatilizado pela fragilidade da oralidade que no primeiro momento os sustenta.
Uma grande cidade precisa de uma academia de letras à sua altura, e Rondonópolis tem que orgulhar-se da sua, que nasceu em 19 de novembro de 2013 pela conjugação de esforços de seus Imortais e de valorosos apoiadores, dentre os quais Áureo Cândido Costa. São muitos os criadores do DNA da ARL e por amostragem, sem prevalência, cito o juiz de direito aposentado Pedro Pereira Campos Filho, sobrinho do saudoso prefeito de Itiquira, o bom baiano garimpeiro Anfilófio de Souza Campos; Paulo Augusto Mario Isaac, professor aposentado da UFMT, que se demorasse mais um segundo para nascer, choraria pela primeira vez entre seus irmãos Boé Bororo, em Tadarimana; Hermélio Silva, que diante do espelho se vê Raul Seixas, Maluco Beleza; Gilson Lustosa Lira, o Microfone Artilheiro, professor sob todos os aspectos e personagem em dois de meus acanhados livros, e que agora é comentarista esportivo na Rádio Celestial; e Ailon Bispo do Carmo, o advogado e poeta autointitulado rondoguiratinguense – Ailon, pela generosidade de sua alma e coração abriu espaço em duas de suas obras literárias incluindo-me entre vultos rondonopolitanos. Ailon voou nas asas da imaginação que o guiavam e foi para junto de Deus.
Parabenizo Rondonópolis pela Flir e a ARL por sua realização.
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Agradeço a Deus por minha opção por Rondonópolis, em 10 de maio de 1970, cuja cidadania oficial foi materializada em 5 de dezembro de 1997, com o Título de Cidadão Rondonopolitano concedido pela Câmara, a pedido do então vereador Zé Carlos do Pátio. É bom ver a cidade de agora, com o vigor de metrópole em consolidação e buscar na memória – no ambiente atual – a cidadezinha empoeirada do ontem. É gratificante saber que a minha atuação ininterrupta no jornalismo, ao longo de décadas presenciando a transformação rondonopolitana, fez desse acompanhamento a argamassa para milhares de editoriais, artigos, reportagens e entrevistas – e inconscientemente arrastou-me para o mundo da literatura, ainda que da forma mais modesta possível, o que resultou em livros simples sobre o cotidiano e sua gente.
Catalogando fatos interessantes, intrigantes, relevantes, curiosos e pitorescos no dia a dia do jornalismo montei um banco de dados abrangente no qual cabe a memória da cidade em seu maior ciclo de transformação – o último meio século. Nem sempre o jornalista participa, mas presencia os acontecimentos. Sou testemunha ocular do respirar de Rondonópolis, onde a força da literatura ganha contornos palpáveis nas obras de seus Imortais da ARL.
Bom é saber que a Flir abre espaço para os escritores, e os contadores de histórias, de estórias e de causos, como fazia Levanir da Conceição Gomes, o Dr. dos Motores, que narrava objetiva e francamente como a polícia dos idos do saudoso Tenente Adib agia com a bandidagem.
Bom é saber que a partida não retira o escritor do nosso convívio. Os que foram para junto de Deus e os que permanecem são peças vivas da imortal literatura, que não tem o ciclo de vida humana. É assim, também, com os artistas, comunicadores e as outras figuras da vida pública.
Bom é relembrar os episódios das novelas da escritora Lia Green, com capítulos semanais no Jornal Correio do Leste.
Bom foi o sentimento de pertencimento do povo rondonopolitano quando do lançamento do livro Do Bororo ao Polonoroeste, da escritora Carmelita Cury, filha do pioneiro Moisés Cury.
Bom os textos dos artigos do topógrafo, escritor e ex-secretário municipal de Comunicação Josefino Francisco Ramos, sobre as manhas e artimanhas políticas em Rondonópolis e região; e as revelações do jornalista Waldemar de Oliveira, narrando suas proezas quando madeireiro em Rondônia, quer dizer no Território Federal de Rondônia.
Bom era ouvir o romantismo do cirurgião dentista, político e locutor Victor Hugo Santos, na Rádio Clube AM; assistir o programa sertanejo de Noel Paulino na TV.
Bom é a releitura das crônicas dominicais do advogado e político Wilson Lemos, em A Tribuna; devorar os livros do engenheiro de Pesca, escritor, professor e contestador político Fernando de Almeida.
Bom é devorar os versos de Suziene Cavalcante e o lirismo das rimas de Dulce Labio.
Bom é o texto do escritor Imortal da Academia Mato-grossense de Letras, Afro Stefanini, que foi caminhoneiro, deputado estadual, deputado federal e chefe da Casa Civil do Governo.
Bom é a música de Sandro Lúcio; de Sílvio & Silvinha; Dioclécio e Seus Cabras da Peste; Lassimi Perrone, Marinho e Seus Beat Boys (eterno), do Grupo Reluz Jr., da Orquestra Viola Divina e de Olimpio Alvis.
Bom é a arte da Ilustração de Doca e Generino.
Bom também é viver Rondonópolis, testemunhar seu passo a passo, como faço, dentro da minha limitação, por meio de textos em jornais, revistas, livros e na moderna comunicação virtual.
Bom e motivo de realização é saber que noticiei a inauguração do Aeroporto José Salmen Hanze, no alto da Fernando Corrêa da Costa
Que cruzei a BR-364 e a BR-163 antes da pavimentação para Cuiabá, Campo Grande e Goiânia.
Que na quinta-feira, 24 de janeiro de 1975, cobri a reunião do prefeito Cândido Borges Leal Júnior, o Candinho, com lideranças, em seu gabinete, e ao lado do bispo Dom Osório Stoffel anunciou que uma lei estadual de 2 de dezembro do ano anterior instituiu o Centro Pedagógico de Rondonópolis (CPR) e que a Universidade do Estado de Mato Grosso (UEMT) por meio do campus de Corumbá criou uma extensão na cidade para oferecer cursos de Licenciatura Parcelada em Estudos Sociais e Ciências Exatas, voltado para professores da rede pública, que deveriam ser instalados ainda em 1975. Porém, o começo da atividade universitária somente aconteceria no ano seguinte. A luta era por algo maior, mas já havia motivo para comemoração. Aquela reunião foi o embrião da UFR, criada em 20 de março de 2018 pelo presidente Michel Temer e que tem em sua Reitoria a professora rondonopolitana Analy Polizel.
Que acompanhei a primeira safra de soja do pioneiro Adão Riograndino Mariano Salles, na fazenda São Carlos, numa área experimental, com baixa produtividade.
Que presenciei o governador Frederico Campos inaugurar a estação de tratamento de água na avenida Lions.
Que vi a criação da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT) e a Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso (Aprosmat) e a construção do Parque de Exposições Governador Wilmar Peres de Farias, liderada pelo sonhador José Antônio de Ávila, o Zeca D’Ávila.
Que denunciei a existência de foco de aftosa ao lado do parque da internacional Exposul, o que motivou a antecipação do programa de combate àquela doença em Mato Grosso.
Que testemunhei as emancipações de Pedra Preta e São José do Povo.
Que vi o primeiro passo do padre Lothar Bauchrowitz para a criação de uma consistente política habitacional, apoiada pelo então prefeito Walter de Souza Ulysséa.
Que fui ao acampamento do MST na fazenda Aliança, em Pedra Preta – a primeira propriedade invadida por sem terra nacional em Mato Grosso, que mobilizou centenas de pessoas em Rondonópolis para aquela ação.
Que cobri a inauguração da Cervejaria Petrópolis; e as feiras Agrishow Cerrado.
Que fiz reportagens sobre a pavimentação da MT-270 Rodovia José Salmen Hanze – Zé Turquinho, para Guiratinga, pelo governador Garcia Neto; e MT-130 Rodovia Osvaldo Cândido Moreno, para Poxoréu, pelo governador Júlio Campos.
Que acompanhei a fundação do União Esporte Clube, pela obstinação de Lamartine da Nóbrega; e que vibrei quando a praga da lavadeira deixou o Colorado em paz na conquista do título estadual de 2010 por 3 a 2 sobre o Operário, com dois gols de Waldir Papel e um de Leonardy.
Que estava no novo Luthero Lopes quando Ronaldinho Gaúcho marcou o primeiro gol naquela praça esportiva, mas que até hoje não tenho certeza sobre quem estufou as redes pela primeira vez no antigo Luthero Lopes – Rosalvo Farias jurava que o feito era dele, Hermenegildo Reis de Almeida sustentava o contrário. Levei a polêmica de Rosalvo e Hermenegildo para um dos meus modestos livros.
Que fui o único jornalista no terminal da Rumo Logística (à época América Latina Logística – ALL) em Rondonópolis, na quarta-feira, 12 de dezembro de 2012, quando ali apitou o primeiro trem; bem antes de sua inauguração em 19 de setembro de 2013, pela presidente Dilma Rousseff e o governador Silval Barbosa.
Bom é observar que meus modestos livros são páginas abertas ao povo de Rondonópolis e que nelas registrei dezenas de nomes de figuras até então mantidas fora dos registros biográficos.
Melhor ainda é saber que consegui tamanha produção de conteúdo jornalístico e literário numa terra com tantos jornalistas e escritores, que ora estão presentes ou sendo reverenciados pela Flir. Que essa grande concentração de intelectualidade ganhe mais e mais força na terra fértil da cultura mato-grossense.
Fotos: Aleatórias de capas de alguns dos meus modestos livros, no todo ou em parte dedicados a Rondonópolis – sem observar a ordem cronológica da publicação.
Grande Brigadeiro, escritor, historiador, jornalista, grande figura que conhece como ninguém a história de MT, cidadão rondonopolitano por merecimento e adoção e que em seus textos e escritos nos brinda com detalhes pitorescos , únicos, poéticos. Seu nome com toda certeza deveria estar entre os imortais citados nessa matéria. 👏👏👏
Hermélio Silva Diz
Muito bom. Grato. Deus lhe pague
Hermélio Silva – Escritor Imortal da Academia Rondonopolitana de Letras – Rondonópolis
Pedro Campos Diz
Show. Parabéns.
Pedro Campos – juiz de Direito aposentado e Imortal da Academia Rondonopolitana de Letras – Rondonópolis
Maria Isaura Diz
Sempre digo que você é o maior escritor e jornalista de Rondonópolis. Por isso sou sua fã número 1. Pena meu amigo é que a Academia não reconheça seus méritos e sua matéria é um tapa de luvas…
Maria Isaura – Professora – Rondonópolis
Edson Ceretta Diz
Parabéns pelo trabalho.
Édson Ceretta – Imortal da Academia Rondonopolitana de Letras – Rondonópolis
Josue Brandao Diz
Impressionante a riqueza de detalhes, nomes, fatos que eu já tinha esquecido, e olha que modestamente eu passei por alguns kkk.
Josué Murta Brandão – Professor – Rondonópolis
Generino Rocha Diz
Meus agradecimentos ao jornalista EDUARDO BRIGADEIRO, por fazer menção ao meu nome em mais um de seus textos. Ao lado do chargista Doca, que me antecedeu em minha passagem pelo jornal A TRIBUNA, de Rondonópolis. Só agradecer.
Generino Rocha = cartunista, chargista e ilustrador = Rondonópolis
Tecnico Hugo Diz
Senhor Eduardo a tua resposta aos escritores desta feira fala por sua grandeza de espírito. O senhor tem o respeito da minha família e nós te devemos um grande favor porque foi o senhor quem defendeu meu pai no jornal quando daquele caso na Ariranha.
Hugo Delmondes – Técnico agrícola – Cuiabá
Raquel Roll Diz
Que orgulho Senhor Eduardo… Tive o prazer em te conhecer e me sinto profundamente honrada. Espetacular a riqueza de detalhes como falas. Escritor, jornalista e de alma tão simples. Deus abençoe 🙏🙏 Vereadora Raquel Roll do município de Feliz Natal MT
Marcia Peixoto Diz
Mestre Brigadeiro é irretocável
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Grande Brigadeiro, escritor, historiador, jornalista, grande figura que conhece como ninguém a história de MT, cidadão rondonopolitano por merecimento e adoção e que em seus textos e escritos nos brinda com detalhes pitorescos , únicos, poéticos. Seu nome com toda certeza deveria estar entre os imortais citados nessa matéria. 👏👏👏
Muito bom. Grato. Deus lhe pague
Hermélio Silva – Escritor Imortal da Academia Rondonopolitana de Letras – Rondonópolis
Show. Parabéns.
Pedro Campos – juiz de Direito aposentado e Imortal da Academia Rondonopolitana de Letras – Rondonópolis
Sempre digo que você é o maior escritor e jornalista de Rondonópolis. Por isso sou sua fã número 1. Pena meu amigo é que a Academia não reconheça seus méritos e sua matéria é um tapa de luvas…
Maria Isaura – Professora – Rondonópolis
Parabéns pelo trabalho.
Édson Ceretta – Imortal da Academia Rondonopolitana de Letras – Rondonópolis
Impressionante a riqueza de detalhes, nomes, fatos que eu já tinha esquecido, e olha que modestamente eu passei por alguns kkk.
Josué Murta Brandão – Professor – Rondonópolis
Meus agradecimentos ao jornalista EDUARDO BRIGADEIRO, por fazer menção ao meu nome em mais um de seus textos. Ao lado do chargista Doca, que me antecedeu em minha passagem pelo jornal A TRIBUNA, de Rondonópolis. Só agradecer.
Generino Rocha = cartunista, chargista e ilustrador = Rondonópolis
Senhor Eduardo a tua resposta aos escritores desta feira fala por sua grandeza de espírito. O senhor tem o respeito da minha família e nós te devemos um grande favor porque foi o senhor quem defendeu meu pai no jornal quando daquele caso na Ariranha.
Hugo Delmondes – Técnico agrícola – Cuiabá
Que orgulho Senhor Eduardo… Tive o prazer em te conhecer e me sinto profundamente honrada. Espetacular a riqueza de detalhes como falas. Escritor, jornalista e de alma tão simples. Deus abençoe 🙏🙏 Vereadora Raquel Roll do município de Feliz Natal MT
Mestre Brigadeiro é irretocável