Sucateada, com pequeno quadro técnico e ameaçada de extinção. É assim que se encontra a Empaer. Servidores temerosos de retaliação não falam publicamente sobre o caos instalado na empresa e buscam apoio político na Assembleia Legislativa. Em meio a este cenário que destoa da realidade da economia mato-grossense, o deputado estadual Júlio Campos(União) requereu e presidirá uma audiência pública que será realizada na segunda-feira, 24, às 9 horas, na Assembleia, para debater a situação da Empaer.
“A pesquisa está engessada”, desabafa o presidente elíder do Sinterp – o sindicato dos servidores da Empaer – Gilmar Antônio Brunetto, o Gauchinho. Segundo ele, há mais de 10 anos o governo não realiza concurso público para expansão e reposição dos quadros funcionais, seriamente reduzidos por um programa de demissão voluntária e aposentadorias. Dos 142 municípios, a Empaer está presente em 135, “mas na maioria dos casos simbolicamente, com um servidor”, lamenta Gauchinho.
Para melhor entendimento, o simbolismo citado por Gauchinho tem que ser representado por números. Mato Grosso tem 145 mil famílias na agricultura familiar e a Empaer conta com 220 técnicos em campo. Em média um técnico assiste a 100 famílias. Ou seja: a capacidade da Empaer é para cobrir as demandas de 22 mil famílias, enquanto 122 mil ficam à ver navios.
Com apenas 12 pesquisadores atuando, a Empaer vira uma espécie de espectadora enquanto o cidadão urbano consome frutas, legumes, ovos e embutidos produzidos fora de Mato Grosso.
O cenário é considerado péssimo, mas poderá piorar ainda mais. A chamada política de desmonte da Empaer, conduzida por seu presidente Suelme Fernandes, quer vender as áreas de pesquisa da empresa em Tangará da Serra, Sinop, Várzea Grande, Cáceres e Rosário Oeste, o que é considerado ‘heresia’ pelos servidores. “Não podemos aceitar isso, sob pena de jogarmos por terra um consistente trabalho de pesquisa que está sendo desenvolvido há anos”, adverte Gauchinho.
JÚLIO CAMPOS – O deputado vê a possibilidade de reversão do desmonte da Empaer como ‘difícil’, mas assegura que a Assembleia usará de todo expediente legal e sua força política para preservar e fortalecer a Empaer. Desse posicionamento manifestado numa reunião que Júlio Campos teve com servidores da Empaer, na Presidência da Assembleia, surgiu a proposta apresentada pelos deputados Júlio Campos e Wilson Santos (PSD) para a formalização de convite aos possíveis candidatos ao governo em 2026, para que eles participem da audiência e assumam compromisso em defesa da Empaer. Assim, serão convidados os políticos Otaviano Pivetta (vice-governador), Wellington Fagundes (senador), Jayme Campos (senador), Janaína Riva (deputada estadual), Carlos Fávaro (ministro da Agricultura e senador) e Odílio Balbinotti (empresário).
Júlio Campos assegurou aos servidores da Empaer, que a Assembleia será uma trincheira em sua defesa. Revelou que esse posicionamento é compartilhado com o presidente do Legislativo, Eduardo Botelho (União). Wilson Santos lamentou a política de desmonte implementada por orientação do governador Mauro Mendes (União) e executada por Suelme Fernandes, “disse ao Suelme que se o desmonte for consumado ele entrará para a história como coveiro da Empaer”, revelou Wilson Santos.
Breve histórico
A Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Empaer), foi criada em 1992 pelo então governador Jayme Campos. Ela resulta da fusão da Empresa de Pesquisa Agropecuária (Empa) e da Companhia de Desenvolvimento Agrícola (Codeagri). Trata-se de uma sociedade de economia mista dotada de personalidade jurídica de direito privado com patrimônio e autonomia administrativa e financeira vinculada à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar (Sedraf).
MAIS: Numa visão mais ampla a Empaer sucede a Associação de Crédito e Assistência Rural de Mato Grosso (Acarmat), criada em 15 de setembro de 1964 e que executou os programas de assistência técnica e extensão rural até 1976, quando foi extinta.
Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Vamos supor que você está bem com isso, mas você pode optar por sair, se desejar.
AceitarLeia Mais
Comentários estão fechados.