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Vacina: o atraso do Brasil, impactos econômicos e sociais

Desde o surgimento dos primeiros casos de infecção pelo novo Coronavírus, o mundo assiste a uma verdadeira corrida em busca da vacina contra a Covid 19. Pesquisadores de várias nações têm se dedicado à produção de estudos que garantam a eficácia da imunização. Como resultado, pelo menos 47 países já iniciaram a aplicação da vacina na tentativa de frear o número de contaminações e de mortes.

Com a vacina Russa, a Argentina já é o quarto país latino-americano a concretizar um plano de vacinação contra o novo coronavírus antes do fim do ano, deixando para trás o Brasil, que até o momento não possui uma data oficial de início da imunização confirmada. O cenário acaba sendo ainda mais preocupante quando levamos em conta a afirmação feita pela Federação Nacional de Saúde Complementar (FenaSaúde), de que o processo de vacinação por aqui pode se estender até 2022 – e, ainda assim, sem uma perspectiva de vacinar 100% dos brasileiros.

Importante destacar que, se essa demora se concretizar, com os impactos de mais um ano inteiro sob a ameaça do vírus, a economia brasileira tende a sucumbir, tendo em vista os altos custos hospitalares com internações de infectados, comércio com restrições, renda dos trabalhadores encolhida, e o rombo que o pagamento de auxílios deve provocar nas contas públicas (tudo o que já vivemos este ano). Não é difícil perceber que é muito mais barato e seguro investir em um plano de vacinação eficiente e acima de tudo, ágil. Agilidade na vacinação em massa é a alternativa para poupar vidas e recuperar a economia. Senão, veja: dezenas de países que investiram na imunização irão retomar o ritmo econômico e o Brasil? Bem, vai ficar, mais uma vez, para trás. Vai perder competitividade, mais empresas vão quebrar e o desemprego (já alarmante) irá se alastrar. O caos estará instalado.

Se as perspectivas são um tanto quanto assustadoras quando olhamos sob a ótica de que a imunização por aqui se estenda até 2022, por outro lado, há a expectativa do fim da pandemia. Para isso, é preciso vencer um inimigo extra: a politização da vacina. Enquanto a imunização em massa não começa, os brasileiros assistem aflitos às disputas deliberadas entre o governo federal e governo do estado de São Paulo, quanto à aquisição das doses do imunizante e a escolha de seus fabricantes. Antes de tudo, é preciso deixar claro que não é hora de “escolher um lado” nessa briga. Só existe um lado: o da vida. É necessário acreditar na ciência.

Só no Brasil, mais de 191,6 mil pessoas morreram vítimas da Covid 19 até a primeira quinzena de dezembro. Em países como EUA, China, Alemanha, México, Rússia, Canadá, entre outros, a vacinação já está em andamento. Em Israel o planejamento é ainda mais ousado – a expectativa é vacinar metade da população até o final de janeiro. Para isso, o governo israelense estuda abrir postos de vacinação 24 horas por dia, 7 dias por semana, para tentar acelerar a imunização.

O atraso do Brasil e a falta de um plano mais eficiente para a aplicação da vacina com maior agilidade, preocupa. Apesar disso, como empresários, como trabalhadores e acima de tudo, como todo bom brasileiro, precisamos seguir acreditando que o fim da pandemia está próximo. Enquanto esse dia não chega, o nosso papel é cuidar de nós mesmos e também de quem a gente ama. Ah, e ainda vencer esse “último inimigo”: torcer para que o interesse pela vida seja maior do que interesses meramente políticos ou eleitoreiros.

As perdas de 2020, infelizmente, não serão eliminadas ao apagar das luzes do dia 31 de dezembro – certamente os efeitos da pandemia, em diversas áreas, ecoarão por muito tempo. Mas, ao longo de 2021 teremos a oportunidade de escrever um capítulo diferente nesta história. A vacinação em massa é uma estratégia fundamental nesta construção, e, diga-se de passagem, uma alternativa mais “barata” que prolongar auxílios à população em detrimento de restrições no comércio e manutenção de UTI’s lotadas. Que possamos finalmente e literalmente, respirar aliviados em 2021!

Evaldo Silva – presidente Corecon-MT e diretor regional da Band-MT

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