ESCÂNDALO – Neurilan arma golpe político contra dezenas de prefeitos eleitos

Mais da metade dos prefeitos eleitos e à espera da diplomação e posse não votará para a escolha da direção da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM) na eleição marcada para 15 de dezembro, com votação híbrida: presencial e on-line. Na verdade, se trata de um jogo sujo, para assegurar novo mandato de dois anos para o presidente Neurilan Fraga. Para aplainar o caminho de Neurilan, a entidade realiza o pleito, mas somente com a participação dos prefeitos que estão no cargo. Em 23 deste novembro, ao publicar a convocação para a eleição, a AMM citou que poderão disputar o pleito todos os membros associados (prefeitos) em situação de regularidade com seus cofres.
Cumprindo o terceiro mandato consecutivo, dois dos quais sem ser prefeito, Neurilan tem bom trânsito entre os atuais prefeitos. Temendo não se reeleger casos os novatos votem, a AMM alterou seu estatuto, no ano passado, para legalizar a antecipação do pleito para dentro dos mandatos que chegam ao fim para os que não se reelegeram.
Criada para representar os municípios, a AMM ao excluir uma centena de prefeitos na escolha de sua direção perde a essência e se transformar num feudo de peleguismo às custas do erário público, pois sua receita é bancada pelas prefeituras.
As chapas interessadas poderão se inscrever até às 17 horas de 4 de dezembro, na Coordenação Jurídica da AMM. Para coordenar a eleição Neurilan escolheu uma comissão formada pelos prefeitos A comissão eleitoral é composta pelos seguintes prefeitos: João Antônio da Silva Balbino (Rosário Oeste), Miguel José Brunetta (Santo Antônio do Leste), Arivaldo Medeiros de Santana (São José do Povo), José Mauro Figueiredo (Arenápolis) e Humberto Domingues (Guiratinga). Nenhum dos integrantes da comissão será prefeito após 31 de dezembro.

Neurilan declaradamente é candidato ao quarto mandato. Contra ele concorrerá o prefeito de Água Boa, Mauro Rosa, o Maurão (PSD), que em 1º de janeiro entregará a prefeitura ao seu sucessor Mariano Kolankiewicz (MDB).
Prevalecendo a manobra não poderão votar, dentre outros, os prefeitos Kalil Baracat (Várzea Grande), Roberto Dorner (Sinop), Vander Masson (Tangará da Serra), Eliene Liberato (Cáceres), Adilson Macedo (Barra do Garças), Chico Gamba (Alta Floresta), Paulo Veronese (Juína), Alexandre Lopes (Campo Verde), Leandro Félix (Nova Mutum), Divino Henrique Rodrigues (Barra do Bugres), Andreia Wagner (Jaciara), Mariano Kolankiewicz (Água Boa), Nelson Orlato (Pedra Preta), André Bringsken (Vila Bela da Santíssima Trindade), Mauto Teixeira (Salto do Céu), Milton Amorim (Colniza), Marilza Sperandio (Alto Taquari), Seluir Peixer (Aripuanã), Celso Padovani (Marcelândia), Rogério Vilela (Comodoro), Osmar Froner (Chapada dos Guimarães), Eduardo Português (São Pedro da Cipa), Héctor Alvares (Mirassol D’Oeste), Sandro José Costa (São José do Xingu), Clenei Parreira (Ponte Branca), Rogério Meira (Jangada), Parassu Freitas (Luciara), Barga Rosa (Guiratinga), Francieli Magalhães (Santo Antônio de Leverger), Toni Dubiella (Feliz Natal), Fabiano Dalla Valle (Itiquira), Francisco Neves, o Chiquinho (Araguainha), João Machado Neto, o João Bang (Nova Xavantina), Júlio Cesar dos Santos, o Júlio da Papelaria (Apiacás), Elson Mará (Serra Nova Dourada), Gheisa Borgato (Glória D’Oeste), Natal de Assis (Planalto da Serra), Adair Moreira (Alto Paraguai), Joraildes Soares (Santa Cruz do Xingu), Manoel Gontijo de Carvalho, o Manoel Garça Branca (Juruena), Margareth Gonçalves, a Margareth de Munil (Barão de Melgaço), Pascoal Alberton (Terra Nova do Norte), João Isaack Moreira Castelo Branco (Tesouro), Carlos Alberto Capeletti (Tapurah), Irineu Marques Parmeggiani, o Parma (Campos de Júlio), Jonas Campos (Reserva do Cabaçal), Jackson Rios Júnior, o Juninho (Castanheira), Marcilei Oliveira, o Mansão (Bom Jesus do Araguaia), José Bueno Vilela, o Zé Bueno (Campinápolis), Manoel Loureiro Neto (Diamantino), Edemilson Marino (Nova Monte Verde), Luís Fernando (Santo Afonso), Jefferson Souto (Nova Marilândia), Olírio Oliveira dos Santos, o Lírio (Cotriguaçu), Enilson Rios (Araputanga), Fernando Zafonato (Matupá), Aldecir Oliveira, o Marrom (Denise), Edelo Ferrari (Brasnorte), Meraldo de Sá (Acorizal), Marcelo Vieira, o Marcelinho da Bem Estar (Lambari D’Oeste), Márcio Aguiar, o Baco (Cocalinho), Paulinho Bortolini (Nova Santa Helena), Hemerson Lourenço Máximo, o Maninho (Colíder). Cesar Perigo (Nova Bandeirantes), Sidnei Marques Lopes, o Sidnei da Cerâmica (Indiavaí), Orlei José Grasseli, o Graxa (Ipiranga do Norte), Jadilson Alves de Souza (Curvelândia), Antonio Ferreira Neto, o Toninho Tijolinho (Itaúba), Edegar José Bernardi, o Neninho da Nevada (Nova Ubiratã), Valdeci José de Souza, o Passarinho (Jauru), Osmar Antônio Moreira, o Osmar Mandacaru (Paranaíta), Vanderlei de Abreu (Porto dos Gaúchos), Luiz Carlos (Rio Branco), Edmar Guedes (Rondolândia), Thiago Castellan Ribeiro, o Thiago Engenheiro (Santa Terezinha) e José Pereira Maranhão, o Zé Maranhão (Alto Boa Vista)..

A eleição em dezembro será excludente e ferirá o princípio da isonomia dos municípios, pois muitos não poderão opinar sobre a composição da diretoria. Mas, afinal, quem é Neurilan, o executivo que dirige uma entidade criada para ser conduzida pelos prefeitos?
Neurilan Fraga é um agrônomo que em dois mandatos consecutivos foi prefeito de Nortelândia. Em 2015, no penúltimo ano de sua segunda administração houve eleição na AMM. O então governador Pedro Taques lançou para a presidência o prefeito de Lucas do Rio Verde e agora vice-governador Otaviano Pivetta. O cacique Carlos Bezerra, pelo MDB, apadrinhou o prefeito de Alto Paraguai, Adair José Alves Moreira. José Riva, que estava a um passo de deixar o poder na Assembleia Legislativa, entrou em cena com Neurilan. Riva venceu. Foi sua última vitória antes da degola que aconteceria em janeiro do ano seguinte com o fim de seu mandato de deputado. Neurilan cravou 59 votos, Adair 32 e Pivetta 30.

Os mandatos de Neurilan na prefeitura e na AMM chegaram ao fim em dezembro de 2016. Um grupo de prefeitos conhecido como Viúvas de Riva lançou o presidente à reeleição mesmo sem ser prefeito, argumentando que seria preciso enfrentar o governo Taques, e que qualquer prefeito que o fizesse poderia prejudicar seu município, por conta do gênio turrão do governador. Em nome dessa argumentação Neurilan foi homologado presidente por aclamação, sem disputa de chapas. Para tanto, as mesmas Viúvas providenciaram alteração no estatuto da AMM, que passou a permitir que ex-prefeito a dirigisse.
No ano passado, Neurilan foi eleito para o terceiro mandato. Disputou com o prefeito de Araguainha, Sílvio Moraes Filho, o Silvinho (DEM) e venceu por 82 a 30.
A mosca azul nunca saiu da cabeça de Neurilan. Ele quer o quarto mandato e, para tanto, armou uma arapuca com a antecipação da eleição para dezembro, quando a mesma deveria ocorrer em janeiro, logo após a posse dos prefeitos que administrarão nos próximos quatro anos.
Estranha entidade

Cada vez mais afastada dos prefeitos, a AMM vira uma estranha entidade. Na diretoria, além de Neurilan, há outros dois sem mandatos nos municípios.
O secretário-geral Jonas Canarinho/PSL era prefeito de Aripuanã, foi cassado por improbidade administrativa, sub judice disputou a eleição para a prefeitura e foi derrotado. O tesoureiro-geral Marcos de Sã Fernandes/PSL, de Santa Cruz do Xingu, renunciou ao mandato para assumir a presidência da Fundação de Apoio à Pesquisa de Mato Grosso (Fapemat).
Eduardo Gomes – Redação blogdoeduardogomes
FOTOS:
1 – Agência AMM – Divulgação
2 – Agência CNM – Divulgação
3 – Site diaadiadovale.com.br – Jaciara
4 e 5 – blogdoeduardogomes
PS – Postado também:
Site www.noticiadosmunicípios.com.br – Barra do Garças
Site www.jornalmtdonorte.com.br – Alta Floresta e na edição imprensa do Jornal MT do Norte, da mesma cidade
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