Boa Midia

Mãe-assombração

O autor

Existem jogadores que são capazes de tudo para ficar uns dias distantes dos treinamentos. Vale tudo, até “matar” a mãe, para o boleiro conseguir uns dias de folga. Nos velhos tempos em que o grande meio de comunicação era o telegrama, passado em Código Morse, o que dificultava saber se a mensagem era verdadeira ou não, tinha jogador que “matava” a mãe quantas vezes trocasse de time por ano.

 

Em 1979, o treinador Hélio Machado chegou à sede do Mixto e encontrou o zagueiro central Jorge Aguiar em prantos. O motivo do choro, conforme justificou o jogador: sua mãe, que morava no Rio de Janeiro, havia morrido de repente…

Machado deixou de lado todos os problemas que tinha ido resolver e tratou imediatamente de conseguir uma passagem e de embarcar Jorge Aguiar para o Rio de Janeiro para acompanhar o velório e o sepultamento da sua genitora. E de quebra lhe deu uns dias de folga para o jogador se recuperar, junto aos seus familiares no Rio de Janeiro, do baque de ter perdido a mãe.

Na volta de Jorge Aguiar a Cuiabá, o Mixto mandou celebrar missa de 7° dia em sufrágio da alma da mãe do seu defensor. Além dos jogadores e diretores, também torcedores mixtenses compareceram à missa para apresentar suas condolências a Jorge Aguiar…

Em 1980 o Mixto foi jogar com o Itabuna, na Bahia, pelo Campeonato Brasileiro. E teve que pernoitar no Rio de Janeiro, porque os voos que saíam do Galeão no dia que o alvinegro partiu de Cuiabá estavam todos lotados. Os jogadores até que gostaram, pois passariam umas horas no Rio ou pelo menos na Barra da Tijuca, onde ficava o hotel em que pernoitariam.

Quando a delegação mixtense chegou ao saguão do aeroporto do Galeão, uma surpresa: lá estavam a mãe e duas irmãs de Jorge Aguiar esperando o jogador. “A mãe do Jorge Aguiar é uma assombração, vamos fugir daqui, pessoal…” – disse alguém da delegação em voz alta, com a evidente intenção de ironizar o companheiro pela mentira que ele havia pregado em todo mundo.

PS – Reproduzido do livro Casos de todos os tempos Folclore do futebol de Mato Grosso, do jornalista e professor de Educação Física Nelson Severino.

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