Xisto Xavante quer ser voz política de seu povo na Barra
Xavante é uma etnia com 24 mil indivíduos aldeados no Vale do Araguaia, nos municípios de Barra do Garças, Canarana, Santo Antônio do Leste, General Carneiro, Campinápolis, Água Boa, Ribeirão Cascalheira, Nova Nazaré, Novo São Joaquim, Paranatinga e Bom Jesus do Araguaia. Esse expressivo contingente humano e sua capilarização na região não se traduz em representação política. Tentando reverter essa realidade, o professor Xisto Xavante (PSD) é candidato a vereador pela Barra, o município que em 1982 mandou para a Câmara dos Deputados, pelo Rio de Janeiro, o cacique Mário Juruna (PDT).
Xisto Xavante é seu nome social. Na verdade ele se chama Xisto Tserenhi ru Tserenhimi rami. Desde 2007 professor na Escola Estadual Indígena Hambre, na Terra Indígena São Marcos, na Barra, onde vive, o candidato a vereador pelo PSD com o número 55.100 é Especialista em Educação Escolar Indígena formado pelo curso de Magistério da Universidade Federal de Mato Grosso por meio do Projeto Tucum; é membro do Conselho Estadual de Educação Escolar Indígena; e trabalhou na Secretaria de Estado de Educação (Seduc), em Cuiabá, função essa que lhe permitiu conhecer o mecanismo estatal no trato da educação dos povos indígenas. “Meu cargo de conselheiro também contribuiu pra aumentar meu conhecimento na área (da Educação)”, observa.
Calmo, sempre falando pausadamente e sem elevar o tom, Xisto Xavante reconhece que o cargo que disputa na Barra não lhe dará condições para reinventar a roda, mas sustenta convicto que o mandato de vereador na cidade mais importante do Vale do Araguaia lhe dará legitimidade para a defesa do seu e dos demais povos indígenas. Sua meta parlamentar não se restringe à defesa dos povos indígenas. Segundo ele, vereador tem papel fundamental para a melhoria da qualidade de vida na cidade, sugerindo e cobrando obras de saneamento e outras com reflexos sociais em todo o município e na região.
A disputa por uma mandato de vereador pela Barra é intensa. São 46.209 eleitores para elegerem 15 candidatos. Xisto Xavante é quase consenso entre seu povo e se sente gratificado por isso e também pelo apoio recebido tanto na cidade quanto nos distritos e zona rural, por barra-garcenses não xavantes.
Nas terra indígenas São Marcos, Parabubure, Areões, Areões I, Areões II, Pimentel Barbosa, Sangradouro/Volta Grande, Ubawawe, Wedezé, Marechal Rondon, Chão Preto e Marãiwatsédé, onde a etnia vive em aldeamentos, em municípios da regiao, a torcida é grande pela eleição de seu professor. Todos sabem que precisam de uma voz nos meios políticos, e Xisto Xavante, mesmo calmo, sempre falando pausadamente e sem elevar o tom assume a bandeira de falar por seu povo, que estava no Vale do Araguaia quando os primeiros colonizadores ali chegaram, pois aquela região lhes pertence desde tempos imemoriais.
Eduardo Gomes – blogdoeduardogomes
FOTO: Arquivo blogdoeduardogomes
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