Faltam 100 dias para terminar os mandatos dos prefeitos

Hoje é uma data para os 141 prefeitos de Mato Grosso refletirem. Faltam 100 dias para o término de seus mandatos, em 31 de dezembro. A maioria corre atrás de votos pela reeleição e um grupo menor é inelegível por ser reeleito. Dos que venceram a disputa em 2016, nem todos continuam no cargo: 14 (10% do total)  foram substituídos. Essas mudanças aconteceram por conta de um assassinato, três renúncias e 10 cassações. Além desses casos, em Alto Taquari Fábio Garbugio (PDT), que chegou ao cargo em eleição suplementar, morreu vítima do novo coronavírus. Um cassado e outro que renunciou integram a diretoria da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), entidade que não tem prefeito em seus três principais cargos.

 

Ainda é prematuro afirmar quem concorrerà à reeleição, pois para tanto é preciso receber a chancela da Justiça Eleitoral, e alguns prefeitos estão enrodilhados por escândalos. Mas, se pode dizer quais os prefeitos deixaram o cargo e quem são os reeleitos. Nesse contexto é importante ressaltar que Rosana Martinelli (PL), de Sinop (97.934 eleitores), era pré-candidata, mas recuou de última hora, sem apresentar razões para tanto.

 

Gangorra nas prefeituras

 

Escândalos eleitorais, corrupção, assassinato e morte alteraram a composição do poder nos municípios. Dentre os eleitos em 2016 para as prefeituras, 10 foram cassados. São eles:

PRIMAVERA DO LESTE – O prefeito Getúlio Viana (PSB), foi cassado por crimes eleitorais. Leonardo Bortolin (MDB) venceu a eleição suplementar e administra o município.

MIRASSOL D’OESTE – O prefeito Elias Leal (PSD) foi cassado ao ser alcançado pela Lei da Ficha Limpa por força de uma condenação colegiada; em eleição suplementar se elegeu Euclides Paixão (PP).

BOM JESUS DO ARAGUAIA – O prefeito Joel Ferreira (PSDB) perdeu o mandato por crime eleitoral. Ronaldo Rosa – Roni do Mureré (DEM), em eleição suplementar, conquistou a prefeitura.

PLANALTO DA SERRA – A prefeita Angelina Benedita (PSDB) foi cassada; em eleição suplementar Dênio Peixoto (PSD) venceu a disputa e assumiu a prefeitura.

RIBEIRÃO CASCALHEIRA – O prefeito Reynaldo Diniz (PL) foi cassado. Em eleição suplementar a vereadora Luzia Brandão (SD) conquistou a prefeitura.

CONQUISTA D’OESTE – Maria Lúcia de Oliveira Porto (PSB) conquistou – sem trocadilho – a prefeitura em eleição suplementar, após a anulação da eleição de outubro de 2016, quando duas chapas foram impugnadas e, outra, não alcançou o número necessário de votos.

ALTO TAQUARI – Fábio Garbugio (PDT) venceu a eleição suplementar para a prefeitura, após a cassação do prefeito eleito Lairto Sperandio (DEM). Garbugio morreu em 26 de julho, num hospital em Goiânia, vítima do novo coronavírus. Seu vice, Marco Aurélio Julien (PRB) assume o município.

LAMBARI D’OESTE – O prefeito Edvaldo Alves dos Santos (PSB) foi cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) por compra de votos – o presidente da Câmara, Josivan Medeiros, o Dandan (PL) assumiu o município.

JUARA – A Câmara Municipal cassou a prefeita Luciane Bezerra (PV), por crimes de improbidade administrativa. O vice-prefeito Carlos Sirena (DEM) assumiu a prefeitura.

ARIPUANA – Adir Vieira Ferreira (PL) é o novo prefeito. Empossado na sexta-feira, 26 de junho deste 2020, pela Câmara Municipal, Adir prestou juramento, pegou as chaves da prefeitura e assumiu o cargo em razão da cassação do titular, Jonas Canarinho (PSL), na noite anterior, pela Câmara, por uma série de atos de improbidade administrativa.

 

Renúncias

 

Três  prefeitos renunciaram. Um, alegando problemas de saúde; outro, para se desincompatibilizar e disputar eleição à Câmara dos Deputados em 2018; e o terceiro para assumir cargo no governo estadual.

SÃO JOSÉ DO XINGU – Luiz Carlos Nunes Castelo, (PTB), deixou a administração alegando problemas de saúde. Assumiu o vice Vanderlei Soares – Nenê da Oficina (PP), do distrito de Santo Antônio do Fontoural.

DOM AQUINO – Em 2018 Josair Lopes deixou a prefeitura ao vice Valdécio Luiz da Costa –  Zão (PSB) para disputar sem sucesso uma cadeira de deputado federal pelo PSB e não foi além de 18.897 votos, Na eleição suplementar ao Senado o ex-prefeito é candidato a primeiro suplente na chapa encabeçada por Euclides Ribeiro (Avante).

SANTA CRUZ DO XINGU –  Marcos de Sá Fernandes da Silva (PSB) renunciou à prefeitura de Santa Cruz do Xingu no começo deste setembro e entregou o cargo ao vice e correligionário Maicol Ângelo Soares. A renúncia foi pra que ele assumisse a presidência da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapemat).

Assassinato

 

COLNIZA – O prefeito Vando da Colnizatur (PSB) foi assassinado na tarde da sexta-feira, 15 de dezembro de 2017, em sua cidade.

Esvandir Antonio Mendes, o Vando, tinha 61 anos, era casado e empresário no ramo de transporte de passageiros. Foi executado a tiros por ocupantes de um carro que seguiu a camionete Toyota que dirigia. Além dele, o secretário de Finanças da prefeitura, Adnilson Ferreira também foi atingido; tiros acertaram as costas e uma perna de Ferreira.

O vice-prefeito Celso Leite Garcia, o Celso da Cacique (PT), assumiu a prefeitura.

 

Quem tenta se reeleger

 

No grupo dos que podem concorrer nos grandes municípios, Emanuel Pinheiro (MDB), de Cuiabá (378.097 eleitores), que carrega o desgaste de ser réu na Justiça Federal pelo escândalo do Paletó, episódio dantesco exibido pela TV Globo em 2017, onde o vídeo mostra Emanuel recebendo maços de dinheiro e os enfiando no bolso do paletó, que de tão abarrotado não coube todos e um caiu ao chão. Essa dinheirama, segundo Sílvio Corrêa, que a entregou, se tratava de pagamento de mensalinho a Emanuel, então deputado estadual, pra que o mesmo ficasse de bico calado diante da corrupção que minava o governo. Sílvio era chefe de Gabinete do governador Silval Barbosa.

Sílvio fez tal afirmação numa delação premiada que ele e Silval fizeram ao Ministério Público Federal com homologação pelo Supremo Tribunal Federal. Silval confirmou a fala de seu ex-secretário.

Quanto a esse episódio do Paletó, a Câmara Municipal de Cuiabá, controlada por Emanuel, instaladou uma Comissão Parlamentar de Inquérito – a CPI do Paletó – para investigá-lo, mas conseguiu a proeza de mantê-la sob o tapete.

Praticamente todos os prefeitos em primeiro mandato foram às convenções e aguardam a homologação de seus nomes à reeleição. Dentre eles, além de Emanuel Pinheiro: Zé do Pátio (SD), de Rondonópolis; Sílvio Moraes, o Silvinho/DEM, de Araguainha (1.001 eleitores); Antônio Leite (MDB), de Tesouro; Flori Binotti (PSD), de Lucas do Rio Verde; Nelson Paim (PDT), de Poxoréu; Janailza Taveira (SD), de São Félix do Araguaia; Thelma de Oliveira (PSDB), de Chapada dos Guimarães; Carlos Sirena (DEM), de Juara; e Altir Peruzzo (PT), de Juína.

 

De novo

 

Vários ex-prefeitos querem voltar ao cargo. Nesse grupo, dentre outros:

CUIABÁ –  A capital, tem ex-prefeito pré-candidato. É o radialista Roberto França, filiado ao Patriota, mas colecionador de filiações, dentre as quais ao PMDB, PTB, PSDB e PPS. França exerceu vários cargos eletivos e foi prefeito em dois mandtatos conínuous, de 1997 a 2004. Sua administração foi marcada por crônicos atrasos salariais. À época, quando a prefeitura conseguia quitar duas e até três folhas em atraso, a extinta Folha do Estado abria manchete: “França paga e não discute”.

ALTO BOA VISTA – Alcides Milhomem (DEM) disputará a prefeitura daquele município no Vale do Araguaia. Em silêncio, Alcides acompanhou a desintrusão da antiga Fazenda do Papa, em 2012 para transformá-la na Terra Indígena Marãiwatsédé, dos xavantes.

NORTELÂNDIA – O  engenheiro democrata Rodomildo Rodrigues Silva tentará mais uma vez chegar ao gabinete mais cobiçado do município.

MATUPÁ – O democrata Fernando Zanfonato quer voltar ao cargo daquele município no Nortão, na divisa com o Pará..

TORIXORÉU – Lincoln Saggin (PL), ex-prefeito e ex-deputado estadual, é pré-candidato. Olinda Saggin, mulher de Lincoln foi prefeita daquele município do Vale do Araguaia, na divisa com Goiás.

ARENÁPOLIS – O empresário Job Oliveira Sampaio, o Oliveira (PTB) sonha acordado em novamente ser prefeito e carrega o título de pré-candidato.

SINOP –  O deputado federal e radialista  Juarez Costa (MDB) não se interessa mais por seu mandato em Brasília. Delira sonhando em voltar a ser prefeito da chamada Capital do Nortão. Juarez administrou aquele  município por oito anos cosecutivos e foi deputado estadual.

LUCIARA –  Parasu de Souza Freitas (MDB) tentará reconquistar a prefeitura daquele município defronte a Ilha do Bananal.

JUARA – Priminho Riva (PL), que cumpriu dois mandatos consecutivos de prefeito naquele município no Vale do Arinos, está novamente na estrada de olho na prefeiutra. Priminho é irmão do ex-prefeito daquele município e ex-mandachuva na Assembleia Legislativa, José Riva – é tio da deputada estadual Janaina Riva (MDB).

COLNIZA – No  maior dos novos municípios de Mato Grosso, a empresária e  ex-prefeita Nelci Capitani (DEM) está em cena em busca da prefeitura. Colniza faz divisa com Amazonas e Rondônia. Nelci foi a primeira prefeita (2001/04) e depois cumpriu novo mandato, (2009/12)

CHAPADA DOS GUIMARÃES – Naquela mística cidade ao lado de Cuiabá, Gilberto Mello (PL), que foi prefeito (2005/08) quer voltar ao cargo.

ÁGUA BOA – No centro geodésico do Brasil, em Água Boa, o empresário e ex-prefeito Maurício Tonhá (DEM) se prepara para a campanha que poderá resultar em seu terceiro mandato. Tonhá também presidiu a Câmara Municipal e na área empresarial realiza anualmente o Megaleilão de Água Boa – o maior do mundo

BARRA DO GARÇAS – O vereador e médico Paulo Raye (PROS) quer voltar à prefeitura, onde chegou ao se eleger em 1988, mas logo em seguida foi cassado pela Câmara Municipal, por corrupção.

Raye foi um dos personagens da constrangedora Primeira Feira da Corrupção, promovida no Congresso Nacional. A documentação que levou à sua cassação foi entregue à Feira pelo então vereador Aldemar Guirra, que mais tarde seria secretário de Justiça e Segurança Pública no governo de Dante de Oliveira. Guirra não está mais entre nós.

 

 

Cartas fora do baralho

 

Foram reeleitos 39 prefeitos e todos são inelegíveis ao cargo neste ano. São eles: Asiel Bezerra (MDB), Alta Floresta; Mauro Rosa – Maurão (PSD), Água Boa; Adalto Zago (PSDB), Apiacás; José Mauro (PSD), Arenápolis; Beto Farias (MDB), Barra do Garças; João Batista Silva – Cebola (MDB),  de Nova Xavantina; Francis Maris (PSDB), de Cáceres; Mabel Almici (PT), Castanheira; Lucimar Campos (DEM), Várzea Grande; Fábio Schroeter (PSB), Campo Verde; Jeovan Farias (PSD), Campinápolis; Valteir Quirino (PSD), Indiavaí; Pedro Ferronato (PSDB), Ipiranga do Norte; Humberto Bortolini – Betão (PSD), Itiquira: Fausto Azambuja (PL), Luciara; Arnóbio Andrade (PSD), Marcelandia; Valter Miotto (MDB), Matupá; João Braga (PSDB), Nova Maringá (PSDB); Fábio Junqueira (MDB), de Tangará da Serra; Adriano Pivetta (PDT), Nova Mutum; Valdenir dos Santos (PSDB), Nova Ubiratã; Humberto Nogueira (PSDB), Ponte Branca; Moacir Piovesan – Baixinho Piovesan (MDB), Porto dos Gaúchos; Tarcísio Ferrari (PSD), Reserva do Cabaçal; Antônio Xavier – Totonho (PSC), Rio Branco; João Balbino (PL), Rosário Oeste; Wemerson Prata (PP), Salto do Céu; Marcos de Sá (PSB), Santa Cruz do Xingu; Valdir Pereira Castro Filho – Valdirzinho (PSD), Santo Antônio de Leverger; Elias Leal (PDS), Mirassol D’Oeste; Joel Ferreira (PSDB), Bom Jesus do Araguaia; Reynaldo Diniz (PL), de Ribeirão Cascalheira; Miguel Brunetta (PL), de Santo Antônio do Leste; e Josair Lopes (PSB), de Dom Aquino.

 

AMM acéfala

 

Com a cassação de Jonas Canarinho e a renúncia de Marcos de Sá, os três principais cargos na AMM são ocupados por ex-prefeitos.

O presidente da entidade, Neurilan Fraga (PL) não é prefeito desde 1º de janeiro de 2017, data em que deixou a prefeitura de Nortelândia; Canarinho, cassado em Aripuanã, é o secretário-geral; e Marcos de Sá, que renunciou em Santa Cruz do Xingu, é o tesoureiro.

O mandato da direção da AMM termina juntamente com os dos prefeitos em 31 de dezembro.