Comunicação ‘fabrica’ frase de Mauro Mendes, internado, sobre Dom Pedro Casaldáliga

“Ele foi um exemplo para todos na luta pelos direitos humanos e contra as injustiças sociais. É uma grande perda para o mundo e seu legado e ensinamentos deverão continuar a ser seguidos por todos”

A frase acima foi atribuída neste sábado, 8, ao governador democrata Mauro Mendes, em referência ao bispo prelado emérito de São Félix do Araguaia, Dom Pedro Casaldáliga, que morreu nesta data na Santa Casa de Batatais, no interior paulista. Acontece, que Mauro Mendes está internado no Hospital Sírio e Libanês, na capital paulista, desde a sexta-feira, 31, para tratamento de uma pneumonia.

A frase de Mauro Mendes sobre Pedro – é assim que o bispo gostava de ser chamado – soa sem credibilidade. Como alguém internado em São Paulo pode se manifestar sobre uma morte em Mato Grosso estando em isolamento hospitalar? O governo estadual faz mistério sobre a doença do governante e sobre seu quadro de saúde, mas ocupa espaço na Imprensa Amiga para divulgar suposta frase que teria sido dita pelo paciente do Hospital Sírio e Libanês. Esse conteúdo está disponível no site público da Secretaria de Estado de Comunicação.

Em vida Pedro foi muito explorado por figuras políticas e sindicais. Em 26 de julho vazou (ou vazaram) uma carta assinada por 152 arcebispos e bispos da Igreja Católica desancando o presidente Jair Boslonaro. O documento ganhou o nome de “Carta ao Povo de Deus“. Dentre os signatários, Pedro. A inclusão do bispo prelado emérito de São Félix do Arguaia foi fraudulenta, pois o mesmo se encontrava profundamente debilitado, não falava nem conseguia escrever desde meados do ano passado, por complicações do Mal de Parkinson, labirintite e hipertensão, além da sequela de uma fratura no fêmur esquerdo.

A frase de Mauro Mendes sobre Pedro vulgariza o conteúdo informativo oficial do governo estadual. Possivelmente no afá de demonstrar que o estado de saude do governador seja bom, e de lhe conferir uma auréola de simpatizante com as causas defendidas pelo religioso que se foi, surgiu tal nota.

Lamentável a carta fraudulenta e a nota criada pela fertilidade bajulativa do sistrema de Comunicação do governo estadual bancado pelo contribuinte.

Eduardo Gomes – blogdoeduardogomes

FOTO: Mayke Toscano – Site público do Governo de Mato Grosso em aqruivo – Divulgação