Boa Midia

Poxoréu dos Bandeirantes aos primeiros anos do século XXI

Na verdade, sou um aprendiz de historiador, já que não é minha formação acadêmica. Sou pedagogo (UFMT), gestor público (UCDB) e Cientista político (UNIVAG). Entretanto, credenciei-me ao desafio de reescrever este texto, esculpindo outras contribuições sobre o tema, para não me declinar do convite honroso do eminente historiador e jornalista brigadeiro Eduardo Gomes, (blogdoeduardogomes) ancorando-me nas experiências culturais de décadas em Poxoréu e na publicação de 04 livros na área histórica e da literatura, além do ativismo histórico/literário pela União Poxorense de Escritores – UPE e, mais recentemente, pelo Instituto Histórico e Geográfico de Poxoréu, o qual presido, desde 2016. Assim, é na condição de aprendiz e dis´cupulo de grandes mestre, entre eles, a Dra. Elizabeth Madureira e João Carlos Vicente Ferreira, que me lanço nas alfombas desta deliciosa construção/reconstrução.

Para facilitar a leitura e o entendimento do leitor, o texto está dividido em pequenos tópicos elucidativos.

Há muitos textos avulsos sobre a história de Poxoréu, farta literatura e alguns documentos oficiais. Neste sentido, o texto abaixo seguir-se-á à logica da reconstrução oferecendo recortes destas referências explorando publicações da WEB, obras sobre o tema, sendo as principais as de XAVIER (1999) AMORIM (2003;2016); SOUZA (2014); BAXTER (1988); CARMO (2014), entre outros; Jornais e revistas da União
Poxorense de Escritores – UPE e do Instituto Histórico e Geográfico – IHG, além de referências
contidas nas Leituras Técnicas do Plano Diretor (Lei nº. 1.059, de 10/10/2006).

1. Considerações preliminares

Arma era acessório da moda

No início do século XX, o garimpo na região do Garças, antigo velho leste do Estado de Mato Grosso, constituia-se no epicentro da imigração nordestina, sobretudo baianos e maranheneses que deixavam os áridos sertões de seus estados em busca de prosperidades. A região onde se instalaria o futuro município de Poxoréu ainda era uma vasta área de natureza selvagem e intocada pelo homem branco, apenas os indios bororo exploravam a região no estado primitivo de suas culturas.

Das leituras técnicas à elaboração do Plano Diretor de Poxoréu (que resultou na edição da Lei Municipal 1.059, de 10/10/2006) pode-se se extrair claramente esta menção:

“Quando os primeiros garimpeiros chegaram ao sopé do Morro da Mesa em Poxoréu, já encontraram os índios bororo, à margem do córrego que mais tarde recebeu o nome da tribo. O que não se sabe, é se eles começaram a subir o Rio Vermelho e seus mais altos afluentes, antes ou depois que os bandeirantes chegaram ao Rio Coxipó, afluente do Cuiabá, em 1718.

Os Bororo já percorriam os vales dos rios São Lourenço, Vermelho, Itiquira, das Mortes, da Prata e Areia.

Havia aldeias no futuro município de Rondonópolis e nos, mais tarde, distritos de  Toriparu, Paraíso do Leste, Jarudore e Poxoréu. Da sua cultura, os brancos assimilaram as denominações de alguns acidentes geográficos, como o próprio nome do Município Poxoréu (“Pó”, rio; “Ceréu”, águas escuras); que quer dizer rio de águas escuras” (IN: Leituras Técnicas/Plano Diretor de Poxoréu/2006)

É de bom alvitre considerar que a conquista do futuro município não tardaria, já que os comboios de nordestinos se distribuiam em dois roteiros para o estado de Mato Grosso, a maioria atraído pela fama dos eldorados da garimpagem de diamantes, muitos inclusive advindo de locais ricos em prospecções diamantíferas como as regiões de Lençois, Mucugê e Andaraí, na Chapada Diamantina, inclusive mais adiantada na exploração mecanizada, a ponto de atrair empresários de Poxoréu para lá, na década de 80, entre eles, o ex vereador Manoel Messias Barreto (Santos), José de Acrísio, Zelito Nascimento, os irmãos Moacir e Jovino Castelhano, entre outros. Mas, este fenômeno é outra história.Vamos nos concentrar na década de 20 do sec. XX.

Morro de Mesa onde tudo começou

Os comboios que chegavam pelo Sul (Campo Grande, hoje MS) ou pelo Leste, pelas cidades goianas que margeava o Araguaia pelo portal do Garças, pouco se interessavam pela Pecuária ou Agricultura, sobre as quais, possuiam dominio e conhecimento no agreste nordestino, mas perseguiam o bamburro nas catras dos monchões  ou grupiaras e, assim, não demoraria varrer os cascalhos intactos onde quer que eles existissem. Os bandeirantes até exploraram terras agricultáveis (Antônio Cãndido de Carvalho 1903), o próprio João Ayrenas Teixeira (na 1ª Expedição), entre outros, porém os seus seguidores não expandiram estas práticas, à exceção de alguns que plantaram suas fazendas nos limites do futuro município (entre eles João Ribeiro Vilela, Josias Batista Vilela, José Dias, Jerônimo Marçal, a partir de 1919) e outros pioneiros que antes da expedição de João Airenas ao São Pedro, já havia passado pelo Vale (entre os Córregos Jácomo e bororo) passando mais tarde ao dominio da família Vieira (José Vieira da Silva – “Zé do Pinga”, em 1923). Insta esclarecer que estes relatos são de dona Joana Leal de Souza, uma das matriarcas da familia “Pinga” com quem conversei em 2006 para escrever trajatória da família de Ibitiara e do distrito de Lagoa Dioníso (BA) até Poxoréu, em 1928 e que consta registrado no Jornal O UPENINO nº. 16 de Outubro de 2006 (pags 7/10). Por esta razão e outras alcançadas por contribuições similares, Poxoréu logo existiria por uma razão bastante óbvia: havia cascalho com abundantes gemas  no solo, tanto que do 1º xibiu encontrado em 1924 não demoraia dois anos para que as bases da corrutela fossem plantadas em 1926, sob a denominação de Morro de Mesa, seu primeiro nome.

Em que pese a história considerar São Pedro, em 1924, o marco do povoamento que originou o município, a sua saga épica transcorreu a partir do garimpo do Morro de Mesa, alcançado em Julho de 1926, por Doroteu Sodré dos Santos e o grupo que o acompanhava fugindo às lutas Morbeck/Carvalhiana, passando a se consolidar em vida urbana com sofisticadas relaçoes sociais: amplo comercio de varieades, vida boêmia para
gosto e prazeres duais, uma das mais significativas histórias políticas do estado, berço de uma rica cultura, sobretudo a de origem nordestina, desde os mais modestos blocos de carnavais, organizados por proxonetas e “mariposas da noite” do baixo meretrício, com plumas e paetês importados (na época) do Rio de Janeiro e de São Paulo, através de ricos compradores de diamantes, aos bailes inesquecíveis do Diamante Clube, protagonizados por execuções de glória, em conjuntos musicais como o “Cassino de Sevilha”, “Alegria da
Espanha” ou orquestrados pela inigualável habilidade dos irmãos Coutinho, “Vada e Fite”,
que de posse de um saxofone, tocava um baile inteiro.

Poxoréu apequenou apenas no seu território e na economia, mas continua gigante nos seus valores culturais, sendo o grande celeiro de história, a principal referência da cidade-mãe do velho leste e que, bravamente, vem resistindo às transformações do desenvolvimento e do progresso, nem sempre favoráveis ao seu crescimento.

2. DA ORIGEM DO POVOAMENTO À EMANCIPAÇÃO.

 

2.1 – As primeiras Expedições

2.1.1 – Antônio C. de Carvalho nos vales dos Rios Itiquira e Garças

No final do século XIX, sertanistas se aproximam um pouco mais do território que mais tarde
seria batizado com o nome de Poxoréu.

Antônio Cândido de Carvalho, por volta de 1897, percorre os vales dos rios Itiquira e Garças. Fez duas expedições e funda a fazenda no rio Ponte de Pedra e ainda incentiva outros sertanistas a percorrerem a região em busca de diamantes e terras ótimas para implantar fazendas. Há indícios de que o sertanista passara pelo território onde hoje está instalado o município de Rondonópolis em 1903 e, na  companhia de índios, explorara a região em busca de terras agricultáveis.

2.1.2- Manoel Conrado dos Santos chega ao Rio Vermelho

Antônio Cândido de Carvalho, já plantara sua fazenda, no Rio Ponte de Pedra, quando em 1902,
Manoel Conrado dos Santos com sua família e um parente, Luis Esteves Rodrigues dos Santos,
estabeleceram moradia no médio curso do Rio Vermelho. Mais tarde, aquele local seria o sítio de
Rondonópolis, hoje, a progressista cidade de Rondonópolis, distrito de Poxoréu, emancipado em 1953.

2.1.3. João Airenas Teixeira alcança o Vale do Rio São Lourenço

João Airenas fez parte das expedições de Antônio Cândido de Carvalho que desde 1897, já
trilhava os Vales dos Rios Itiquira, Garças e Vermelho. Airenas já conhecia a região e tornou-se grande
amigo dos índios Bororos. Em 1903, orientado por Antônio Cândido de Carvalho, conduziu uma “entrada”,
embrenhou-se no Vale do Rio das Pombas, afluente do Rio São Lourenço, com o objetivo de descobrir jazida
de diamantes. Não encontrou diamante, mas acreditou na existência dele.

2.1.4. João Ribeiro Vilela nas Alminhas

Depois do seu casamento em 1912, João Ribeiro Vilela, esteve viajando pelos sertões do leste
mato-grossense, tomando conhecimento dos caminhos e da realidade da região. O seu sogro já estava
assentado no Capão Bonito perto do Batovi, no Vale do Rio das Garças. João Ribeiro chegou até lá voltando
a Torres do Rio Bonito, no estado de Goiás e contou o que havia descoberto e se preparou para se mudar
para Mato Grosso. Incentivou outros parentes a partirem também, pois o local descoberto havia terras em
abundância.

Era ano de 1916, quando partiram, atravessaram o Araguaia e chegaram até o Capão Bonito, seu
primeiro destino. Companheiros que com ele vieram, José Ribeiro Vilela (Deco Ribeiro) seu irmão, Josias
Batista Vilela, Joaquim Batista Vilela, irmão de Josias, Sebastião Vela de Moraes, irmão de dona Rita Ribeiro Vilela, esposa de João Ribeiro Vilela.

As famílias acomodaram-se em Capão Bonito e permaneceram lá por algum tempo, enquanto adquiriam suas próprias terras e iniciassem a implantação de suas fazendas. João Ribeiro, Josias Batista e José.

Segundo SOUZA (2014) João Ribeiro Vilela e sua esposa, Rita Vilela tiveram que rerganizar a vida na Fazenda em funçãoda passagem das tropas Beligerantes de Carvalhinho do Governo e da Coluna Prestes, em 1925 e 1926,

Ribeiro, dirigiu-se para o oeste em busca do local da realização dos seus desejos. Josias descobriu a
“Inveja” e ali plantou o seu marco; João Ribeiro e José Ribeiro caminharam um pouco mais, chegando ao
Sangradorzinho. Naquele local, foi a vez de Deco Ribeiro fazer a sua escolha.

João Ribeiro também tinha ficado às margens do Sangradorzinho, não fosse a rejeição de dona
Rita, por aquelas terras. Ela achava-as muito vermelhas. Conhecedor da propriedade do senhor Benedito
Gambira, às margens do Rio alminhas e da intenção do dono em vendê-las, João Ribeiro fez negócio,
“matando dois coelhos com uma cajadada só”: afastava-se um pouco mais do seu irmão e companheiro Deco
e agradava sua esposa, que muito gostou do local.

Em 1919 os locais citados já eram fazendas conhecidas pelos transeuntes que passavam por aquelas paragens, pela estrada Cuiabá – Goiás.

2.1.5. João Airenas descobre diamante em São Pedro

João Airenas não se esquecia de que quando estivera no Rio das Pombas em 1903, havia encontrado indícios fortes da existência de diamante naquelas localidades. Por isso, em 1924 resolveu reunir um grupo de companheiros e voltar ao Pombas. Em junho, ele e mais seis sertanistas, partiram com a finalidade de definitivamente tirar suas dúvidas a respeito da existência ou não de diamantes naquela região. De acordo com os historiadores, reconhecido o pioneirismo de Virgílio Correia (1925), além de João Ayrenas compunha a expedição: Pedro José (baiano), José Pacífico (Goiano), Antônio Diamantino (MT), Félix Abadie, Francisco Louzada e Rueda, cabendo a “Louzada” encontrar o primeiro xibiu.

O córrego eles batizaram com o nome de São Pedro, em homenagem ao dia do santo e onde
encontraram o primeiro diamante. Em outro córrego, batizado com o nome de “Sete”, retiraram um número maior de pedras de diamantes (sete chibius), motivo pelo qual e por serem em sete companheiros, assim o denominaram. As noticias espalharam-se rapidamente, pelos garimpos do Garças e pelos poucos aglomerados humanos da vasta região. Daí em diante, levas e levas de garimpeiros caminharam rumo a São Pedro, ávidos por catarem o diamante abundante naqueles córregos e monchões. Em pouco tempo, ali às margens daqueles córregos havia mais de três mil pessoas e um comércio razoável em função da garimpagem. Logo se tornou vila e distava a 30 km do local onde mais tarde seria edificada a cidade de Poxoréu.

São Pedro teve os seus dias de glória mas, em função das novas descobertas, não conseguiu manter
seu status quo. Michael Baxter em seu livro Garimpeiros de Poxoréu, (1988) ao falar sobre o
processo de ocupação da região, enumera que em novembro de 1924, e em janeiro de 1925, são
descobertas as jazidas de Todos os Santos e de Rio das Pombas, respectivamente. E em julho de
1926 foram descobertos os “depósitos de vale e terraço” localizados no sopé do Morro da Mesa.
Essas últimas descobertas atraíram os garimpeiros para Morro da Mesa, em função de sua grande
riqueza. E, ali iniciou-se uma pequena povoação, a qual ficou inicialmente conhecida como Morro da Mesa.

A vida em São Pedro, conforme quase todas as pesquisas, não era tranquila. Bem diferente, por exemplo, da Raizinha, povoado que se formaria, 10 anos após a descoberta de São Pedro. Texto dos notáveis membros do IHG, João de Souza e Agnaldo Francisco da Luz na revista do IHG (2017:08) descreve com riqueza de
detalhes os acontecimentos:

“As noites de São Padro eram sempre animadas. Pelas ruelas movimentavam-se os dois sexos e os
encontros eram sempre nos “Fecha Nunca”. Assim eram chamados os Cabarés. As mulheres de
“vida fácil” sempre acompanharam o movimento dos garimpos. Os cabarés eram obrigatórios; a
bebida, de maneira especial a cachaça pura, era abundantemente consumida e muitas vezes
derramada em sinal de euforia e demonstração clara da força do dinheiro, adquirido durante a
semana, que passara; o revólver, com predileção pelo “Trinta e Oito” estava na cintura de cada
homem; revólver e cartucheira cheios de bala eram como enfeites, sem o qual o homem não era
homem completo; não faltava nas noites de São Pedro as bancas de jogos. Elas eram o termômetro
que media a abundância dos manchões ou do leito dos córregos; eram também os mais lucrativos
negócios do povoado.

As noites em São Pedro, nem sempre foram diversão, alegria, paz. O excesso de bebida, de armas e
a presença de mulheres sendo disputadas faziam com que os revólveres fossem disparados com
frequência em qualquer direção. Os tiroteios eram frequentes e nem sempre eram tão inocentes e
despidos de consequências desastrosas.

O BAILE FATÍDICO

O ESTOPIM que deflagrou o CONFLITO do Garças, entre Morbeck e Carvalhinho, teve origem
num BAILE em um dos “Fecha Nunca” da corrutela de São Pedro: foi o “BAILE DA DISCÓRDIA”.

“Deu-se o seguinte: quase ao findar o ano de 1924, num baile de “Fecha-Nunca”, trava-se uma discussão entre um maranhense e um baiano, por causa de uma mulher que se entretinha a dançar com um
deles. A altercação toma vulto e a mulher é esbofeteada, coisa de somenos importância em ambiente tal”.

“Os circunstantes formam dois partidos, agregando os respectivos conterrâneos, sem maiores consequências no momento. Alguns tiros a esmo foram o prólogo da sangueira da manhã seguinte. “Os maranhenses tomaram sob proteção o conterrâneo e, em contraposição, os baianos se arregimentaram para o que desse e
José Morbeck. Foto: Carmo  viesse”. (CARMO, P 94, 2014)

“No dia seguinte (ao baile) um grupo de desordeiros, que nem chegou a dormir à noite, chefiado pelo valentão Chiquinho saiu em busca do acampamento dos maranhenses, localizado no povoado
do Alcantilado, próximo de São Pedro”. (CARMO, p 97, 2014).

“Chegando ao povoado sorrateiramente, o bando cercou o barracão dos maranhenses como se fosse
uma operação de guerra. Entrincheirados e bem posicionados ,sem que os maranhenses sequer
apercebesse, começaram a atirar e a gritar como possessos” ( CARMO, P 98, 2014)

“Sem tempo e condições para qualquer defesa ou reação, os maranhenses foram todos mortos sem
provocar uma só reação ou uma baixa no grupo dos covardes desordeiros”. (XAVIER, p73, 1999).

“É incrível, mas infelizmente é verdade, os homens depois de assassinarem os rapazes picam os
cadáveres a punhaladas e ainda detonaram carabinas nos rostos que chegaram a queimá-los com o
fogo da pólvora”. (Lima, in Carmo, 2014).

Estes trágicos acontecimentos registrados nos garimpos do São Pedro e Alcantilado levaram
Morbeck e Carvalhinho ao desentendimento, sem volta. O desentendimento levou-os à guerra, nos
anos de 1925 e 1926.

Uma resenha do historiador Marcos Amaral, (2018) acrescenta importantes contribuições ao tema em texto que ele intitulou “Vila de São Pedro, berço de Poxoréu”.

2.16. Doroteu Sodré e seus companheiros chegam ao Morro da Mesa

Garimpeiros sempre ávidos de aventuras e esperançosos de encontrarem fartura fácil movimentaram-se na direção dos novos garimpos: os de São Pedro, Sete e São Paulo, todos próximos.

Os caminhos de Caçununga, São Pedro, tornaram-se um fervilhar de homens carregando o seu
utensílio para apanharem o diamante, tão desejado. A corrutela surgiu rápida.

Em pouco tempo, já havia milhares de homens fervendo o chão ou mergulhando nas águas dos
córregos, no afã de catar os diamantes escondidos ali, a milhares de anos.

Em setembro de 1924, São Pedro era um aglomerado de centenas de barracos improvisados e alguns milhares de garimpeiros destemidos revirando a terra, “quebrando” e lavando cascalho. Mas em São
Pedro, o ambiente, não era de paz. Quatro forças causadoras de violência e medo naqueles garimpos

O novo município foi criado com uma área de 25.509 km² e foi instalado no dia 1º de janeiro de 1939, sendo nomeado e empossado o cidadão Luis Coelho de Campos (Coronel Luisinho) como o primeiro prefeito de Poxoréu.

Um ano após a criação do município, em 1940, houve o primeiro recenseamento. Poxoréu já
possuía 14.749 habitantes. O distrito sede possuía 11.213; Coronel Ponce, 720; Ponte de Pedra, 1.041 e
Rondonópolis 1.805 habitantes. A força da migração para Poxoréu foi o garimpo, mas em 1940 a agricultura
já estava bem estabelecida e a pecuária acompanhou o seu ritmo. O rebanho era de aproximadamente 30.000 cabeças.

Na divisão do Estado, através do Decreto Lei nº. 583, de 24 de dezembro de 1948, e para vigorar no quinquênio 1949 a 1953,  Poxoréu estava constituído pelos seguintes distritos: Poxoréu (sede), Coronel Ponce, Rondonópolis, Ponte de Pedra, Toriparu (criado com território desmembrado do distrito sede
municipal e localizado próximo de Lajeado); Alto Coité,com território desmembrado dos distritos sede
municipal e de Coronel Ponce. A Lei nº. 666 de 10 de dezembro de 1.953, criou o município de
Rondonópolis, desmembrando de Poxoréu, que perdeu dois distritos: Rondonópolis e Ponte de Pedra.
O distrito de Paraíso do Leste foi criado em dezembro de 1953. O distrito de Jarudore foi criado pela Lei nº. 1.191 de 20 de dezembro de 1.958. O povoado de Aparecida do Leste, próximo de Paraíso do Leste, chegou a ser transformado em distrito, ,e hoje, é apenas um povoado. Insta acrescentar que no governo de Jane Maria Sanchez Lopes Rocha, em 2013, foi criado mais um distrito: Nova Poxoréu, nos limites do
território com a cidade de Primavera do Leste, que, no processo de atualização das divisas, foi anexado a Primavera via da Lei Estadual 10.500, de 18 de janeiro de 2018, mas teve seus efeitos interrompidos pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso, podendo o leitor, mais adiante, conhecer parte deste processo, numa breve síntese que redigi. Neste tema, também pode o leitor melhor compreender o processo de formação dos distritos de Poxoréu lendo o livro LINHAS HISTÓRICAS DE POXORÉU… (AMORIM, 2003)

Com o surgimento de novas tecnologias na agricultura, período pós-Revolução Verde, com a
introdução da calagem e da adubação nos cerrados e da presença de sulistas no planalto de Poxoréu, às
margens das rodovias BR – 070 e MT – 130, surgiu o povoado de Primavera do Leste, que se transformou
em distrito de Poxoréu no dia 26 de setembro de 1.981. A Lei Estadual nº. 5.014, de 13 de maio de 1.986,
criou o município de Primavera do Leste, com território desmembrado de Poxoréu, Cuiabá e Barra do Garças.

2.1.12. Poxoréu dividido

Ao ser criado, o território do município de Poxoréu, possuía 25.509 km². Com o desenvolvimento da região e o surgimento de outros aglomerados humanos, foram surgindo vilas que se transformaram em municípios; Poxoréu foi perdendo parte de seu território em favor dos novos municípios criados. Somente em 1953, três municípios foram criados, com pelo menos parte do seu território, pertencente ao município de Poxoréu.

1º Itiquira foi criado pela Lei Estadual nº. 654 de 1º de dezembro de 1953, desmembrado dos municípios de Alto Araguaia, Coxim e Poxoréu.

2º Alto Garças foi criado pela Lei nº. 660 de 10 de dezembro de 1953, desmembrado dos municípios de Alto Araguaia, Guiratinga e Poxoréu.

3º Rondonópolis foi criado pela Lei nº. 666 de 10 de dezembro de 1953, desmembrado do município de Poxoréu.

4º Jaciara foi criado pela Lei nº. 1188 de 20 de dezembro de 1958, desmembrado dos municípios de Cuiabá e Poxoréu.

5º Dom Aquino foi criado pela Lei nº. 1196 de 22 de dezembro de 1958, desmembrado do município de Poxoréu.

6º Primavera do Leste foi criado pela Lei nº. 5014 de 13 de maio de 1986, desmembrado dos municípios de Poxoréu, Cuiabá e Barra do Garças.

Com essas subtrações do seu território, Poxoréu já perdeu nesses anos, cerca de 18.991,40 km². Mas o sonho de divisão, não se acabou. O distrito de Alto Coité, liderado pelo sonhador Edésio Canabrava, (falecido em 2020, no exercício do seu 2º mandato de vereador), há muitos anos, vem trabalhando a sua emancipação. Na verdade, o que conseguiu foi despertar os habitantes do distrito da Nova Poxoréu (criado pela Câmara em 2013) no governo da Prefeita Jane Maria Sanches Lopes anexar-se ao território de Primavera do Leste, face da Lei Estadual 10.500/2017, (de 18/01/2017) cujos efeitos não foi  adiante, face da judicialização impetrada pela Prefeitura de Chapada dos Guimaraes, suspendendo os efeitos da lei.

Um artigo publicado na Revista A UPENINA nº. 04 (Outubro de 2011) pelos autores Sulene Maria de Campos Souza, (Geógrafa) Sandra Rangel Soares (Pedagoga e Socióloga) e João de Souza (Escritor), intitulado POXORÉU E SUAS DIVISÕES, trouxe importantes registros dessas divisões, inclusive uma razoável demonstração cartográfica. Sobre o fato da atualização das divisas, escrevi um denso texto de 46 páginas (ainda não publicado), do qual vou extrair para este trabalho alguns enfoques:

Gaudêncio Filho Rosa de Amorim: poeta, escritor e compositor filiado a União Poxorense de Escritores (UPE) e ao Instituto Histórico e Geográfico de Poxoréu – autor do livros Prefeitos de Poxoréu, Biografia (2016) dentre outros

PS – Fragmentos de um estudo do Professor Gaudêncio Amorim, sobre as origens de Poxoréu

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