Boa Midia

Mamãe faz 100 anos

A área de ocorrência de urubus abrange o meio-Atlântico da América do Norte, incluindo Nova Jersey, sul dos Estados Unidos, México, América Central e parte da América do Sul. É da família Cathartiformes. O grupo é restrito ao continente americano é composto por apenas sete espécies divididas em dois subgrupos: urubus (quatro espécies) e condores (três espécies). Nem todas espécies são feias. O urubu rei é uma linda ave rara. Alimentam-se de animais em decomposição. É uma ave considerada imprescindível para a limpeza do meio ambiente.

Toda vez que ouço alguma coisa sobre urubus eu me lembro de uma foto famosa, onde um urubu mira uma criança moribunda. Enfim, urubu remete a aproveitadores que cultivam o hábito de esperar a morte para se fartarem dela.

O leitor deve estar preocupado onde eu quero chegar com o rumo desta macabra prosa. Eu discorri, aqui nesta coluna, sobre os filhos que abandonam os pais na mais cruenta miséria e tocam as suas vidas como se isto não fosse de suas responsabilidades. Entretanto, parte do gênero humano é pior ainda. Quando uma mulher concebe ela não sabe o que está colocando no mundo. Pode ser qualquer espécie do gênero animal, a ser este o parâmetro: cobras, lagartos, coelhos, jacarés, onças, cordeiros, gatos e cachorros, gaviões, águia e até urubus, e por aí vai a imensa variedade da fauna.

Ao vê-se uma família junta festejando encontros, aniversários e casamentos, não se faz ideia dos ciúmes, das brigas e contendas intestinas que permeiam o seio familiar. Uma família reunida é boa de se vê a distância, pois esta impede de se entrar nos meandros e nos sórdidos detalhes. Lembro de um filme de Carlos Saura chamado “Mamãe faz 100 anos”, onde os seus três filhos, no seu aniversário, começam a tramar o seu assassinato para colocar as mãos no seu seguro e na sua herança.

Os anciões que possuem alguns “quatro costados” que se cuidem – por que podem causar a cobiça de descendentes inescrupulosos e estranhos como genros e noras gananciosos, daquilo que construíram a duras penas ao longo de muitos anos.

Os aproveitados são pessoas canalhas e ordinárias que estão por toda parte, inclusive no seio familiar. E eles, como urubus, já miram no que não é seu e podem se transformar em gaviões/águias e desfechar um golpe antecipado. O aqui relatado não chega a ser inédito ou constitui alguma novidade. Com as exceções devidas: é apenas um aspecto cruel da vida como ela é.

O isolamento não é um bom conselheiro, pois desperta em mim o meu lado sombrio!

Que saiamos deste imbróglio fortalecidos e melhores do que éramos, para enfrentar as vicissitudes deste País que desafia a todo instante a racionalidade e o bom senso. Conscientes de que a condição humana é fragilíssima e vai a lona com a simples investida de um vírus.

Renato Gomes Nery – Advogado em Cuiabá e ex-presidente da OAB/MT
rgnery@terra.com.br

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