Boa Midia

Prevenção esvazia o Mercado Central de Belo Horizonte

O Mercado Central vazio
O Mercado Central de Belo Horizonte ficou de portas fechadas neste domingo. A situação inusitada se repete 40 anos depois da primeira suspensão de suas atividades em toda a história. No dia 1º. de julho de 1980, a capital mineira recebia pela primeira vez a visita de um pontífice da igreja católica, o papa João Paulo II. A diferença é que naquele dia, mais de 800 mil pessoas se aglomeravam pelas ruas no trajeto que levaria o chefe da igreja católica do Aeroporto da Pampulha (Confins seria inaugurado quatro anos depois) até a região Centro-Sul, aos pés da Serra do Curral onde posteriormente foi construída a praça do Papa .

 

Contrastando com a multidão de quatro décadas atrás, neste segundo domingo de isolamento social em BH – recomendação dos órgãos mundiais e nacionais de saúde para barrar a contaminação pelo coronavírus -, os arredores do Mercado Central estão desertos. No início da semana alguns comerciantes anunciaram o atendimento delivery, mas neste domingo a maioria não está respondendo aos telefones e Whatsapp disponibilizados para o público.

Onde o queijo está, tem mineiro

A comerciante Mariana Tavares, da Império dos Cocos, informou que o serviço de entrega será retomado na segunda-feira. A empresa da família, fundada pelo avô de Mariana há 58 anos, fornece castanhas, bacalhau, frutas secas, temperos e frios. As entregas cobrem toda a cidade, sem taxas extras. Ela disse que precisou reinventar os trabalhos.

“No mercado, os lojistas estão se virando. Temos doze funcionários e demos férias para seis, priorizando os mais velhos ou aqueles com problemas de saúde. E mesmo assim, a demanda tem sido muito baixa”. A comerciante, que vem assumindo a frente dos negócios da família, disse que a primeira preocupação é garantir os salários dos colaboradores. No sábado, foram entregues 20 pedidos; durante a semana a média diária é de 30.

A loja de embalagens Gato Preto informou que o serviço delivery funciona de segunda a sábado de 8 às 13h. No Whatsapp divulgado pela Loja da Kátia para entrega de artigos para confeitarias em geral, para confecção de ovos de Páscoa caseiros e cestas de café da manhã, o recado é que os pedidos “serão atendidos por ordem de chegada”.

Na parte externa do estabelecimento faixas informam sobre a redução do horário de funcionamento de segunda a sábado que passa a ser de 8 às 17 horas (antes era de 7h às 18h) e o fechamento aos domingos. O acesso será restrito a algumas das entradas. Na semana passada, apenas as lojas de alimentos estavam funcionando.

 

Histórico mercadão

O burburinho no funcionamento

O Mercado Central nasceu em 7 de setembro de 1929, quando Belo Horizonte tinha 47 mil habitantes e 31 anos de fundação. O então prefeito Cristiano Machado resolveu reunir em um único espaço, de 22 lotes (14 mil m²), próximo à praça Raul Soares, as feiras da praça da Estação ferroviária (Rui Barbosa) e da atual rodoviária (Rio Branco).

O terreno descoberto abrigava barracas de madeira e lona, circundado por estacionamento de carroças que transportavam os produtos. Em 1964, o prefeito Jorge Carone resolveu vender o terreno sob argumento de impossibilidade do município administrar a feira.

Os comerciantes se organizaram, criaram uma cooperativa e compraram o imóvel da prefeitura, com a exigência da construção de um galpão coberto no prazo de cinco anos, caso contrário o imóvel seria retomado pela administração municipal.

A duas semanas do fim do prazo, foram contratadas quatro construtoras, cada uma responsável por uma lateral que executou o serviço a tempo. Atualmente o mercado conta com 400 lojas, e atrai milhares de visitantes anualmente de várias partes do Brasil e do mundo.

 

Elian Guimarães – Jornal Estado de Minas Gerais

FOTOS:

1 – Estaminas

2 e 3 – Arquivo

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