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BR-163 – Rota São Paulo-Zona Franca se desloca para Mato Grosso

Bolsonaro, ministros, militares e governadores inauguram a obra

A conclusão da pavimentação da  Rodovia Cuiabá-Santarém (BR-163) desperta interesse empresarial para o deslocamento do multimodal de transporte entre São Paulo e a Zona Franca de Manaus, de Belém para Miritituba via Mato Grosso, com a inclusão do trem em boa parte do percurso.

Na sexta-feira, 14, o presidente Jair Bolsonaro entregou ao tráfego a duplicação da rodovia, num ato que reuniu ministros, governadores, militares e outras autoridades.

A conclusão da pavimentação e o transporte ferroviário que liga Rondonópolis a São Paulo cairam como luva para Mato Grosso. Essa logística deverá resultar num multimodal com menor trajeto entre São Paulo e a Zona Franca de Manaus.

A redução do trajeto e consequentemente do tempo e custo do transporte poderá deslocar da Rodovia Belém-Brasília e algumas de suas alimentadoras, para a Cuiabá-Santarém, o trecho rodoviário entre os extremos do trajeto, que no sentido Sul movimenta o maior volume de eletroeletrônicos, motos, motos aquáticas, material e equipamentos elétricos etc., e na direção oposta garante boa parte do suprimento nas redes de supermercados e mercearias na capital e cidades amazonenses.

Até então o multimodal via Mato Grosso não era operado por conta dos trechos sem pavimentação na BR-163 no Pará. Com a conclusão da obra, a nova rota poderá ser consolidada, o que será importante para a economia mato-grossense.

Pela rota em uso a distância é de 4.536 quilômetros sendo 2.930 quilômetros por rodovias e 1.606 quilômetros por hidrovia. Por Mato Grosso o trajeto encolhe 381 quilômetros sendo 1.500 quilômetros por ferrovia, 1.660 por rodovia e 995 quilômetros por hidrovia.

Distância rodoviária São Paulo a Belém: 2.930 km
Distância marítima Belém a Manaus: 1.606 km
Total do percurso: 4.536 km
Distância ferroviária São Paulo a Rondonópolis: 1.500 km
Distância rodoviária Rondonópolis a Miritituba: 1.660 km
Distância marítima Miritituba a Manaus: 995 km
Total do percurso: 4.155 km

 

Embarque de soja no terminal ferroviário em Rondonópolis
TREM – A ferrovia está em pleno funcionamento. Mato Grosso escoa ao porto de Santos quase a metade de sua safra de soja, milho e algodão para exportação, num trajeto de 1.658 quilômetros. O terminal da Rumo Logística recebeu o nome de Complexo Intermodal de Rondonópolis (CIR) e foi inaugurado em 19 de setembro de 2013 pela presidente Dilma Rousseff e o governador Silval Barbosa. Sua construção em parte de uma área de 385 hectares destinado a tal finalidade conferiu à ferrovia o título de maior corredor ferroviário de exportação de commodities agrícolas do Brasil. Além da movimentação das commodities, o terminal também opera no transporte de containers.

 

O transporte pelo sistema double stack entre São Paulo e Rondonópolis

 

Moderna, essa ferrovia é a primeira do Brasil a operar o transporte de cargas pelo sistema double stack, que consiste na colocação de um container sobre outro, o que dobra a capacidade de carga. A Brado Logística, que é  subsidiária da Rumo Logística, transporta 68 vagões carregados com 136 containers de São Paulo a Rondonópolis..

 

BR-163 em Rondonópolis
BR-163 em Novo Progresso (PA)

 

BR-163 – A rodovia está pavimentada e tem duplicação entre o terminal ferroviário e Cuiabá, e de Rosário Oeste a Posto Gil, num trajeto superior a 300 quilômetros.
Nos demais trechos a BR-163 está pavimentada, sinalizada, é fiscalizada pela Polícia Rodoviária Federal .
A rodovia e conta com boa rede de oficinas mecânicas e elétricas, postos de combustíveis e hotelaria tanto em Mato Grosso quanto no Pará.

 

HIDROVIAS – O trajeto é feito pelo rio Tapajós, de Miritituba a Santarém, e daquela cidade a Manaus pelo rio Amazonas.

 

Itaituba é a cidade do porto de Miritituba no rio Tapajós, que é um dos mais importantes do Arco Norte – rota natural para as commodities agrícolas produzidas no Nortão.

 

RO-RO Caboclo

 

Balsa no Amazonas em Santarém

A movimentação das cargas entre São Paulo e a Zona Franca, via Belém tem quatro etapas: embarque na capital paulista, desembarque e embarque em Belém e desembarque em Manaus. Via Mato Grosso tería seis: embarque na origem, desembarque e embarque em Rondonópolis, desembarque e embarque em Miritituba e desembarque no destino. A redução do trajeto rodoviário e consequentemente a diminuição do preço do frete compensariam a movimentação a mais.

Miritituba tem uma das mais modernas instalações portuárias fluviais do mundo para embarque de commodities agrícolas, mas precisaria de se estruturar para a movimentação de containers pelo método RO-RO Caboclo.

RO-RO é a abreviação em inglês de roll on-roll off, que significa o modo como as cargas são embarcadas e desembarcadas, rolando para dentro e fora das embarcações. Na Amazônia, RO-RO Caboclo é o nome que se dá ao transporte de carretas carregadas por balsas de fundo chato, proa lançada e baixo calado.

A maior parte dos produtos industrializados na Zona Franca de Manaus é transportado pelo RO-RO Caboclo, que também responde pela fatia principal do abastecimento da capital amazonense, o que garante intensa movimentação de balsas.

Para Manaus o embarque nas balsas é feito em Belém, depois de uma viagem rodoviária de 2.930 quilômetros de São Paulo até láEsse modal se completa com uma viagem de 1.606 quilômetros pelo rio Amazonas. Caso a movimentação migre para Miritituba, sua operacionalização será tão fácil quanto o é na capital paraense, pois não há movimentação direta da carga para embarque e desembarque, mas sim dos containers. Ao contrário dos portos para embarque de grãos, o porto para containers requer mínima estrutura.

Mais logística

 

O plano do governo federal no setor de transportes reserva para Mato Grosso e Pará a construção da ferrovia Ferrogrão, com 1.142 quilômetros entre Lucas do Rio Verde e Miritituba, no trajeto paralelo ao da BR-163. Obra ferroviária é demorada, mas um dia termina.

No futuro, com a Ferrogrão, o transporte  rodoviário do multimodal cairia de 1.660 quilômetros para 518 quilômetros e o trecho sobre trilhos subiria de 1.500 quilômetros para 2.642 quilômetros.

No melhor dos mundos para Mato Grosso, o trem da Rumo avançaria de Rondonópolis para Cuiabá, e da capital para Lucas do Rio Verde. Num cenário assim o transporte rodoviário seria eliminado no multimodal de São Paulo a Zona Franca de Manaus.

Redação blogdoeduardogomes

FOTOS:

1 e 3 – Christiano Antonucci – Site público do Governo de Mato Grosso

2 – Wikipedia

4 – Brado Logística – Divulgação

5 a 7 – blogdoeduardogomes

 

 

 

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