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BR-163, tributo a persistência

Nesta sexta-feira aconteceu a entrega dos últimos quilômetros que faltavam para ser concluída a pavimentação da BR-163, em todo seu trecho final de 1.000 quilômetros – de Sinop, no Norte de Mato Grosso, ao terminal de portuário de cargas de Miritituba, no Pará. Um evento de grande magnitude para a logística nacional, que representa um grande salto para a competitividade da nossa produção diante do mercado internacional.

O ato se deu na Serra do Cachimbo, no sul do Pará e ao norte de Mato Grosso. E não poderia ter um local mais emblemático para ocorrer o ato que consolida um dos mais importantes corredores econômicos do Brasil. Afinal, foi ali, em 1976, que os bravos homens do 9º Batalhão de Engenharia e Construção, o 9º BEC, encontram os seus colegas do 8º BEC, promovendo, após cinco anos de intensos trabalhos, a ligação Cuiabá-Santarém.

Ao todo, foram abertos 1.780 quilômetros de estrada. Muito trabalho, muitos desafios e também muitos perigos, como o ataque de índios e a malária, que, aliás, dizimou vários desses trabalhadores. Era uma região inóspita, até então inacessível. Algumas equipes chegavam a ficar 40 dias isolados na mata e os alimentos eram jogados de avião. Uma região nunca antes habitada pela chamada civilização branca.

A BR-163 pronta, sem dúvida alguma, se traduz como um tributo aos que acreditaram que seria possível; cada um dos que ajudaram neste grande projeto: homens, mulheres, famílias que se empenharam nessa tarefa de construir tal grande rodovia, não apenas pela sua extensão, mas, sobretudo, pela sua importância estratégica econômica e social para o Brasil.

Esse magnífico projeto atendeu a visão estratégica do então Governo Militar. Conta-se que havia um alvoroço nacionalista quando o então presidente Emílio Garrastazu Médici anunciou, em 1971, a estratégia de unir o Brasil continental de Norte ao Sul. “Integrar para não entregar”, era o slogan que norteava a construção da BR-163

À frente dessas equipes, no trecho mato-grossense, estava o coronel José Meirelles. Por essa atuação, o coronel Meirelles ficou conhecido como o “pai da Cuiabá Santarém”. Era um obstinado. Sob o seu comando, os homens conseguiam abrir 2 quilômetros por dia da rodovia. No final, foram 1.114 km até a divisa com o Pará.

Do outro lado, os bravos soldados do 8º BEC, que, a rigor, tem a ver muito com a história de Mato Grosso. O 8º BEC é conhecido como “Batalhão Rondon”. Foi criado em 1908, ainda com a denominação de 5º Batalhão de Engenharia, sediado na cidade de Juruena, no Norte de Mato Grosso e  teve como primeiro comandante, o tenente coronel Cândido Mariano da Silva Rondon. Em sua secular história, carrega o desprendimento e o espírito patriótico de seu primeiro comandante.

Neste tributo a todos que vivenciaram essa que é uma das maiores conquistas da logística brasileira, é importante inspirar-nos nas palavras do nosso lendário coronel José Meirelles, que assim falou sobre a BR-163:

“É fácil fazer uma estrada, mesmo na selva, como foi o caso da Cuiabá-Santarém. Isso não é nenhuma epopéia. Epopéia mesmo é fazer com que o poder público interiorize os seus mecanismos de assistência e promoção humana, de valorização do homem”.

Wellington Fagundes (PL) é senador e presidente da Frente Parlamentar de Logística e Infraestrutura (Frenlogi).

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