Boa Midia

Silêncio cortante

Gilmar abriu a porteira
Gilmar abriu a porteira
Com invejável valentia mato-grossenses se dividem entre os que aplaudem e os críticos da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que em 7 deste novembro derrubou a possibilidade de prisão  de condenados em segunda instância, alterando seu próprio entendimento, vigente desde 2016. No entanto, nenhuma voz se levanta em Mato Grosso para mostrar o efeito dessa decisão na Terra de Rondon. Sobram vozes para enaltecerem e crucificarem o ex-presidente Lula da Silva, mas nenhuma toca na questão doméstica e nem mesmo José Riva – que já foi símbolo do político corrupto é lembrado.

Com pesar observo o silêncio cortante local.

José Riva pega carona na decisão do STF
José Riva pega carona na decisão do STF

A decisão do STF sedimenta a impunidade reinante e que tanto alegra a multidão do colarinho branco, que mesmo sofrendo condenações em primeira instância, sempre encontra o caminho das pedras pra não cair nas garras da lei em segunda instância – e quando isso raramente acontece, lança mão de recursos protelatórios na própria corte.

Pedro Nadaf e Silval agradecem
Pedro Nadaf e Silval agradecem

Mato Grosso é governista e sempre poupa os poderosos. Porém, tão logo o indivíduo é destronado, como acontece com o ex-presidente da Assembleia Legislativa, José Riva; o ex-governador Silval Barbosa; e alguns outros políticos, o julgamento popular é implacável. No entanto, em nome de interesses inconfessáveis, a elite dominante é poupada e paparicada.

Guilherme Maluf sorri
Guilherme Maluf sorri

Em cinco condenações em primeira instância, por crimes de peculato, lavagem de dinheiro, falsificação de documentos públicos e outros, todos na esfera da improbidade administrativa, Riva acumula penas que somam 96 anos, 7 meses e 20 dias de prisão. Porém, está solto e recorre em liberdade. Suas ações hibernam no Tribunal de Justiça e, agora, mesmo que julgado e condenado, terá um amplo caminho pra recorrer aos tribunais superiores.

Silval com Éder Moraes observados por Riva e Airton Português
Silval com Éder Moraes observados por Riva e Airton Português

Éder Moraes, ex-secretário de Estado, acumula penas que somam 104 anos de prisão. Vivaldo Lopes, ex-secretário-adjunto de Estado foi condenado pela Justiça Federal a 8 anos de reclusão. Chica Nunes, ex-presidente da Câmara Municipal de Cuiabá, também sofreu condenação.

Nilton Borgato na cúpula do governo
Nilton Borgato na cúpula do governo

Silval Barbosa (ex-governador), Permínio Pinto, Pedro Nadaf, Marcel de Cursi, Chico Lima, coronel José de Jesus Nunes Cordeiro, Humberto Bosaipo, Gilmar Fabris, Mauro Savi, Romoaldo Júnior e Wilson Santos (ambos deputados estaduais), Eduardo Botelho (presidente da Assembleia Legislativa), Baiano Filho, Campos Neto (vice-presidente do Tribunal de Contas do Estado), Waldir Teis, Valter Albano, Nilton Borgato (secretário de Estado de Ciência e Tecnologia), José Carlos Novelli, Mauro Carvalho (chefe da Casa Civil de Mato Grosso),  Antônio Joaquim, Ezequiel Fonseca, Pedro Henry, Emanuel Pinheiro (prefeito de Cuiabá), Carlos Azambuja, Guilherme Maluf (Presidente do Tribunal de Contas do Estado), José Domingos Fraga. Alexandre Cesar (procurador do Estado), Luciane Bezerra, Airton Português, Sílvio Corrêa, Afonso Dalberto, Juarez Costa (deputado federal) e tantos outros, ou são processados, ou delatatos, ou indiciados, ou se encontram com bens bloqueados, ou foram presos  etc.

A partir de agora, com a porteira escancarada, na fase de investigação poderá ser decretada prisão temporária ou preventiva, mas nada com força suficiente pra manter encarcerado o colarinho branco, ainda que o mesmo seja condenado em primeira e segunda instâncias.

A decisão do STF, tão comemorada pelos que não conseguem ver a ladroagem nos governos Lula/Dilma Rousseff premia não somente a quadrilha palaciana petista, mas também o colarinho branco suprapartidário mato-grossense.

A porteira para a corrupção está aberta por 6 votos a 5 no STF, sendo um que um dos votos por sua abertura foi do ministro Gilmar Mendes, mato-grossense de Diamantino.

Cada urro de Lula livre é também um grito por Riva livre, por Éder livre.

O Brasil perdeu a compostura judicial. Perdeu a sensatez, Perdeu a oportunidade de minimizar a corrupção brasileira.

Mato Grosso com seu silêncio cortante se curva ao que há de mais corrupto em suas entranhas.

Eduardo Gomes de Andrade – Editor de blogdoeduardogomes

FOTOS:

1 – Assessoria STF – Divulgação

2 e 4 – Assembleia Legislativa – Divulgação

3 e 5 – Governo de Mato Grosso – Divulgação

6 – Arquivo blogdoeduardogomes

 

2 Comentários
  1. Inacio Roberto luft Diz

    Quanta verdade. Vivemos plena insegurança jurídica política econômica social moral e ética

  2. Juraci Lima Diz

    Assino solidário
    Juraci Lima – historiador – Cuiabá – via Facebook

Comentários estão fechados.

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