TRANSBANANAL – Tocantins presenteia Mato Grosso com uma grande rodovia

- Transbananal une Carlesse e Tarcísio Freitas
Tocantins cria uma rota pavimentada de escoamento da produção do Vale do Araguaia mato-grossense para o Maranhão e a oferece a custo zero. É a Rodovia Transbananal, que ligará São Félix do Araguaia a Formoso do Araguaia (TO) e de quebra dá ao governador democrata Mauro Mendes o direito de posar para foto numa audiência pública da Assembleia Legislativa daquele Estado, que acontece nessa sexta-feira, 18, em Gurupi (TO) para debater essa obra.
A audiência acontece às 9 horas (DF), no Centro de Convenções Mauro Cunha, em Gurupi, distante 70 quilômetros de Formoso do Araguaia e contará com a participação do governador anfitrião, Mauro Carlesse (DEM), autoridades dos dois estados e do ministro de Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas

A preocupação ambiental com a obra levou o governo tocantinense a destinar R$ 50 milhões para o estudo de impacto ambiental e compensação socioeconômica às comunidades indígenas de Bananal.
A obra exigirá a construção de uma ponte estaiada com 2.600 metros sobre o rio Araguaia, e cinco pontes menores, sobre os rios Javaés (o braço do Araguaia ao lado de Tocantins), San Roncan, Riozinho, Jaburu, Rio 23 e Rio 24.
A Transbananal é um dos segmentos da BR-242, rodovia federal que liga a Bahia a Mato Grosso, e naquele trecho será coincidente com a TO-500.

Mesmo antes da pavimentação, a travessia de Bananal é feita no período das águas baixas (junho e novembro), mas depende de balsa.
Único deputado estadual com domicílio no Vale do Araguaia, Dr. Eugênio (PSB) participa da articulação para a pavimentação. O parlamentar defende a Transbananal e a consolidação de outros corredores de transporte na região, incluíndo a BR-080 entre Novo Santo Antônio e Luiz Alves, no município de São Miguel do Araguaia (GO), e a conclusão da pavimentação da BR-158.
LOGÍSTICA – Para Mato Grosso a Transbananal significa uma importante via Leste-Oeste. Ela ligará São Félix do Araguaia (11.708 habitantes) ao eixo da Rodovia Belém-Brasília. De São Félix a Formoso do Araguaia (18.440 habitantes) o trecho é de 92 quilômetros. De Formoso a Gurupi, à margem da Belém Brasília, a distância é de 70 quilômetros sendo 30 quilômetros pela Belém-Brasília – principal alimentadora rodoviária dos portos do Arco Norte no Maranhão. Em Gurupi, commodities agrícolas mato-grossenses poderão ser embarcadas para o Maranhão e Pará nos comboios da Ferrovia Norte-Sul, o que se traduzirá no surgimento de mais um sistema intermodal nacional de transporte.
A obra é defendida por Mauro Carlesse, que tem debaixo do braço uma lei nesse sentido, aprovada e sancionada em 2012. A Tranbananal é uma espécie de unanimidade junto à classe política daquele Estado.
A estimativa é que a obra comece em fevereiro do próximo ano, apesar de se tratar de período chuvoso na região. O projeto prevê a conclusão em 36 meses, mas antes que seja aberta a frente de trabalho será preciso que a tramitação burocrática junto ao Ibama, Funai e Ministério Público Federal seja concluída.
Do lado tocantinense tudo bem. O quê da questão para a plena logística de Transbananal está em Mato Grosso, onde a rodovia não chega. Seu prolongamento no terríorio mato-grossense é feito pela BR-242 e a BR-158 no sentido Norte-Sul. São Félix integra um bolsão de municípios sem acesso pavimentado. A distância daquela cidade a Ribeirão Cascalheira (BR- 242/158) é de 265 quilômetros e não há nenhum projeto no sentido da pavimentação. Para complicar, o trecho da BR-158 cruza a Terra Indígena Marãiwatsédé, dos xavantes, que não querem nem ouvir falar em asfalto.

A prefeita de São Félix e vice-presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), Janaílza Taveira (SD) participa da audiência em Gurupi.
Janailza defende a obra e luta em duas frentes: uma fora de seu Estado, e outra, internamente, em busca de acesso pavimentado para sua cidade e seus vizinhos Alto Boa Vista, Luciara, Novo Santo Antônio, Serra Nova Dourada, Bom Jesus do Araguaia, São José do Xingu, Santa Cruz do Xingu, Vila Rica, Santa Terezinha, Confresa, Porto Alegre do Norte e Canabrava do Norte.
Recentemente Janailza inaugurou a pavimentação do trecho urbano da rodovia BR-242, numa solenidade que reuniu importantes lideranças políticas.
Memória
Em 24 de janeiro deste ano blogdoeduardogomes postou o texto embaixo, sobre outra rota rodoviária que Mato Grosso recebeu de presente, também no Vale do Araguaia, em Cocalinho.
Ponte de Cocalinho, um presente goiano a Mato Grosso
Ponte construída pelo governo de Goiás na divisa com Mato Grosso
Bom é Goiás, que investe na infraestrutura de transporte mato-grossense. Tanto assim, que os goianos deram um grande presente ao vizinho Mato Grosso: uma ponte sobre o rio Araguaia.
Com 577 metros de extensão sobre o Araguaia ela é a maior ponte de Goiás. É assim que os goianos a chamam. Mas ao mesmo tempo é também a maior de Mato Grosso. Mas afinal o que há em comum nessa travessia que une os dois estados? Simples. Trata-se de uma ponte interestadual, mas com um detalhe: sua construção foi bancada pelo governo goiano e por um consórcio, sem um tostão de real mato-grossense.

Ao inaugurá-la em 29 de julho de 2017, o então governador goiano Marconi Perillo (PSDB) defendeu que a mesma recebesse o nome de Ponte da Amizade Dante de Oliveira, mas tal homenagem precisa ser referendada pelas assembleias legislativas dos dois estados. O governador tucano Pedro Taques participou da inauguração. O nome sugerido por Perillo ainda não foi oficializado.
A obra consumiu R$ 54 milhões de uma Parceria Público-Privada (PPP) do governo goiano e com o Consórcio Caminhos do Sol (60% desembolsado pelo governo e 40% pelo consórcio), que explorará seu pedágio por 25 anos. Mato Grosso respondeu apenas pelo aterro de 350 metros na margem esquerda do rio, que exigiu investimento de R$ 6 milhões incluindo sua pavimentação.

O projeto da ponte levou em conta a perspectiva de aproveitamento do rio para o escoamento de produtos agrícolas aos portos do Arco Norte. Por isso, o vão central tem 150 metros e elevação de 50 metros acima da linha d’água – o que possibilita a passagem de embarcações.
Antes a travessia era feita por balsa. No lado mato-grossense a MT-326 chega à barranca do rio. Na margem oposta é a GO-164. É uma grande obra que precisa – incrível – de acesso pavimentado.
A construção da ponte era um antigo sonho nas duas margens do rio. Sua obra começou em 1999, quando Perillo cumpria seu primeiro mandato de governador por Goiás (exerceu três). Depois sofreu longa paralisação por falta de recursos.
COCALINHO – Município na comarca de Água Boa. A pecuária é seu pilar econômico, mas o turismo tem grande potencial. A cidade, à margem do Araguaia, dista 400 quilômetros de Goiânia e 920 de Cuiabá. Legalmente o horário local é o mesmo de Mato Grosso, mas a população adota a hora oficial de Brasília, que é a mesma de Goiás.
Eduardo Gomes – blogdoeduardogomes
FOTOS:
1 – Governo de Tocantins – Divulgação
2 – Prefeitura de São Félix do Araguaia – Divulgação
3, 4, 6 e 7 – Arquivo blogdoeduardogomes
5 – Governo de Goiás – Divulgação
Grandes verdades