Guerra no Oriente Médio atingiria Mato Grosso

Região explosiva, marcada por guerras bíblicas citadas no Velho Testamento, atentados fundamentalistas, pelo contraste entre opulência e miséria, por ódio, vingança, disputas territoriais, absolutismo, escravidão, e mais recentemente, pelo poder que o petróleo confere a quem o explora. Assim é o Oriente Médio, onde densas nuvens de poderio militar botam em situação de conflito blocos regionais. Teerã, a capital persa do Irã fica na mira da saudita Riad e vice-versa. Nenhuma delas está só. A região pode literalmente pegar fogo, e isso, além da tragédia humana regionalizada e dos impactos na economia mundial, atingirá em cheio o mercado exportador mato-grossense, que é a base econômica de Mato Grosso.
O país do aiatolá Ali Khamenei disputa a primazia miliar regional com o reino da Arábia Saudita – ambos muito fortes em termos bélicos. A Síria de Bassar al-Assad e grupos fundamentalistas apoiam Riad. Na outra trincheira, o aliado de primeira linha é o país de Donald Trump – maior potência militar e nuclear. Israel, várias vezes ameaçado de extinção pelos aiatolás, vira estratégico membro de uma coalização contra o Irã e o primeiro ministro Benjamin Netanyahu. O mundo está a um passo, ou melhor, de um disparo pra pegar fogo naquela região.
No sábado, 14, drones dos rebeldes houthis, do Iêmen, atacaram com sucesso a maior refinaria do mundo, em Abiqaiq e Khurais, distante 160 quilômetros de Riad. Estados Unidos e o rei Abdullah, da Arábia Saudita denunciaram que o armamento utilizado é de origem iraniana. A tensão aumenta.
Paralelamente ao clima de guerra que se forma, o Irã prossegue com seu polêmico programa nuclear, que jura ser para fins pacíficos, enquanto Israel o acusa de avançar em busca de bombas atômicas.
Distante 12.560 quilômetros de Riad, Cuiabá apreensiva acompanha o desenrolar da grave crise no Oriente Médio. A apreensão tem razão de ser. Afinal, o Irã é o segundo importador de commodities agrícolas mato-grossenses e em 2018 respondeu por 7,57% das exportações de Mato Grosso.
No ano passado, o país persa comprou US$ 1,22 bilhão em frangos, milho e outros produtos. Esse volume foi 32,7% superior ao importado em 2017, que ficou em US$ 901,7 milhões.
O líder no mercado importador é a China. Em 2018 Pequim desovou US$ 5,42 bilhões nos bolsos do agronegócio mato-grossense respondendo por 33,5% das vendas externas da economia estadual.
A apreensão é por conta do que pode acontecer ao Irã, que importa 70% de sua alimentação e tem em Mato Grosso um grande fornecedor, mas também pela Arábia Saudita, que é importante parceiro comercial da economia mato-grossense.
Um cenário de guerra no Oriente Médio geraria efeito em cascata na economia mato-grossense. O agronegócio perderia mercado nos países diretamente envolvidos no conflito e seus vizinhos.
Além dos danos à economia agrícola mato-grossense, um conflito mexeria com o mercado mundial de combustíveis. Mesmo com o Brasil autossuficiente na produção de petróleo (2,731 milhões de barris/dia) e de gás natural (118 milhões de m³/dia), as injunções internacionais forçarão realinhamento de preços. Em isso acontecendo, com a retração na exportação e o aumento do custo de produção no campo, Mato Grosso seria duramente atingido sem disparar um tiro sequer e sem ser acertado pela artilharia em guerra.
Redação blogdoeduardogomes
FOTOS:
1 – Reuters
2 – Arquivo ilustrativo
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