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Jarudore, um trem bem maior

Jarudore no corredor da morte
Jarudore no corredor da morte

Mineiro é o líder da luta travada pelos moradores urbanos e rurais de Jarudore e essa condição o mantém permanentemente na estrada. Ora o destino é Cuiabá para se reunir com deputados estaduais. Ora é Brasília em busca de socorro junto à bancada federal. O trabalho de formiguinha é cansativo, mas gratificante. “A gente enfrenta um trem bem maior, bate cabeça e não sabe o que realmente acontece porque a Funai é um órgão acima do controle do Estado”, explica Mineiro.

O trem bem maior citado pelo líder é o plano de expansão das terras indígenas em Mato Grosso. “Eles não querem somente a área documentada de Jarudore. A coisa é bem mais abrangente e em breve cobrarão a posse de 100 mil hectares na região”, prevê Mineiro.

A área de 100 mil hectares citada por Mineiro é a base da sustentação da ação civil pública movida pelo procurador da República Mário Lúcio Avelar e pelo procurador federal representante da Funai, Cezar Augusto Lima do Nascimento, pedindo a reintegração de posse de Jarudore aos índios bororos.

Mineiro e a luta por Jarudore
Mineiro e a luta por Jarudore

A ação civil pública sustenta que em 1912 o Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon demarcou uma área de 100 mil hectares em Poxoréu para os bororos tendo-a denominado “São João de Jarudóri”. Mineiro questiona a fundamentação de Avelar e Nascimento. “Todas as áreas demarcadas pelo marechal Rondon foram catalogadas e incluídas à documentação do Serviço de Proteção ao Índio (SPI), a exceção dessa pelo simples fato de que a mesma nunca existiu”.

A tese de Mineiro procede. Afinal, se o Marechal Rondon tivesse demarcado a suposta área São João de Jarudóri a documentação da mesma não desapareceria jamais. Some-se a isso que o documento da criação da reserva Jarudore cita que a mesma foi desmembrada de área do Estado e não faz alusão àquela que seria São João de Jarudóri.

O temor sobre futura reivindicação de uma área de 100 mil hectares em Poxoréu e Rondonópolis para os bororos não é exclusivo de Mineiro. Na região, dentro e fora de Jarudore, produtores rurais temem que a Funai lance ofensiva para ocupar as margens do rio Vermelho em boa parte dos dois municípios.

MINEIRO – Ao citar um trem bem maior, o autor da frase revela sua origem. Daí o apelido Mineiro, que foi seu nome nas urnas quando disputou e venceu eleição para vereador por Poxoréu e presidiu a Câmara. Seu nome é Carlos Antônio do Carmo, pequeno produtor rural e comerciante em Jarudore – o distrito que está no corredor da morte pra ser demolido, riscado do mapa.

Redação blogdoeduardogomes 

FOTOS: blogdoeduardogomes

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