Boa Midia

Polo do agronegócio Nova Mutum celebra 31 anos

Nova Mutum completa 31 anos de emancipação
Nova Mutum completa 31 anos de emancipação
Nova Mutum completa 31 anos, neste 4 de julho e o site lhe rende reverência com este conteúdo extraído do livro Nortão BR 163: 46 anos depois publicado em 2016 pelo jornalista Eduardo Gomes de Andrade, sem apoio das leis de incentivos culturais.

Com 43.919 habitantes Nova Mutum é o 13º maior município de Mato Grosso, depois de Cuiabá, Várzea Grande, Rondonópolis, Sinop, Tangará da Serra, Cáceres, Sorriso, Lucas do Rio Verde, Primavera do Leste, Barra do Garças, Alta Floresta e Pontes e Lacerda.

Um certo lugar chamado Nova Mutum

 

Monumento aos casais agricultores e ao trator, que são os alicerces da cidade
Monumento aos casais agricultores e ao trator, que são os alicerces da cidade

Nova Mutum só se divide para dar passagem à BR-163. No mais, sua única operação matemática é a multiplicação. Em 10 anos (2006-2016) a população do município, com 9.544,574 km², saltou de 19.178 para 41.178 habitantes, resultando num crescimento proporcional de 53,43%. No mesmo período Mato Grosso pulou de 2.856.999 para 3.305.531 moradores, crescendo 13,57%. No comparativo do desempenho, Nova Mutum registrou quase quatro vezes mais aumento populacional do que o estado.

Nova Mutum em 2015
Nova Mutum em 2015

Como quase tudo no Nortão, Nova Mutum teve sua origem com a BR-163, que cruza sua área urbana. Antes da rodovia, em 1966, o advogado paulista José Aparecido Ribeiro liderou um grupo de investidores que comprou uma gleba pertencente a Jorge Rachid Jaudy, com aproximadamente 188 mil hectares no município de Diamantino e criou a Agropecuária Mutum.

Em 26 de maio de 1978, quando a BR-163 era uma estrada recém-inaugurada, José Aparecido fundou Nova Mutum. O vilarejo não tinha nenhuma estrutura. Seus primeiros imóveis foram 10 casas de madeira que ainda resistem ao tempo na área central.

Para quem se dirigia de Cuiabá para Santarém ou em busca do sonho de vida nova no Nortão, Nova Mutum era a primeira vila depois de Rosário Oeste. Muitos passavam. Alguns ficavam e o aspecto urbano mudou. Em 26 de novembro de 1981 o governador Frederico Campos sancionou a lei de autoria do deputado Oscar Ribeiro e aprovada pela Assembleia elevando a vila a distrito de Diamantino.

Em 4 de julho de 1988, quando os Estados Unidos comemoravam 212 anos de sua independência, fogos cobriam o céu azul em Nova Mutum festejando o jamegão do governador Carlos Bezerra na lei de autoria do deputado Hermes de Abreu e aprovada pela Assembleia que emancipou aquela localidade.

A comarca de primeira entrância nasceu em 3 de setembro de 2003 por uma lei de autoria do Tribunal de Justiça aprovada pela Assembleia Legislativa e sancionada pelo governador Blairo Maggi. A comarca foi elevada a segunda entrância.

Uma conjugação de fatores que inclui topografia, luminosidade, regularidade das chuvas e trabalho, muito trabalho, fez de Mutum um dos maiores municípios agrícolas do mundo. Em 2016 sua área cultivada com soja era de 410 mil hectares em sistema de rotação de culturas com o algodão e o milho safrinha em plantio direto.

Enquanto no campo os produtores alcançam números absolutos e de produtividade, no Distrito Industrial da cidade o setor agroindustrial dá show de produção. Uma planta da Bunge Alimentos esmaga 1,3 milhão de toneladas da leguminosa anualmente para produzir óleo degomado e farejo para os mercados nacional e internacional. Desde 2005 a BRF – Brasil FoodsPerdigão hasteou sua bandeira naquela localidade, onde desenvolve atividade avícola.

Escola na gleba Ranchão homenageia Padre João
Escola na gleba Ranchão homenageia Padre João

Na margem urbana da BR-163 o Frigorífico Excelência funciona, em turnos, integrado, com capacidade para abater 350 cabeças suínas por hora. A fábrica de sucos de uva Melina, de renome nacional, envasa cerca de 600 mil litros por safra. O Grupo Vanguarda do Brasil, controlado pelo empresário gaúcho Otaviano Pivetta, atua em vários estados; sua sede é naquela cidade.

A cidade tem um campus da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) com os cursos de Administração de Empresas, Ciências Contáveis a Agronomia. A pista do Aeroporto Brigadeiro Eduardo Gomes tem 1.600 metros por 30 metros, mas não conta com balizamento para voos noturnos. O padrão residencial é alto, os primeiros prédios já brotaram no antigo solo do cerrado e surgiu o primeiro condomínio fechado, mas o problema comum a quase todos os municípios de região não poupa Nova Mutum: falta rede de esgoto. A água chega a todas as torneiras. Rumo ao vizinho município de Santa Rita do Trivelato se situa a vila de Ranchão, que tem infraestrutura urbana.

Padre João (esq.) com o governador Blairo Maggi
Padre João (esq.) com o governador Blairo Maggi

PADRE JOÃOPadre João foi o precursor do cooperativismo mato-grossense, pois fundou o presidiu a Ocemat, o Sicredi e a Comajul. Isso tudo, entre uma celebração religiosa e outra, e uma assistência social aqui e outra ali, ao longo dos 42 anos que viveu em Mato Grosso.

Nascido na cidade de Bodenrode, na Alemanha, em 7 de julho de 1934, Johannes Berthold Henning ordenou-se sacerdote em Fulda, naquele país, em 24 de abril de 1962, e chegou ao Brasil em dezembro de 1967.

A pronúncia “Johannes” não soa bem e ele a aportuguesou para João, Padre João, nome com o qual se tornou conhecido nos quatro cantos de Mato Grosso.

Seus primeiros passos em Mato Grosso foram em Pedra Preta, na região de Rondonópolis, “por poucos dias; menos de um mês”, revela. Em seguida mudou-se para Juscimeira, onde celebrou a festa natalina de 1967.
O perfil agrário de Juscimeira é de pequenas propriedades e essa característica levou Padre João a criar a Comajul – cooperativa mista com sede naquele município. No início o cooperativismo fomentava o cultivo do arroz e para tanto montou um secador – que à época era raridade.

Logo depois da criação da Comajul, Juscimeira estava em ebulição em razão da luta pela terra. Padre João entrou em cena: em 1982 comprou uma área no município de Diamantino (hoje pertencente a Nova Mutum) e criou o Projeto Ranchão, que assentou trabalhadores rurais em parcelas de medidas diversas, cobrando preços irrisórios pelas mesmas. Para suporte a essa comunidade rural criou-se a vila de Ranchão.

FATALIDADE – O maior acidente rodoviário com vítimas indígenas aconteceu em 9 de abril de 2004 próximo a Nova Mutum. Uma van da empresa Executiva Tur que transportava um grupo de caiapós de Cuiabá para Colíder bateu de frente com um caminhão na BR-163. Morreram 10 índios e dentre eles Tedje Metuktire, 35, filho do cacique Raoni Metuktire, que vive no Nortão. O motorista Aparecido Jesus Saldotti, 43, que dirigia o caminhão, morreu no local.

Os índios vítimas do acidente regressavam de Brasília, onde participaram de um evento. Viajaram de avião até Cuiabá e cumpriam de carro o segundo trecho da viagem até Colíder, de onde partiriam para suas aldeias no Xingu.

Os colonizadores Ribeiro
Os colonizadores Ribeiro

COLONIZADORES –  Nova Mutum reverencia o casal de colonizadores Hilda Strenger Ribeiro e José Aparecido Ribeiro. Na área central, uma escultura em tamanho normal os mostra traçando o projeto urbano da cidade. Ela e ele emprestam seus nomes a escolas locais. José Aparecido Ribeiro é a denominação do parque de exposições do município, que é palco de uma da principais feiras agropecuárias mato-grossenses. 

 

Ana Tiemi
Ana Tiemi

Dona Tila fazia das tripas coração para manter a casa limpa, mas a poeira vermelha não dava trégua naquele vilarejo num canto perdido do município de Diamantino, à beira da quase deserta Cuiabá-Santarém, onde a malária era companhia constante , em meados dos anos 1980.

O lugar onde dona Tila vivia não tinha nenhuma estrutura, mas seus moradores sonhavam com o amanhã coletivo melhor. Uns cultivavam, outros abriam estabelecimentos comerciais, alguns prestavam serviços. Cada um se virava como podia. Tempos depois a vila deu lugar a uma linda cidade, sede de um principais municípios agrícolas do Brasil, Nova Mutum.

O sonho coletivo em Nova Mutum não tinha espaço para o esporte, principalmente para o vôlei, que exige quadra, treinamento diferenciado e até mesmo altura compatível para os atletas. No entanto, foi na área esportiva que a antiga vila conseguiu seu maior feito.

De sua seleção feminina de vôlei, Nova Mutum mandou para o mundo a genialidade da levantadora Ana Tiemi, filha de dona Tila e orgulho da cidade.

Ana Tiemi Takagui é a cara de Nova Mutum. Nova, ousada, bonita, vencedora, respeitada e admirada. Sua mãe, Cleneci Onghero Takagui ou simplesmente dona Tila, é catarinense; o pai Toshio Takagui, é nissei paulistano. Em épocas diferentes trocaram seus estados de origem por Nobres, cidade no ponto equidistante entre Cuiabá e Nova Mutum, e ali se casaram.

Em 1985, o casal Takagui deixou Nobres por Nova Mutum, onde nem a poeira nem a malária impediram que dona Tila e Toshio gerassem aquela que mais tarde seria a maior estrela do vôlei de Mato Grosso e uma das principais do Brasil. Quando a menina nasceu não havia hospital em Nova Mutum e a saída foi uma maternidade na cidade onde os pais se conheceram e se casaram.

A poeira cedeu lugar ao asfalto. A cidade ganhou qualidade de vida e o casal Takagui criou seus filhos em paz. Ana Tiemi alcançou a idade escolar e foi matriculada na Escola Municipal Carlos Drummond de Andrade, onde conheceu e se apaixonou pelo vôlei.

A mãe de Ana Tiemi continua em Nova Mutum com parte da família. Desde 2005 o pai, Toshio, é um rosto a mais na multidão dos dekasseguis que fizeram o caminho inverso de seus ancestrais, e igual a eles, foi em busca do sonho da realização profissional que tanto pode estar de um como do outro lado do mundo.

Jogando vôlei pela Seleção de Vôlei de Nova Mutum, o talento de Ana Tiemi despertou interesse do Colégio Afirmativo, em Cuiabá, que a levou para sua equipe. Daí, os passos seguintes foram em direção a uma certa camiseta amarela respeitada no mundo inteiro.

Pela Seleção Brasileira Infanto-Juvenil, na Venezuela, faturou duas importantes conquistas: o Sul-Americano e o título de melhor levantadora. Sua trajetória a levou à Seleção Juvenil e à medalha de ouro no Mundial da Turquia. Incorrigível ganhadora de medalhas e títulos, Ana Timei botou na galeria de suas conquistas o Grand Prix, disputado no Japão, que deu ao Brasil seu octacampeonato nessa competição.

Nova Mutum, Cuiabá, Mato Grosso, Minas Tênis Clube, Osasco/Nestlê, Brasil, Turquia, França, pelas quadras mundo afora. O planeta é pequeno para Ana Tiemi, a musa morena nipo-brasileira que é a pedra angular da Seleção Brasileira de Vôlei.

Eduardo Gomes – blogdoeduardogomes – texto do livro 

FOTOS (do livro)

1 , 2 e 3 – Alex Pereira

4 e 5 – Governo de Mato Grosso

6 – Eduardo Gomes

7 – CBF

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